Joaquim, que é conhecido por Palma, também já foi Manuel. Hoje ainda guarda na carteira o BI falso, do tempo da clandestinidade. A TSF ouviu a história de um dos mais antigos militantes do PCP.
Joaquim da Palma Cadeireiro tem 86 anos, 60 de Partido Comunista. Mas a história começou antes, quando ouvia o pai, "um admirador do Marxismo-Leninismo", ler aos homens da terra as notícias das forças soviéticas durante a IIª Guerra Mundial.
SOM ÁUDIO
De Albernoa para o mundo. A história de Joaquim da Palma Cadeireiro - o Palma, como é conhecido. Um trabalho de Joana Carvalho Reis e José Guerreiro.
Foi em Albernoa, a terra onde nasceu no concelho de Beja, que organizou a primeira greve. O feito valeu-lhe a primeira fuga. Palma teve de partir em busca de trabalho. Passou pela apanha do figo, andou pelas minas, trabalhou na ceifa, até ir parar à Companhia União Fabril (CUF), no Barreiro. Estávamos em 1956.
Já na CUF, entrou no Partido Comunista e envolveu-se na luta pelo direito dos trabalhadores. Começou a ser perseguido pela PIDE e voltou a ter de fugir. Primeiro, Serra da Arrábida, depois França e depois União Soviética, onde esteve um ano a fazer o curso político do partido.
Regressou a Portugal para uma vida na clandestinidade até ao 25 de Abril. Desses tempos, resta ainda o Bilhete de Identidade falso, que guarda na carteira. "Às vezes preciso de mostrá-lo", diz.
Sentado no Centro de Trabalho do PCP, no Barreiro, mostra com orgulho as fotografias que andam sempre com ele, testemunhos de tempos de glória.
A carteira onde ainda guarda a identificação clandestina, não tem espaço para tantas memórias. Por isso, tem no telemóvel fotografias das fotografias. Lado a lado com as fotos de quando venceu um torneio de remo ou de quando fugiu para França, há também imagens de Álvaro Cunhal e de Lenine.
Aos 86 anos, antes de adormecer, Palma põe-se a pensar na vida que teve. "Fugi daqui, fugi dali... Quando me deito, dou à volta ao mundo inteiro por causa disso".
www.tsf.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário