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sábado, 31 de dezembro de 2016

O Império Diabólico do Ku Klux Klan


Nascido no imaginário de alguns oficiais sulistas ociosos, o sinistro Ku Klux Klan, tolerado durante muito tempo, incarna os demónios racistas e homicidas da América branca e puritana.
Na véspera do Natal, dia 24 de Dezembro de 1865, em Pulaski, no Estado do Tennessee, os veteranos James Crowe, Frank McCord, Calvin Jones, John Kennedy, John Lester e Richard Reed, criam uma associação de irmãos de armas cujo nome, em forma de altercação misteriosa, retoma o nome grego «kuklos» (círculo) associado ao latim «lux» (luz). Esta associação recebe o nome de Ku Klux Klan.

Durante cavalgadas nocturnas, estes homens percorrem a cidade, vestidos com lençóis brancos e máscaras pontiagudas, mostrando apenas os olhos.
O disfarce sugere o regresso dos soldados confederados mortos durante a Guerra da Sucessão.

Movidos pelo racismo, os cavaleiros-fantasmas tem como objectivo
assustar a população negra, considerados responsáveis pela derrota
dos confederados e pela crise económica que atinge a região do sul.

Rapidamente, as cavalgadas espalham-se pelas cidades de outros Estados: Alabama, Geórgia e Mississípi, hostis ao poder federal dos nortistas responsáveis pela abolição da escravatura. Os clansmen tornam-se cada vez mais agressivos, multiplicando as expedições punitivas, as pilhagens e as vinganças pessoais, em nome da superioridade da raça branca. Em pouco anos, o Império do Ku Klux Klan reúne perto de 500.000 membros, tornando-se difícil controlá-los.

Além de divertirem-se com os aterrorizados negros, esta sinistra associação também atacava brancos que protegiam os negros, principalmente os professores que leccionavam em escolas para negros, temendo que os negros se instruíssem, tornando impossível a volta à escravidão. Além da prática racista, os klanistas faziam visitas surpresas aos negros, obrigando-os a votar nos democratas, acompanhadas de algumas chibatadas.

Em consequência dos excessos, o grupo foi posto na ilegalidade em 1871 pelo então presidente dos Estados Unidos Ulysses Grant. Nesse mesmo ano, o Senado vota uma lei, Anti-Ku Klux Klan Bill que leva o general Nathan B. Forrest, antigo mercador de escravos e Grande Mago do Império dos Fantasmas, a proclamar a dissolução da sua sinistra organização. A Ku Klux Klan é dissolvida, deixando atrás de si, mais ou menos, cerca de 4600 vítimas negras.

O nascimento de uma Nação
Em 1915, o cineasta D. W. Griffith dirigiu um filme intitulado "O nascimento de uma nação", baseado no romance e na peça "The Clansman", ambas de Thomas Dixon, Jr. O filme relata as vidas de duas famílias durante a Guerra de Secessão e a subsequente Reconstrução dos Estados Unidos: os Stonemans, nortistas pró-União e os Camerons, sulistas pró-Confederação. O assassinato de Abraham Lincoln por John Wilkes Booth é dramatizado no filme.

VÍDEO

O filme foi um enorme sucesso comercial, mas foi altamente criticado por retractar os afro-americanos
(interpretados por actores brancos com as caras pintadas de negro) como ignorantes e sexualmente
agressivos em relação às mulheres brancas, e também por apresentar a Ku Klux Klan como uma força
heróica. O filme é creditado como um dos responsáveis pelo ressurgimento da Ku Klux Klan.

A segunda ordem nasce então numa noite de Inverno de 1915, nas mãos de um antigo pregador metodista, o reverendo William Joseph Simmons, em Atlanta. Motivados pela película, vários racistas se reuniram e retomaram a seita, usando todos os meios para atiçar o ódio contra os negros, fustigando os judeus, os católicos, os pacifistas ou os bolchevistas, assim como os sindicatos e todos cuja moral lhes parece ímpia. Uns são considerados responsáveis pela corrupção dos costumes, outros são suspeitos, a começar pelo Papa, de querer comandar o país.

Este grupo foi criado como uma organização fraternal e lutou pelo domínio dos brancos protestantes sobre os negros, católicos, judeus e asiáticos, assim como outros imigrantes. Este grupo ficou famoso pelos linchamentos e outras actividades violentas contra seus inimigos. Chegou a ter 4 milhões de membros (outros dizem serem 5 milhões) na década de 1920, incluindo muitos políticos. O Ku Klux Klan torna-se então, numa enorme máquina financeira que enriquece os dirigentes. A partir do palácio imperial de Atlanta, o Imperador e os seus comparsas orquestram a repartição das quotas: em cada 10 dólares, 4 dólares vão para o recrutador, 6 dólares para o Klan. Em poucos anos, só as despesas de propaganda atingem 35 milhões de dólares.
Marcha de integrantes da Ku Klux Klan em Washington, DC em 1928.

Pouco a pouco, a implementação política do klan ganha terreno: 11 governadores e vários senadores são iniciados.
Novamente instalada em Washington, a organização faz uma demonstração de força ao fazer desfilar 30.000 cavaleiros nas ruas da capital federal.

Uma organização esotérica-sectária
A organização Ku Kux Klan baseia-se num programa que era acompanhado de um ritual que mistura a iniciação cavaleiresca, religião e o esoterismo barato. A direcção da Ordem pertence ao Feiticeiro Imperial ou ao Imperador, apoiado pelo Klonvocatória Imperial, composta pelos kloppers. Cada Estado é governado por um Grande Dragão; cada distrito por um Grande Tirano; cada província por um Grande Gigante. Juntam-se-lhe os graus de Ciclope, Fúria e Vampiro. Uma linguagem secreta une os iniciados: os dias e os meses são baptizados de Mortal, Tenebroso, Terrível, Furioso. Os Clansmen reúnem-se em Covis ou Cavernas, onde preparam as investidas sangrentas, vestidos com os uniformes brancos com uma cruz de Santo André vermelha ao peito.

Cruz sendo queimada, actividade introduzida por William J. Simmonk, o fundador da segunda
Klan em 1915.

Os candidatos 100% norte-americanos, nascidos nos Estados Unidos, brancos e protestantes, são recebidos de noite, diante de uma cruz alta, incendiada, que ilumina um altar envolto numa bandeira estrelada e sobre o qual estão colocados uma Bíblia aberta e um punhal. Aí, rodeados por uma multidão de homens encapuçados que rezam pela salvação do Imperador, respondem a um questionário para depois prestarem um juramento, no final do qual lhes dizem: «Lembrai-vos sempre de que a fidelidade ao juramento prestado é honra, vida, felicidade, e de que a sua transgressão, pelo contrário, significa vergonha, infelicidade e morte». O Grande Ciclope baptiza-os com um pouco de água vertida sobre a testa e os ombros, pronunciando a seguinte fórmula: «in mind, in body, in sirit and in life». Depois de integrados no grupo dos clansmen, podem desde logo, participar nos crimes dos vingadores de direito.

O fim do Ku Klux Klan
Entretanto, as suas vítimas eram marcadas com três letras K na testa. A perda de respeitabilidade da Ku Klux Klan devido aos métodos brutais, ilegais ou meramente arbitrários, e as execuções sumárias de inocentes, unidas as divisões internas, levou à degradação de seu prestígio, apesar de a organização continuar a realizar expedições punitivas, desempenhando, por exemplo, o papel de supervisora de uma agremiação de patrões contra os sindicalistas, cuja cota estava em alta depois da crise de 1929.

Na década de 1930, o nazismo exerceu uma certa atracção sobre a Ku Klux Klan. Mas na Segunda Guerra Mundial, depois do ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, os klans cortaram as relações com os alemães. Muitos membros se alistaram no exército para lutar contra o "perigo amarelo". Em 1944, o serviço de contribuições directas cobrou uma dívida da Klan, pendente desde 1920. Incapaz de honrar o compromisso, a organização morreu pela segunda vez. O clã foi perdendo forças, alguns integrantes foram amadurecendo, e a mentalidade foi mudando até que o clã se desfez novamente. A popularidade do grupo caiu durante a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, já que os Estados Unidos se posicionaram ao lado dos aliados, que eram contrários às ideias totalitárias, extremistas e racistas, como as nazis.

A tentativa do ressurgimento do Klan
Após a Segunda Guerra Mundial, apesar de ter perdido muitos adeptos, a organização goza de simpatia de muitos americanos cuja xenofobia é reavivada devido à chegada de novos imigrantes. Na década de 1950, a promulgação da lei contra a segregação nas escolas públicas despertou novamente algumas paixões, e cruzes se acenderam. Seguiram-se batalhas, casas dinamitadas e novos crimes (29 mortos de 1956 a 1963, entre eles 11 brancos, durante protestos raciais). Os klanistas tentaram se reciclar no anticomunismo, combatendo os índios ou atenuando seu anticatolicismo fanático. Em 1966, o Klan que conta com perto de 60.000 membros, é finalmente proibido.

A Ku Klux Klan entra para a história negra da América, denunciada em 1989, no filme de Alan Parker, "Mississípi em Chamas, 1964".

VÍDEO

Mississipi, 1964. Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), dois agentes do
FBI, investigam a morte de três militantes dos direitos civis numa pequena cidade onde a segregação
divide a população em brancos e pretos e a violência contra os negros é uma tónica constante.

Nos dias actuais, alguns racistas ainda se reúnem em grupos, promovendo a superioridade dos arianos. Mas em termos de contingente, não se compara com o auge do clã, no século XIX.

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