Elisa Costa trabalha numa IPSS a que a Câmara deu o negócio dos ATL. Salário aumentou de 475 euros em 2010 para 2300 em 2015. Autarca diz que começou a "campanha negra para as autárquicas"
Há uma denúncia no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto sobre as ligações familiares existentes entre três IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) e a Câmara de Gaia, avança hoje o Público. O jornal escreve que a mulher do presidente da autarquia foi aumentada 390% em cinco anos e refere os vários casos existentes.
"Familiares diretos do presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, e do vice-presidente, Patrocínio de Azevedo, a adjunta da presidência e autarcas de juntas de freguesia, todos com responsabilidades políticas no PS, integram a direção de três das principais instituições de solidariedades social do concelho, a quem a autarquia entregou o negócio dos Ateliers de Tempos Livres (ATL) nas escolas, que eram geridos pelas associações de pais", escreve o Público.
Elisa Costa, mulher do presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues, é vice-presidente da assembleia geral na Sol Maior e diretora técnica desta IPSS, cofundada pelo marido há nove anos. Entre 2010, quando ali iniciou funções, e 2015, o seu salário base sofreu um aumento de 390%, diz o jornal, especificando que passou de 475 euros para 2.343,71 euros. Segundo o Público, Elisa Costa teve dois aumentos salariais em 2014 e outros três em 2015.
Questionada pelo jornal, a mulher do presidente de Gaia começou por negar os aumentos, tendo depois considerado que estes eram normais e decorrentes das responsabilidades que foi assumindo. Já o autarca, Eduardo Vítor Rodrigues, afirmou ao Público que os dois aumentos de 2014 resultam de "uma atualização anual remuneratória de acordo com a tabela das IPSS e o seu índice de atualização, cumulativamente a uma condição de "isenção de horário" devido ao tempo de trabalho fora de horas, nunca tendo beneficiado de remuneração de "trabalho extraordinário"".
Elisa Costa é ainda coordenadora do Programa Gai@prende+, um projeto que a IPSS desenvolve nas escolas e jardins de infâncias de algumas freguesias, uma parceria entre a Sol Maior e a Câmara. O autarca nega qualquer favorecimento, mas o Público refere que "por sua iniciativa, a câmara entregou ainda a coordenação técnica do Programa de Contratos Locais de Desenvolvimento Social (CLDS+) à mesma IPSS".
Além das declarações dadas ao Público, Eduardo Vítor Rodrigues já comentou a história no Facebook, onde publicou a declaração de rendimentos que entregou no Tribunal Constitucional e onde diz que "não se compara o vencimento de uma pessoa usando o tempo em que esteve a meio-tempo e o tempo em que passou ao quadro, com vencimento da tabela da Segurança Social " e que "não se compara o vencimento de uma pessoa usando o mês do subsídio de férias".
Para o autarca esta história marca o início da "campanha negra para as autárquicas".
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