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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A HISTÓRIA DO BLUES

A história do Blues

 
O Blues no início representava a expressão cultural através da música de uma minoria. Sua origem está essencialmente ligada a população negra americana. 
Com simplicidade, sensualidade, poesia, humor e ironia, o Blues pode ser visto como um reflexo das qualidades e as atitudes dos negros Americanos por mais de um século. A definição e o mais importante  sobre o Blues é seu significado além da música, que é uma referência a um estado de espírito. Mas a expressão "O Blues" (The Blues) não  se popularizou antes do término da Guerra Civil Americana, quando sua essência passou a ser vista como um meio de descrever o estado de espírito da população afro-americana. Costumava-se dizer que os negros cantavam este tipo de música para tentar se verem livres da tristeza (blues).Muitos sabem que o Blues teve como berço o Delta do Mississipi, no entanto, a grande maioria pensa que foi nas vizinhanças de Nova Orleans. Errado: este foi o berço do jazz. O Delta que os bluesmen se referem, como uma espécie de país místico, é o delta lamacento do rio Yazoo, que junta sua águas às do rio Mississipi nas proximidades de Vicksburg, região de inundações onde camadas de lama vão se depositando a cada primavera.        
                                                                                                                     
Esta região possuía terras ricas para o plantio de algodão, e por isso, ali vivia uma densa população afro-americana, que servia como mão-de-obra escrava das lavouras.Para aliviar o sofrimento e amenizar o trabalho nos campos, os escravos desenvolveram os cantos de trabalho (work songs) que se tratavam de lamentos em forma de gritos melancólicos ritmados pela enxada, martelos e machados. Como não podiam tocar nenhum instrumento, pois os brancos receavam que fosse usado como códigos, incitando à rebelião, a voz se tornou o principal – senão o único – instrumento musical dos negros.

Com a abolição da escravatura, prevaleceu o regime de semi-escravidão, sendo os meeiros vilmente explorados pelos brancos proprietários. No entanto, a pouca liberdade concedida foi suficiente para o contato com a música e o surgimento das juke joints, também conhecidas como barrelhouses, que eram casas noturnas onde se vendiam bebidas clandestinas e tinham um palco tosco para apresentação dos músicos locais.
A partir de então, o blues começou a tomar forma e se popularizar. Foi quando surgiram grandes nomes e artistas como Robert Jonhson, considerado por muitos o verdadeiro rei do blues do Delta.

O estilo veio de uma região na parte sul do Mississippi, romanticamente denominada "O lugar onde o blues nasceu". Foi o primeiro estilo que pôde contar com a gravação de suas músicas por parte de indústrias fonográficas. Embora muitos artistas do Delta tocassem com uma banda, poucos gravaram desta maneira. A maioria das gravações entre 1920 e 1930 consiste em trabalhos solo, com acompanhamento apenas de violão.

Iniciada com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, a crise econômica norte-americana se transformou na Grande Depressão nos anos 30, afetando toda a economia mundial.
Com isto, as lavouras de algodão do Delta do Mississipi também entraram em uma forte crise, o que ocasionou uma verdadeira fuga dos negros dos campos, numa migração em massa rumo às grandes cidades do Norte. Chicago se tornou a terra prometida pela necessidade de mão-de-obra nas fábricas e pelas favoráveis condições ao blues.

A Highway 51 e a 61 foram as principais rotas adotadas pela migração. Os trens e trilhos corriam como sangue nas veias do blues. A ferrovia não era um mero meio de transporte, era quase um veículo mágico que leva o negro a transcender a sua condição. Viagem, união e separação: o trem adquiriu no blues uma dimensão mitológica, sendo imitado por vários músicos, principalmente pelos gaitistas da época.

Nos anos quarenta, o coração do Blues mudou-se para a região sul de Chicago. Lá surgiram grandes nomes como Elmore James, Willie Mabon, Jimmy Rogers, Sonny Boy Williamson, Otis Spann, Willie Dixon, Muddy Waters e Howlin’ Wolf. Entre as canções mais representativas deste período podem ser destacadas Hoochie Coochie Man, Mannish Boy, Sloppy Drunk e Don’t Start Me Talkin.

Foi criado por volta de 1940/1950, amplificando o Delta Blues. Adicionou-se bateria, contra-baixo e piano (às vezes saxofone), criando o que conhecemos hoje como "blues band" (banda de blues). O estilo deu origem às batidas de rock e ao ritmo do funky music nos anos 80 e 90.

Alguns Artistas Importantes: Buddy Guy, Willie Dixon, Little Walter, Elmore James, B. B. King, Sonny Boy Williamson II, Junior Wells, Muddy Waters, Howlin' Wolf, Jimmy Rogers, Magic Sam, Otis Rush.

Com o surgimento de fábricas e empregos em outros lugares do país atraíram os negros e que levaram consigo o Blues, difundindo o estilo pelo resto dos EUA. O Blues começava a se espalhar por toda a América do Norte e dois estados específicos, fizeram um bom dever de casa: Texas e Califórnia. Os blues-man nascidos nestes estados geralmente são famosos (exemplo Stevie Ray Vaughan do Texas), e as músicas, bem conhecidas.

 O Texas Blues nasceu na metade dos anos 20, possuía as tradições do Country Blues, porém  o violão mais do que mero acompanhamento, era uma extensão do vocal. Outro estágio do Texas Blues veio depois da Segunda Guerra Mundial, trazendo um estilo totalmente elétrico.

            O apesar de ser mais influenciado pelo Blues do Texas, a costa oeste, onde surgiu o Blues da Califórnia, incorporou uma grande variedade de estilos. Pessoas quem vinham do Texas, Oklahoma, Louisiana, e Arkansas, para trabalharem nos campos e nas fábricas, durante e após a Segunda Guerra Mundial, trouxeram consigo o blues da região que viviam. E, nesta mistura de raízes diferentes, dentro do mesmo estilo, formou-se o Blues da Califórnia.
Este bloco é dedicado então aos estilos de Blues do Texas que tem como principais representantes: Bobby "Blue" Band, Albert Collins, Lightnin' Hopkins, Blind Willie Johnson, Stevie Ray Vaughan, Lowell Fuson, Freddie King, T-Bone Walker, Clarence Gatemouth Brown e Blind Lemon Jefferson.  E dedicado também ao blues da Califórnia, que é fortemente representado por: The Ford Blues Band, Rod Piazza, Andy Just, entre outros.

Blues Contemporâneo

            O blues moderno carrega consigo a tradição do blues antigo misturado ao som da guitarra elétrica. Muitas bandas em meados dos anos 60 começaram a adotar este estilo, principalmente bandas inglesas como John Mayall & The Bluesbreakers e The Cream.

            O Blues elétrico é o mais conhecido dentre todos os outros estilos, pois conta com um plantel de artistas renomados e músicas bastante conhecidas. Bandas com Led Zeppelin, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Rolling Stones, Yardbirds, Allman Brothers e até Pink Floyd tiveram suas raízes bem bluseiras, imortalizando a influência do Blues para variados estilos musicais.

O destaque para uso da guitarra elétrica agressiva e distorcida baseada em raízes bluseiras vai para o imortal Jimi Hendrix, um dos mais famosos ícones do instrumento.

Surgiram então guitarristas junto com Hendrix, que se tornaram verdadeiros “reis” da guitarra, como Eric Clapton, Jimi Page e Jeff Beck, o trio de guitarras mais conhecido no mundo e que inclusive já gravaram juntos no grupo sessentista “Yardbirds”.

Alguns Artitas (e Bandas) Importantes: Albert Collins, Little Milton, B.B.King, Stevie Ray Vauhghan, Roy Rogers, Jimi Hendrix, Johnny Winter, Robert Cray, Clarence Gatemouth Brown, Freddie King, John Mayall, James Cotton, Luther Allison, Canned Heat, Taj Mahal, ZZ Top, Rolling Stones, Yardbirds, Derek & The Dominos, Jeff Beck Group.



Sugestão de filmes: 


  •  “A Encruzilhada”, que é um belo tributo às raízes do blues. Direção de Walter Hill;
  •  documentário "Martin Scorsese Presents the Blues: A Musical Journey", Com Martin Scorsese como mentor e produtor executivo;
  • Cadillac Records (2008, dirigido por Darnell Martin);
  • garanhunshistoria.blogspot.pt

UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE O BLUES



O blues nasceu no sul dos Estados Unidos quando os escravos transformaram a sua dor em música e verso. É puramente americano e apesar de receber alguma influência da cultura européia e africana, não existem vínculos diretos, sendo fruto da mistura de ambas as culturas. Algo especial e completamente diferente de qualquer tradição que possa ser encontrada nesses continentes, embora o pesquisador americano Alan Lomax (1915 – 2002) tenha encontrado alguns exemplos de canções bem parecidas no Noroeste de África, particularmente entre o Wolof e Watusi. A palavra “blue” foi associada à idéia de melancolia ou depressão desde a era da rainha Elizabeth. O termo "blues", como está agora definido, foi creditado ao escritor americano, Washington Irving, em 1807.

A história da tradição musical do blues é narrada oralmente e quase que unicamente por negros, desde os 1860s. A música africana e européia se fundiram para criar o que eventualmente se tornou o primeiro blues, quando os escravos começaram cantar canções cujas palavras contavam o extremo sofrimento e privação em que viviam. Era o "field holler" (grito do campo), uma forma de resposta para aquele ambiente opressivo. O "field holler" deu origem ao espiritual e ao blues. Alan Lomax define assim este momento: "celebridade entre todas as obras de arte humanas para o desespero profundo... Eles deram voz ao sentimento de alienação, sem regras e normas, que prevalecia nos acampamentos de construção do Sul". Isto se deu no *Delta de Mississipi, onde freqüentemente os negros eram recrutados à força para trabalharem no campo sob maus tratos até serem descartados por invalidez ou morte.

Lomax declara que o blues, tradicionalmente, era considerado uma disciplina masculina. Apesar de alguns dos primeiros blues ouvidos por brancos serem cantados por "ladies blues singers" (cantoras) como o Mamie Smith e Bessie Smith, não se encontravam muitas mulheres negras cantando blues nos juke-joints (também conhecidas como barrelhouses, que eram casas noturnas onde se vendiam bebidas clandestinas e tinham um palco tosco para apresentação dos músicos locais.). As prisões Sulistas também contribuíram consideravelmente para a tradição do blues com canções que falavam do trabalho, da fila da morte, assassinato, prostitutas, o diretor, o sol quente, e centenas de outras privações. Entre os presidiários que trabalhavam nas estradas e os grupos de trabalhadores rurais encontraram-se muitos bluesmen, com suas canções, onde muitos outros negros simplesmente ficaram familiarizados com as mesmas canções.

Seguindo a guerra civil como uma pedra rolante, o blues surgia como um destilado da música africana trazida por escravos. Field hollers, baladas, música de igreja e melodias de dança rítmicas chamadas de jump-ups evoluíram em uma música repentista de um cantor e seu violão. Ele cantava uma linha, e o violão respondia em seguida. Convém lembrar que o violão não desfrutou popularidade difundida com músicos de blues até a virada para o século XX. Até então, o banjo era o instrumento do blues primário. Antes dos 1890s o blues fora cantado em muitas das áreas rurais do Sul. E por volta de 1910, a palavra “blues” como é aplicado à tradição musical, estava em uso e já era bastante comum.

Alguns “blueslogistas” reivindicam (duvidosamente), que o primeiro blues publicado foi “Dallas Blues”, em 1912, escrito por Hart Wand, um violinista branco da cidade de Oklahoma. Mas o formato do blues foi primeiramente popularizado por volta de 1911 - 14 pelo compositor negro W. C. Handy (William Christopher Handy 1873-1958). Porém, a forma poética e musical do blues se cristalizou inicialmente ao redor 1910 e ganhou popularidade pela publicação de “Memphis Blues” (1912) e “St. Louis Blues” (1914), ambas de autoria de Handy. Blues instrumentais tinham sido registrados já em 1913. Mamie Smith gravou a primeira canção de blues vocal, “Crazy Blues” em 1920.




Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) esse tipo de música foi segregado dentro das tropas americanas através de soldados sulistas que tinham sido expostos a ela. E já nos anos vinte, o blues se tornou uma moda nacional. Foi quando surgiram as primeiras gravações que imortalizaram artistas como Robert Jonhson, Charley Patton e Blind Lemmon Jéferson, Mas por uma ironia do destino, dentro de um meio predominantemente masculino, quem fez sucesso mesmo foram as "ladies blues singers". Os discos gravados por divas como Bessie Smith e, pouco depois, Billie Holiday venderam aos milhões. Ainda neste período, o blues ganhou uma popularidade maior também entre os músicos de jazz.



Na passagem das décadas de 30 e 40 ele se esparramou em direção ao norte com a migração de negros sulistas e acabou sendo introduzido no repertório das big bands. Foi por aí que começou também a eletrificação do blues com a introdução da guitarra elétrica. Em algumas cidades do norte como em Chicago e Detroit, ao final dos anos 40 e início dos 50, guitarristas como Muddy Waters, Willie Dixon (este era baixista), John Lee Hooker, Howlin' Wolf, Elmore James e outros tantos cantavam o que ficou conhecido como Mississippi Delta Blues, acompanhados por baixo, bateria, piano e, ocasionalmente gaita, começando a emplacar hits nacionais com canções de blues. Ao mesmo tempo T-Bone Walker, em Houston, e B.B. King, em Memphis, eram os pioneiros de um estilo de tocar guitarra que combinava as técnicas do jazz com as tonalidades do blues em seus repertórios.

No início da década de 60 o bluesmen urbano foi “descoberto” por jovens músicos brancos americanos e europeus. Muitas dessas bandas baseadas em blues como Paul Butterfield Blues Band, The Rolling Stones, The Yardbirds, John Mayall's Bluesbreakers, Cream, Canned Heat, and Fleetwood Mac levaram esse som para uma audiência de jovens brancos, coisa que os artistas negros de blues não puderam fazer na América, a não ser através de covers dos ritmos negros furtados pelos brancos. Desde aquela época até hoje, o rock tem assistido a vários revivals. Alguns dos grandes guitarristas de rock como Eric Clapton, Jimmy Page, Jimi Hendrix, e Eddie Van Halen usaram o blues como base no aperfeiçoamento de seus estilos.
Tradução do texto original de Robert M. Baker encontrado no site The Blue Highway








Agora eu gostaria de acrescentar aqui algo que Robert Baker tentou dizer, mas não conseguiu com muita propriedade: é que essa apropriação branca da música negra acabou sendo de certa forma benéfica aos negros que depois acabaram ganhando o crédito devido. Não sou nenhum Dr. ou Prof., mas acompanhei bem os anos sessenta, sou bom observador e na minha impressão, o preconceito americano foi uma forte barreira para que a música negra chegasse aos brancos, em especial ao público jovem. No entanto, na Europa, embora também houvesse o preconceito racial, isso não foi empecilho para que Chuck Berry, Robert Johnson, Leadbelly, Sonny Boy Williamson e tantos outros fossem reconhecidos como grandes talentos e influenciassem músicos como Eric Burdon, Rory Gallagher, Brian Jones, Ian Anderson, Alvin Lee, Ritchie Blamoore e outros nomes aqui citados. A bem da verdade, o blues precisou cruzar o Atlântico para revolucionar a música, tornando-se popular entre o público branco e só então, retornou consagrado aos Estados Unidos, para desta vez, ter reconhecido seus verdadeiros heróis!


*Muitos sabem que o Blues teve como berço o Delta do Mississipi, no entanto, a grande maioria pensa que foi nas vizinhanças de Nova Orleans. Errado: este foi o berço do jazz. O Delta que os bluesmen se referem, como uma espécie de país místico, é o delta lamacento do rio Yazoo, que junta sua águas às do rio Mississipi nas proximidades de Vicksburg, região de inundações aonde camadas de lama vão se depositando a cada primavera. Esta região possuía terras ricas para o plantio de algodão, e por isso, ali vivia uma densa população afro-americana, que servia como mão-de-obra escrava das lavouras. (Fred Cardoso e Lucas Scarascia - 
boogiewoody.blogspot.pt


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