O Congresso que renovará a liderança de Jerónimo de Sousa arranca esta sexta-feira, 2 de Dezembro, em Almada e é o primeiro desde que o PCP deu a mão ao PS para formar Governo. Numa entrevista ao jornal Público, o secretário-geral dos comunistas diz-se "profundamente convicto" de que este congresso será "de unidade, de afirmação e de coesão".
Num contexto de algumas, ainda que tímidas, críticas internas, Jerónimo de Sousa comenta que "é bom que surjam, porque não somos perfeitos nem criámos aqui uma situação intocável". E questiona mesmo: "Então não existem razões de descontentamento perante insuficiências, dificuldades? E, se se expressarem no congresso, eu acho que não vem mal ao mundo". Jerónimo comentava desta forma as afirmações do comunista Miguel Urbano Rodrigues, que num texto recente no jornal Avante, dizia que o PCP, na análise que faz da situação política, cedia nos seus princípios.
Jerónimo sublinhou que o PCP defende "em termos programáticos uma política patriótica e de esquerda e um governo capaz de a concretizar, uma democracia avançada como outra etapa". Sobre o acordo com o PS, diz: "O PCP não cede nem confunde" e acrescenta: "Não houve nenhum acordo para um Governo de esquerdas, para um acordo interparlamentar. Não. Existe uma nova realidade, uma nova relação de forças na Assembleia da República".
E, nesse contexto, e como o PCP considera que "os compromissos não se rejeita, no abstracto", assumiu um compromisso que "significaria criar melhores condições para os trabalhadores e para o nosso povo", mas que "não amarra" em relação à sua "independência e autonomia".
"Este não é o nosso Governo"
Aos microfones da Antena 1, João Oliveira, líder parlamentar do PCP, foi mais directo. O Congresso, deverá "definir orientações para os quatro anos seguintes em função dos nossos objectivos e da realidade em que tempos de intervir", explicou. E quanto ao actual momento político que o País atravessa, acrescentou que não deverá condicionar os trabalhos: "As exigências que se nos colocam na definição do caminho que temos de trilhar para atingirmos os nossos objectivos de construção de uma sociedade socialista em Portugal vão muito para lá do que é a actual solução política em Portugal."
Relativamente ao actual Governo suportado à esquerda no Parlamento? João Oliveira reconhece que "esta não é a solução política pela qual o PCP se tem batido. É a solução política possível no quadro de relações de força que existam", mas "o PCP não se bate para que haja um governo do PS".
E lembra as linhas que separam os dois partidos: "Muitas destas limitações que enfrentamos e resultam de opções do PS, não permitem que esta seja a nossa solução política. O problema do tratado orçamental e de todos os condicionamentos da UE, o problema de não renegociar a dívida, resultam de opções do PS e portanto não podem fazer desta política nem deste Governo o governo do PCP".
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