Mediador de seguros que inventou produto financeiro com 10% de juros ao ano andava fugido às autoridades desde 2012. Comprou restaurante em Manaus, publicou uma foto num concurso e foi apanhado.
Acusado de ter desviado 600 mil euros a clientes e à seguradora Zurich, um mediador natural de Cinfães foi capturado no Brasil, onde tinha comprado um restaurante. O paradeiro do homem, de 41 anos, em fuga há quatro anos, foi revelado pelo Facebook, onde ficou exposto depois de ter participado em concursos de cozinha.
João Almeida, ex-mediador da Zurich com poderes reconhecidos pelo Instituto de Seguros de Portugal e com contrato com aquela companhia de seguros, estava escondido há quatro anos na zona de Manaus, no Brasil, onde montou um restaurante chamado "A cozinha do português". O estabelecimento ainda mantém uma página de Facebook e um site na Internet, onde era promovido desde o bacalhau até a francesinha.
E foram essas promoções que acabaram por trair João Almeida. De acordo com informações recolhidas pelo JN, as vítimas do mediador de seguros descobriram-no através do Facebook e informaram as autoridades, que solicitaram a colaboração das autoridades brasileiras para o deter. Nesta altura, ainda aguarda a extradição para Portugal e está preso no Departamento Federal do Estado de do Amazona.
Acusado de desviar 600 mil euros
Em Portugal, João Almeida está acusado de burla, falsificação, abuso de confiança e ainda emissão de cheque sem provisão. A acusação do Ministério Público (MP) garante que o mediador desviou cerca de 600 mil euros e já levava uma vida de luxo, antes de fugir para o Brasil.
O arguido angariava contratos de seguros novos para a Zurich, mas também podia celebrar contratos de seguros de vida, que incluíam contratos de investimentos. Garante a acusação que, entre 2003 e 2004, o arguido, que tinha acesso aos documentos, formulários e papel timbrado da seguradora, começou a pôr em prática um plano para ficar com o dinheiro dos clientes da Zurich.
Familiares acusam-no de burla
Segundo o MP, a primeira vítima foi uma tia do arguido, abordada em novembro de 2004. Convenceu-a que a Zurich tinha acabado de lançar um plano de investimento com juros a 10% ao ano. Chegou mesmo a apresentar à mulher documentação, em papel timbrado da Zurich, onde constavam as modalidades do investimento. Estava lá escrito que o cliente receberia 10% ano, que a apólice tinha duração de 12 anos e que os resgates parciais não tinham qualquer tipo de penalização. Todos os documentos eram forjados.
A tia entregou-lhe 45 mil euros. Só percebeu a burla em 2009, quando pediu o resgate total do dinheiro e nunca mais ouviu falar do sobrinho. No entanto, conseguiu reaver 30 500 euros em resgates parciais que o arguido lhe foi entregando ao longo dos anos, ao que tudo indica usando dinheiro que sacou a outros com o esquema. Outra vítima foi uma prima do arguido, filha da primeira burlada. Ficou sem 3500 euros.
Usando o mesmo esquema, conseguiu burlar mais duas pessoas em 300 mil euros, 150 mil a cada uma. Ambas pensavam tratar-se de uma proposta credível e economicamente viável. Também conseguiu que um cliente lhe entregasse 75 mil euros, ao longo de quatro anos.
Em vários casos, na tentativa de evitar as suspeitas dos clientes, o mediador ia entregando falsos recibos de rentabilidade.
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