As famosas «fake news» são uma tentativa de catalogar
como campanha pró-russa toda a expressão diferente da
versão dos meios de comunicação corporativos.
como campanha pró-russa toda a expressão diferente da
versão dos meios de comunicação corporativos.
Valha como surpresa: os meios de comunicação corporativos são os principais comandantes da censura informativa. Financiado por tudo o que há de mais opulento em Wall Street, The New York Times foi há poucas semanas juiz e parte na questão das «fake news (ou notícias falsas) para pedir a judicialização de diversos meios de comunicação social que eles classificam de «pró-russos», uma forma simples encontrar bodes expiatórios para catalogar toda a dissidência à política neoconservadora norte-americana (e dos seus aliados) promovida pelo aparelho do actual governo estadunidense.
Francisco I foi ainda um passo à frente e não se coibiu de classificar de «coprógrafos» os que se guiam por «notícias falsas».
Simultaneamente, tenta-se meter no mesmo saco organizações e meios identificados com a direita conservadora e anti-establishment em território norte-americano e europeu juntamente com defensores da supremacia branca, ultranacionalistas, fundamentalistas cristãos e até algumas milícias armadas identificadas com o presumível movimento «Alt-Right» (direita alternativa), outro oásis ideológico à disposição destes meios corporativos que procuram identificar os neonazis com os meios de comunicação, grupos de pensamento e organizações políticas cujos conteúdos e informações diferem profundamente do editado a partir de Nova Iorque.
O Times, inclusive, publicou editoriais exigindo a restrição da informação, apenas à que eles reconheçam como válida.
O editorial do Times
O editorial do Times
Não sabemos o que comem ao pequeno-almoço mas sabemos o que escrevem a partir da direcção editorial do Times, cujo editorial de 19 de Novembro é uma mensagem frontal para Mark Zuckerberg e a sua equipa do Facebook.
Segundo o Times, milhares de «notícias falsas» foram propagadas através daquela rede social antes, durante e depois das eleições presidenciais nos EUA, e graças a toda esta suposta operação orquestrada, Donald Trump ganhou a corrida para a Casa Branca. No texto precedente descrevemos as consequências imediatas desta história.
Esta direcção editorial do Times pressiona a criação pela corporação de Zuckerberg de um inovador sistema de censura para as redes sociais, cujo filtro seja supervisionado, naturalmente, pela aquela mesma direcção editorial, se tal for necessário.
Inclusive, em anteriores editoriais falou do conceito «post-truth», uma reconversão do que é «a verdade», e que já tem uma entrada no dicionário de Oxford [1]. Segundo esta instituição, «post-truth» (para lá da verdade: difere da mentira directa em que se considera a verdade de importância secundária) foi pela primeira vez usado em 1992 num ensaio escrito pelo sérvio-estadunidense Steve Tesich, a propósito do escândalo Irão-Contras e a Guerra do Golfo Pérsico, onde foi imposta a lógica emotiva e moralista acima dos factos objectivos para justificar ambos os litígios. E citamos o Times: «Nós, como povo livre, decidimos livremente que queremos viver numa espécie de mundo post-truth».
Francisco I, seguindo a sua cruzada sobre as notícias falsas e coprógrafos, falou da «post-truth» (sem a referir) quando criticou a procura contínua do «escândalo, a comunicação de coisas feias, ainda que sejam verdade», referindo-se aos meios de comunicação pró-russos.
O blogueiro britânico Neil Clark replica que tanto os «fake news» como as políticas «post-truth» dos propagandistas da guerra são o melhor exemplo do que os psicólogos chamam uma «projecção».
O blogueiro britânico Neil Clark replica que tanto os «fake news» como as políticas «post-truth» dos propagandistas da guerra são o melhor exemplo do que os psicólogos chamam uma «projecção».
Por outro lado, o laureado jornalista estadunidense Robert Parry, em relação à resenha do editorial, pergunta: «Então, deveria Zuckerberg propor que os utilizadores do Facebook fizessem circular histórias do New York Times? Obviamente, o Times não favoreceria essa solução para o problema das «notícias falsas». Em vez disso, o supõe ser um dos árbitros que decidam quais os meios na web que seriam proibidos e quais os que obteriam o selo branco da aprovação».
A proposta do Times, argumenta Parry, contradiz-se pelo facto de este meio de comunicação corporativo ser uma das mais produtivas máquinas fornecedoras de notícias falsas do mundo. Os de Nova Iorque erigem-se em juiz e em parte.
Juntamente com o Times e o Washington Post encontram-se outros meios de comunicação corporativos que se juntaram a uma iniciativa criada pela empresa Google, uma coligação chamada First Draft que tem por missão criar uma espécie Ministério Global que decidirá quais as notícias que podem ser classificadas como verdadeiras e falsas.
Coligação corporativa do silêncio
O projecto First Draft News, iniciado em 2015, é uma iniciativa da Google News (sector da companhia encarregado da verificação da informação e da recolha de dados).
Entre outras organizações corporativas de meios de comunicação e redes sociais com o patrocínio maioritário da Google News Lab temos a:
Amnistia Internacional, sem comentários. Storyful, uma empresa de produtos multimédia para redes sociais que trabalha com o The Wall Street Journal e pertence à News Corp., o maior conglomerado de empresas do mundo. Eyewitness Media Hub, uma organização corporativa de verificação de dados e direitos de autor que também actua como centro de formação para jovens jornalistas. Bellingcat, financiada pela Fundação Open Society (de George Soros) e a USAID, cujo «grupo de investigadores e jornalistas» teve um papel chave na campanha de desinformação com relatórios que culpavam o governo russo e as milícias de Donbass da queda do avião MH17 na Ucrânia. Tanto a Procuradoria holandesa como um relatório de 31 páginas desmentiram as informações publicadas por Bellingcat.
Amnistia Internacional, sem comentários. Storyful, uma empresa de produtos multimédia para redes sociais que trabalha com o The Wall Street Journal e pertence à News Corp., o maior conglomerado de empresas do mundo. Eyewitness Media Hub, uma organização corporativa de verificação de dados e direitos de autor que também actua como centro de formação para jovens jornalistas. Bellingcat, financiada pela Fundação Open Society (de George Soros) e a USAID, cujo «grupo de investigadores e jornalistas» teve um papel chave na campanha de desinformação com relatórios que culpavam o governo russo e as milícias de Donbass da queda do avião MH17 na Ucrânia. Tanto a Procuradoria holandesa como um relatório de 31 páginas desmentiram as informações publicadas por Bellingcat.
Chama-se a atenção para o facto de os propulsores de First Draft serem as mesmas corporações fornecedoras de “fake news”. Seguramente que quem lê estará em condições de identificar na imagem seguinte uns quantos dos media e redes que compõem a coligação.
Rede de parceiros de First Draft News
Um dos propósitos desta iniciativa é a de criar um filtro de dados e informação traduzido numa censura algorítmica, segundo o Facebook, «to reduce human bias», isto é, para reduzir a participação humana no tratamento da informação. Não é uma questão menor, visto que se faz em nome das «notícias falsas» e do «post-truth».
No próximo trabalho de investigação aprofundar-se-ão outros textos que se distinguem por impor o relato de «notícias falsas» numa espécie de política de caça às bruxas, com o The Washington Post como principal porta-voz de uma operação psicológica no quadro da nova guerra fria da informação.
Este artigo foi publicado em http://www.lahaine.org/mundo.php/las-noticias-falsas-del-new
Tradução de José Paulo Gascão
www.odiario.info
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