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quarta-feira, 27 de abril de 2016

Conheça a Libéria o país que os europeus não conquistaram

Conheça a Libéria

Todos sabem que a África foi conquistada, colonizada e divida pelos Europeus, que dominaram esse continente durante vários séculos. Mas... Nem todos os países foram conquistados por eles, apenas dois se safaram, são eles a Libéria e aEtiópia:




A Libéria
~ Origem ~



A República da Libéria é um pequeno país localizado na África Ocidental, com um território de aproximadamente 111.369 km², um pouco maior do que o Estado de Pernambuco. A Libéria faz fronteira com a Guiné ao norte, Serra Leoa a noroeste, e Costa do Marfim a leste e o litoral é banhado pelo Oceano Atlântico.

No Final do Século 19 essa região já era conhecida pelos portugueses, mas de fato, nunca chegou a ter assentamentos europeus. Nessa mesma época a escravidão também estava terminando nos Estados Unidos, por isso o governo, os senhores de terra e os abolicionistas estavam pensando em alternativas para resolver o problema. E uma das soluções apresentadas por eles foi repatriá-los de volta para a África [Apesar de parecer algo absurdo para os dias de hoje, a sociedade dessa época achou que essa seria a solução ideal].

Então os americanos resolveram seguir os mesmos moldes da Inglaterra, que estava repatriando ex-escravos para Serra Leoa [algo que foi um verdadeiro fracasso, porque quase todos morriam, seja por doenças, pela fome ou pela precariedade de vida nesse local]. E como os ingleses. ocorreram os mesmos problemas, que causaram a morte de inúmeros ex-escravos americanos, novamente por febre amarela e malária, naufrágios e também pela precariedade de vida desse local.

Em 1821 a Sociedade Americana de Colonização [ACS] enviou um diplomata representando-a: Eli Ayres [devidamente acompanhado de mais um exército de uns 70 homens], que navegou cerca de 200 km pela costa da África, nas proximidades de Serra Leoa e finalmente escolheram um local chamado de Cabo Mensurado [local que fica a atual capital do país].

Plano de fundação da cidade de Monróvia, no século 19.

Entretanto, essa terra já tinha dono, pertencia às tribos Dey e Bassa, habitantes do local a séculos. "Após negociações nem sempre amistosas, esses chefes tribais cederam aos americanos uma faixa litorânea de 40 quilômetros de comprimento por 4 quilômetros de largura em troca de armas e garrafas de rum que hoje valeriam, juntas, 300 dólares”, afirma James Riley, professor do departamento de história da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.

Essa divisão que definiu o território liberiano sem pensar nas graves consequências que viriam fez com que os ex-escravos vivessem um verdadeiro pesadelo, o que instaurou conflitos com os nativos da região desde a chegada desses imigrantes.


~ História ~

Em 1822 foi fundada a capital Monróvia, em homenagem ao presidente americano James Monroe. Em 1847 o país proclamou independência. Com esse acontecimento a Libéria foi o primeiro país independente da África.

“No início, a administração foi entregue a representantes escolhidos pela própria ACS. Mas, com o crescimento populacional e o progressivo alargamento do território, começaram a surgir lideranças locais entre os ex-escravos”. Na expectativa de aumentar as áreas cultiváveis, esses primeiros moradores passaram a adquirir mais terras e avançar suas fazendas além das fronteiras originais. Em menos de 40 anos, o país cresceu duas vezes de tamanho.

Tribo Grebo, na Libéria
Assim, começou-se as primeiras desavenças com as tribos locais, principalmente com os Grebos e Crus. As fronteiras traçadas pela ACS dividiram etnias aliadas e reuniram no mesmo território cerca de 15 etnias, algumas delas inimigas há séculos. “Os conflitos eram inevitáveis.” Além disso, enquanto as áreas litorâneas colonizadas pelos negros americanos prosperavam com plantações de mandioca e café e a extração de borracha, o interior habitado pelas tribos africanas era totalmente negligenciado.

Em meio a tanta instabilidade o país proclamou sua independência em 1847 e no início ainda contavam com apoio americano, que foi se esvanecendo aos poucos, até que os liberianos tiveram que se virar sozinhos.

Abaixo os principais acontecimentos da história do país:

- 1903: os britânicos forçaram a Libéria a entregar parte de seu território a Serra Leoa, e os franceses avançaram sobre a fronteira com a Costa Marfim.

- Após a guerra, o país quase em falência recebeu um "generoso" empréstimo americano, mas depois de muitos anos tiveram que pagar essa dívida, que de certa forma foi paga cedendo áreas para as empresas americanas de pneu para explorar borracha.

- 1940: A indústria de ferro e borracha estava dando muito lucro e durante alguns anos aumentou a renda da classe média, e os novos-ricos passaram a comprar terras em áreas antes habitadas exclusivamente pelos nativos, o que colaborou para acirrar os conflitos.

Presidente Willian Tubman

- 1943: O Presidente Willian Tubman muda a Constituição para ficar no poder por vários mandatos consecutivos, e devido a má distribuição de renda 95% da população se sentia marginalizada.

- 1971: Morre Willian Tubman e assume o vice-presidente, que governa em constante tensão, até que em 1980 um grupo de jovens líderes guerrilheiros de várias etnias se uniu para tomar o poder, liderado pelo sargento Samuel Doe, então com 28 anos.

Para piorar as coisas esse presidente começou a favorecer os membros da sua etnia, os Krahns em detrimento de todas as outras que conviviam na Libéria e os grupos Dan e Mano [no Norte da Libéria] passaram a ser duramente perseguidos.

- 1989: As etnias discriminadas por Doe assumiram a linha de frente num golpe militar, que matou o presidente e a partir daí começou-se uma guerra civil entre os grupos tribais que disputavam o poder. Essa guerra durou sete anos e o banho de sangue só acabou com a intervenção das tropas internacionais.

- 1996: Dissidentes que estavam aquartelados na Guiné invadiram o país e essa nova guerra civil durou até 2003, com a eleição de um governo de conciliação nacional, e novamente com intervenção militar dos americanos.

Até crianças e adolescentes foram usadas na Guerra Civil da Libéria.

- Com a economia em frangalhos, a Libéria agora tenta, aos poucos, refazer o sonho dos primeiros imigrantes, que tinham orgulho em pronunciar o nome do país, uma homenagem à liberdade.

~ nos dias de Hoje ~


Mercado da Cidade de Monrovia, Capital da Libéria.
A língua oficial do país é o inglês, que convive com outras 16 línguas nacionais faladas pelas diversas etnias que compõem o país. Com uma população de cerca de 3.786.000 indivíduos, a maioria dos liberianos, cerca de 85% seguem a religião católica, com 12% de muçulmanos e o restante de adeptos de religiões tradicionais africanas.

A região é ricamente dotada de água, recursos minerais, florestas e um clima favorável a agricultura. A Libéria ainda tem sido produtora e exportadora de produtos básicos, principalmente madeira e borracha. Manufaturas locais, principalmente estrangeiras, ainda são pequenas.

O estabelecimento do Governo Nacional de Transição da Libéria (NTGL) e a chegada de uma missão da ONU são sinais encorajadores de que a crise política que está terminando. A restauração da infraestrutura e aumento de rendas na economia dependem da implementação de políticas de macro e micro economias, incluindo o encorajamento de investimentos estrangeiros, e o apoio generoso de países doadores. O país teve um crescimento no PIB de 7,11% durante 2004, especialmente na indústria, a menor do mundo. (77% do PIB é agropecuário).

Veja um pouco das belezas da Libéria através do Vídeo abaixo, de nome Beautiful Libéria:



A melhor forma de se conhecer mais desse país é pelo relato de alguém que já foi para lá. VEJA MAIS ABAIXO
tudorocha.blogspot.pt

Libéria: sonhos viram realidade


Tenho tanta coisa para contar que eu nunca sei por onde começar. Fico aqui pensando sobre qual dos lugares incríveis que já tive a oportunidade de conhecer, eu deveria escrever primeiro. Foi quando me deu um estalo! Ah, vou dividir com vocês um grande sonho realizado em uma das experiências mais gratificantes que eu já tive na vida. Pronto, vou contar sobre meus 30 dias de trabalho voluntário na Libéria, África.

LIBÉRIA
Eu nem sei, ao certo, quando tudo começou. Estou falando da minha paixão pelos negros, pela África, pelas crianças africanas. Só sei que foi em 2010 que surgiu uma excelente oportunidade de fazer algo que sempre quis – um trabalho voluntário internacional e na África! Na verdade eu não tinha nada certo, nenhuma ONG havia me chamado para trabalhar. A única coisa que eu tinha era o contato de um grande amigo que estava na Libéria fazendo micro-crédito. Ele dizia que lá havia centenas de ONG’s. Não pensei duas vezes. Fiz minha mala e fui. Nada melhor do que ver com meus próprios olhos como era o cenário daquele país, conhecer pessoalmente o trabalho das tais organizações e, então, decidir como eu poderia ajudar.

Ruas de Monróvia, capital da Libéria
Para quem não sabe…A Libéria passou por duas guerras civis, sendo que a última acabou em 2003. Mais de 250 mil mortos e mais de um milhão de refugiados. É o único país dos 54 que constituem o continente africano que tem uma mulher na presidência – Ellen Johnson-Sirleaf. Não tem energia elétrica. Internet? Haha, algo raro e difícil, mas até que consegui usar algumas vezes. Saneamento básico???? Na Libéria, 2,9 milhões de habitantes, de uma população de 3,5 milhões, não têm acesso a instalações sanitárias e apenas uma em cada quatro pessoas tem água tratada, enquanto apenas uma entre sete tem condições saudáveis de higiene. Estou falando de um país pós-guerra. Diante disso, eu sabia que as condições que me esperavam, não seriam das melhores.

Monróvia, capital da Libéria
Antes de deixar o Brasil…Eu passei pela Medicina do Viajante, no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, para tomar as vacinas necessárias: tétano, cólera, febre tifoide, raiva, hepatite A e B, febre amarela. Nesta lista não estava uma das mais importantes, a vacina contra malária. Não existe. Na África, a malária é a doença que mais mata depois da AIDS. E esse seria o meu grande desafio, voltar ao Brasil sem contrair a bactéria. Infelizmente, não foi possível. Depois de 10 dias no país, fui diagnosticada com malária. Os sintomas? Febre, exaustão, fraqueza…Minha sorte? Ter recursos e acesso aos melhores remédios e tratamentos. Tudo não passou de um susto e aqui estou. Ufa!
Meu sonho realizado…Eu morava na capital, Monróvia, e ao lado da casa onde estava hospedada, havia uma escola chamada Phillips Preparatory School. Todo dia eu via dezenas de crianças uniformizadas andando pelas ruas. Resolvi ir até lá, falei com o diretor que gostaria de trabalhar com eles, na classe dos pequenos, de cinco a seis anos e, para minha surpresa, ele topou! Já comecei no dia seguinte. Eu não tinha ideia do que fazer, mas ficou fácil saber depois de alguns dias na escola. Todas as manhãs as crianças me recebiam em pé com a seguinte frase “Good morning sister Maria, how are you today?” Impossível não me emocionar. Muito diferente das atividades escolares do Brasil, as aulas eram pouco dinâmicas e lúdicas. No dia a dia, a professora responsável pela classe repassava a lição da lousa, misturando um pouco de raciocínio com exercícios simples de matemática, além de regras gramaticais. Fora isso, as crianças cantavam o alfabeto e aprendiam músicas educativas. Formas geométricas e cores estavam em desenhos pelas paredes e sempre eram revisadas. Aos poucos, fui trazendo novas ideias. As crianças não tinham o hábito de desenhar, e essa foi uma das minhas sugestões. Todas as segundas-feiras elas teriam de colocar no papel o que haviam feito no final de semana. Também plantei uma semente de feijão no algodão para mostrar como ele cresce e se desenvolve. Explorei o pátio com brincadeiras coletivas, um jeito de estar mais próxima deles e ensiná-los a noção de espaço e troca, saber ganhar ou perder. Vocês se lembram daquela brincadeira chamada “batata quente”? E “corre cotia”? Então, ensinei a criançada e elas adoraram! Também levei minhas bolinhas para fazer malabares e elas enlouqueceram. Fomos ao estádio de futebol e fizemos caça aos ovos (cozidos, nada de chocolate!), na Páscoa. Noção de higiene? Nenhuma. A regra era: os pequenos usam como banheiro uma área reservada do pátio, queimada no final do dia. Além disso, cada classe recebe um balde de plástico cheio e uma única caneca. A criança com sede vai até o balde, enche o copo e bebe.

Phillips Preparatory School, Monróvia, Libéria
Outra experiência muito legal…Foi a que tive com a ONG canadense chamada Journalists for Human Rights. Junto com um projeto da ONG britânica OXFAM, nós levamos jovens jornalistas a campo para visitar comunidades locais, entender suas necessidades e gerar notícias nos veículos de comunicação do país. Foi FANTÁSTICO.

Jovens jornalistas visitam comunidades na cidade de Buchanan
Muitos encantos…Apesar de não ser um destino turístico, muitos surfistas incluem a Libéria em seus roteiros em busca de ondas perfeitas e desconhecidas. Banhado pelo Oceano Atlântico, o país é dono de uma costa belíssima, com praias desertas e altas ondas. A praia mais conhecida é RobertSport e lá tem uma estrutura muito legal, de camping ou Lodges.

Praia de RobertSport
Meu maior presente…Quem mais ganhou com a experiência fui eu. Recebida com o que eles têm de melhor – um sorriso largo que se destaca na pele negra e reflete o brilho de um olhar simpático e sincero, de um povo que é pura alegria e não tem medo de reconstruir. E não poderia deixar de citar pessoas mais do que especiais: Raj, Tas, Jane, todas as professoras, crianças e amigos que guardo no coração. Sem eles, nada teria sido como foi. Perfeito.

Meu maior presente...
Um convite que vale a pena! Vejam o vídeo da minha experiência na Libéria

insidersmodaetecnologia.wordpress.com


2 comentários:

Natas disse...

Parabéns!! está muito completo, obrigado pro ter dedicado seu tempo fazendo este arquivo.

Garrochinho disse...

obrigado pelo comentário