.(Joseph Praetorius, in Facebook, 29/10/2016)
   
Assange é um herói e as redes sociais um importante mecanismo de resistência, embora também sejam, claro, um campo de policiamento e inventariação das resistências civis pelos serviços de inteligência.
Nos USA está a fabricar-se a eleição de uma doente mental e genocida. Os belicistas endoideceram. E o capitalismo de catástrofe que os utiliza parece pronto a comprar quem arruíne o planeta.
A grande dúvida está em saber se podemos resistir e combater sem cair nos mesmos níveis de barbárie, saber, por exemplo, se podemos combater os efeitos da corrupção sem chacinar os herdeiros dos corruptos, o que faria inútil a corrupção quer como objectivo individual, quer como saldo final. Foi hipótese que formulei num exercício de mestrado em Sociologia no ano de 2008. Uma crónica da rebelião por vir. Ficou toda a gente arrepiada. Eu também.
A grande dúvida está em saber até onde estamos dispostos a transigir no plano dos nossos próprios valores – da nossa própria estética da conduta – porque a verdade é que os nossos filhos são para tal corja tão importantes como o têm sido os filhos do palestinianos, os dos sírios, os dos sérvios, os dos líbios ou dos ucranianos. Porque motivo seriam os filhos dos corruptos, directamente empenhados na destruição de povos inteiros, mais importantes que os nossos?
É preciso interpelar directamente as classes médias que esforçadamente educaram os seus filhos e perguntar-lhes se é aceitável que venham a morrer às mãos de um selvagem com o recorte das bestas do ISIS, ou dos gangs latino-americanos que emergem do combate político dos USA no sub-continente da América do Sul.
As classes médias oeste-europeias estão convencidas que o conflito correrá com carne para canhão barata, recrutada nos países da Europa Oriental, na Geórgia, Polónia e Ucrânia ou na “sub-gente” do Sul Europeu, como Portugal e Espanha. E não é verdade. As explosões nucleares sobre centros civis não farão nunca distinções de classe, sensibilidade ou gosto. E a progressão da tese da viabilidade do “controlo de danos” pelo uso de armamento nuclear está a ser tratada pelos média como qualquer outra “produção informativa” para gerar complacências com crimes sem precedentes, pela natureza, gravidade e alcance.
Quando vejo Guterres – com Marcello II colado à propaganda – eleito para o secretariado geral da ONU, vejo o mesmo capão que no final dos anos 90 mandou a força aérea portuguesa atacar a Sérvia, bombardeando as cidades na noite de Páscoa – a Páscoa mais heróica que alguma vez conheci – com as Catedrais cheias e a cantar a plenos pulmões a vitória do Cristo sobre a morte, enquanto caíam as bombas assassinas com inscrições de Páscoa feliz. É a mesma gente. Os mesmos Clinton. E o mesmo Guterres. (O mesmo Barroso e o mesmo Portas, também). É tal escumalha mais confiável na guerra do que na paz contra a qual conspiram? E esta é a tropa. Isto é o que eles fazem. E o que farão. Recordo o protesto de Alexei II de Moscovo e a sua permanência heróica, em visita à Sérvia, debaixo de bombardeamento. Há coisas difíceis de esquecer.
Há alguma coisa que distinga o Hospital Materno-Infantil de Belgrado, arrasado em bombardeamento aéreo e qualquer outro em Paris, Londres ou Lisboa? Qual é a diferença?
As mulheres sérvias receberam (todas) indicação de aborto terapêutico em 1999, em consequência das munições de urânio empobrecido (injustificadamente) usadas pela corja da OTAN contra a população civil e cujos resíduos entraram na cadeia alimentar. Há alguma diferença com as mulheres portuguesas, espanholas, ou francesas, que deva impedir a submissão destas à mesma experiência? Os USA exigem a submissão da Europa ocidental que resiste aos seus (deles) propósitos económicos. Eis outra vantagem da guerra, para eles… Mas se os russos e chineses chegassem à Mancha (coisa mais do que plausível no caso da guerra poder obter-se) a OTAN trataria de modo diferente as populações da Europa Ocidental?…
Entretanto, as técnicas de tratamento da informação estão bem diagnosticadas e a prática bem demonstrada. São parte integrante da guerra. Leiam, se não se importam o seguinte texto: Por dento do governo invisível: guerra, propaganda, Clinton e Trump

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