AVISO

OS COMENTÁRIOS, E AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS
NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO ADMINISTRADOR DO "Pó do tempo"

Este blogue está aberto à participação de todos.


Não haverá censura aos textos mas carecerá
obviamente, da minha aprovação que depende
da actualidade do artigo, do tema abordado, da minha disponibilidade, e desde que não
contrarie a matriz do blogue.

Os comentários são inseridos automaticamente
com a excepção dos que o sistema considere como
SPAM, sem moderação e sem censura.

Serão excluídos os comentários que façam
a apologia do racismo, xenofobia, homofobia
ou do fascismo/nazismo.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

OLHÓ AVANTE ! - SÓ? NÃO! PORQUÊ?





Só? Não! Porquê?

O Governo decidiu aumentar o preço dos transportes públicos em 1,5 por cento. E logo sublinhou: só 1,5 por cento, que é a taxa prevista de inflação para 2017. E aquele «só», ali colocado para contrastar com as práticas do anterior governo, quer dar a entender estarmos perante a inversão dum caminho, uma mudança de rumo face a políticas anteriores, ou quer simular uma certa naturalidade, afinal é só a taxa de inflação (quando nas empresas os trabalhadores exigirem os aumentos salariais de 2017 veremos como Governo, patrões e comunicação social deixarão de considerar naturais quaisquer aumentos).

Ora este aumento de preços não é mais do que o consolidar dos aumentos brutais impostos pelo anterior governo. Em 2017, os passes e bilhetes estarão 25 por cento mais caros do que em 2011 para a generalidade da população e quase 100 por cento mais caros para os reformados e estudantes (pelo efeito duplo do aumento do preço e da redução do desconto). Mas nem os salários (nem dos que produzem nem dos que utilizam o serviço) subiram 25 por cento nem as pensões subiram 100 por cento, antes pelo contrário!

Consequência destes aumentos brutais e das não menos brutais reduções na oferta, milhões de passageiros abandonaram o sistema e os transportes públicos degradaram-se, bem como o acesso das populações à mobilidade.

Ora, como o PCP defendeu, a única solução é uma redução significativa do preço dos bilhetes e dos passes e a reposição dos descontos de 50 por cento para reformados, jovens e estudantes. Nada justifica a manutenção do actual nível dos preços, que são um obstáculo à socialização dos transportes públicos.

E se mal andou o Governo quando tomou esta opção de consolidar os aumentos decretados pelo governo PSD/CDS, pior ficou quando o fez sem cumprir sequer os procedimentos legais exigíveis, nomeadamente de aviso prévio aos utentes e de articulação com outras entidades. O Governo quis falar sem resposta, para que aquele seu «só» entrasse casa a dentro, e por lá andasse com naturalidade até à data da compra do passe, e nunca corresse o risco de ser atropelado por todos os «porquês» que utentes, trabalhadores e autarquias iriam levantar de imediato. Mas o protesto e a luta são inevitáveis. E necessários.

Manuel Gouveia 

www.avante.pt

Sem comentários: