O programa "Panorama BBC" que a BBC One emitirá esta segunda-feira à noite mostra o trabalho precário de menores sírios, refugiados na Turquia, em fábricas das marcas de pronto a vestir
"Não esquecemos a primeira vez que vemos uma criança debruçada sobre uma máquina de costura, numa fábrica quente e sem ar". O jornalista de investigação irlandês Darragh MacIntyre é o autor desta frase e da reportagem The Refugees Who Make Our Clothes (os refugiados que fazem as nossas roupas), que o programa Panorama BBC emite esta segunda-feira à noite na BBC One.
No site da estação pública britânica, MacIntyre explica que "sabia que o trabalho infantil na Turquia é endémico, mas não estava preparado para a sua realidade". "Chegar a uma fábrica de vão de escada, inteiramente composta por crianças, muitas das quais não têm mais de sete ou oito anos, é a imagem da miséria de [Charles] Dickens", escreve.
A investigação teve de ser cautelosa e com recurso a câmaras ocultas, ilegais no país. No entanto, garante, descobrir refugiados sírios e crianças a trabalhar em "roupas de marca" que depois são exportadas para o mercado inglês "foi relativamente fácil". "Eles sabem que estão a ser explorados, mas também sabem que não podem fazer nada contra isso", disse. "Se acontecer alguma coisa, são deitados fora como uma peça de roupa", contou um dos refugiados ao Panorama BBC.
Zara, Mango, Marks & Spencer e a loja online ASOS estão entre as marcas de pronto a vestir cujas peças de roupa são confecionadas nesses locais. "Omar [assim chama o jornalista ao seu contacto, cuja identidade protege] mostrou-me as etiquetas das roupas que estava a fazer naquele dia. Reconheci-as imediatamente. Também você. A marca dificilmente poderia ser mais conhecida no Reino Unido", conta.
O documentário inclui reações da marca britânica Marks & Spencer, que através do seu porta-voz considera a situação "inaceitável". Também uma porta-voz da ASOS disse que o trabalho infantil é um assunto que levam "muito a sério", mas que não comenta, para já, uma reportagem que ainda não viram. A Marks & Spencer informou que tem trabalhado com os seus fornecedores turcos para assegurar que todos os trabalhadores sírios são legais.
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