O Primeiro-ministro está fora há vários dias. Marcelo também. Primeiro esteve na Colômbia. Agora está no Brasil na Cimeira da CPLP. Tudo bem. Isto faz parte das obrigações de ambos e parece que não desdenham da companhia um do outro e da sincronização das agendas, pelo menos até ver. Nada de inédito.
O inédito, sim, é que a substituição do primeiro-ministro quando ele se ausenta ou está impedido é entregue a Augusto Santos Silva, de acordo com a escolha do próprio António Costa, o que não tem vindo a acontecer. Santos Silva tem estado mudo e quedo.
Com Costa fora, Passos Coelho anda todo divertido a fazer o gosto ao dedo. Ele desdobra-se em iniciativas. Reúne com os parceiros sociais para propor alterações ao orçamento de Estado para 2017. Esta é de almanaque. Que esperança terão os parceiros sociais de verem as suas propostas aprovadas?! Mas o Coelho ainda não viu que já não risca nada?! E como podem os ditos parceiros colaborar nesta farsa triste e miserável de andar a brincar às reuniões com um tipo que ainda finge ser o que já não é? Está tudo alucinado. E depois, como nada pode dizer sobre o sucesso do controlo do deficit, a crítica que faz ao governo é que este “falhou nas previsões”. Ora, um tipo que em todos os anos que governou apresentou sempre orçamentos retificativos, ele, o campeão-mor de todos os falhanços de previsões, tem o distinto topete de vir falar em falhas de previsão?!
Para tornar a farsa ainda mais ridícula, no fim dos encontros lá está a comunicação social em peso, as televisões todas de microfone em riste para ouvir as declarações de um farsante disfarçado de primeiro-ministro, como se de tais declarações viessem grandes contributos para a governação.
Tudo isto é deprimente e simultaneamente doentio e sintomático do estado da Nação. Está mauzinho mesmo. E ninguém considerar isto uma anomalia, nos grandes meios de comunicação social, é ainda mais doentio. Já ninguém tem sentido critico e a noção das proporções perdeu-se. Ou então está toda a gente hipotecada aos interesses que o Passos defende e prossegue o que ainda é bem mais grave e funesto.