AVISO

OS COMENTÁRIOS, E AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS
NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO ADMINISTRADOR DO "Pó do tempo"

Este blogue está aberto à participação de todos.


Não haverá censura aos textos mas carecerá
obviamente, da minha aprovação que depende
da actualidade do artigo, do tema abordado, da minha disponibilidade, e desde que não
contrarie a matriz do blogue.

Os comentários são inseridos automaticamente
com a excepção dos que o sistema considere como
SPAM, sem moderação e sem censura.

Serão excluídos os comentários que façam
a apologia do racismo, xenofobia, homofobia
ou do fascismo/nazismo.

sábado, 9 de abril de 2016

Carlos Marighella - História de um guerrilheiro comunista




CARLOS MARIGHELLA




Maria Rita do Nascimento, baiana filha de escravos trazidos do Sudão, conheceu em Salvador o operário Augusto Marighella, imigrante italiano, recém chegado da região de Emília. Casaram-se e tiveram 7 filhos, entre eles Carlos Marighella, nascido em 5 Dezembro 1911. 


Carlos Augusto Marighella.

Carlos Marighella 'fichado' pelo regime de Vargas - 
Junho 1939.

Líder comunista, vítima de prisões e tortura, parlamentar, autor do mundialmente traduzido "Manual do Guerrilheiro Urbano", Carlos Marighella atuou nos principais acontecimentos políticos do Brasil entre os anos 1930 e 1969, e foi considerado o inimigo número 1 da ditadura militar brasileira. Mas quem foi esse homem, mulato baiano, poeta, sedutor, amante de samba, praia e futebol, cujo nome foi por décadas impublicável? O filme, dirigido por sua sobrinha, é uma construção histórica e afetiva desse homem que dedicou sua vida a pensar o Brasil e a transformá-lo através de sua ação.




Carlos Marighella chega ao Rio de Janeiro após ser libertado pela anistia de abril de 1945.


cartão de filiação de Marighella ao Partido Comunista do Brasil.





Carlos Marighella discursa no Congresso Nacional no Distrito Federal em 1946.



 Bancada comunista Constituinte em 1946: Carlos Marighella, Luiz Carlos Prestes e Gregório Bezerra.

Fundado em 1922, o Partido Comunista Brasileiro conquistou a legalidade em janeiro de 1927. Poucos meses depois reverteram a medida e ficou proscrito até 1945, fim do 'Estado Novo' de Getúlio Vargas. Nas eleições de '45 seu candidato a presidência, Yedo Fiuza conquistou 10% dos votos e o Partido elegeu uma bancada com 14 deputados e 1 senador, Luiz Carlos Prestes. Em 1947, devido ao recrudescimento da Guerra Fria, o Presidente Truman dos EUA pressiona o presidente Dutra, e o partido é banido do Congresso (coisa que Truman não fez no país dele) e os mandatos de seus constituintes são cassados. Somente em 1979, com a Lei da Anistia, os comunistas voltam a se organizar, culminando na fundação do PT - Partido dos Trabalhadores e da legalização de todos os partidos políticos, incluindo aí o Partido Comunista do Brasil, conhecido como PC do B.

Marighella na redação do 'Jornal do Brasil' na Avenida Rio Branco, 118, Rio de Janeiro. 



Carlos mostra onde a bala entrou. Na redação do 'Jornal do Brasil'. 

‎"Carlos Marighela, o "inimigo número um da ditadura militar", foi retratado pelo regime e órgãos de imprensa da época -  que servem o imperialismo até hoje - como um terrorista, um militante "radical e profissional", sem qualquer compaixão pelo ser humano e altamente perigoso. 

Em 1964, Marighella sofrera um atentado por policiais em plena sessão de cinema: oficiais invadem uma sala, atiram em Carlos Marighela, este sobrevive, resiste e é levado preso. Sua prisão e o relato da tentativa de assassinato pela repressão deram origem ao relato "Por que resisti a prisão", um documento político voltado à mobilizar a luta contra o regime. 

Assim sendo, todo esforço em criar a face do assassino cruel e desumano sinaliza alguma preocupação das autoridades acerca das possibilidades de Marigela credenciar-se como uma liderança ou mesmo um herói."  Texto: Paulo Marçaioli.


1 9 6 9 


Um dos mais célebres momentos da luta armada contra a ditadura foi o sequestro do embaixador norte americano Charles Burke Elbrick, em 4 Setembro 1969. Numa ação orquestrada em conjunto pelos grupos MR8 e ALN, o sequestro foi comandado por Virgílio Gomes da Silva e resultou na libertação de 15 presos políticos, entre eles figuras ilustres como Gregório Bezerra, Onofre Pinto e José Dirceu. Os acontecimentos foram imortalizados no livro de Fernando Gabeira 'O que é isso, companheiro?', que viria a ser filmado por Bruno Barreto e no documentário de Silvio Darin Hércules. Exatamente 2 meses após o sequestro, Marighella foi encurralado e morto.

brazilian-pop-politics.blogspot.pt


Jorge Amado, para Carlos Marighella


Reconhecimento

 Jorge Amado

 “Chegas de longa caminhada a este teu chão natal, território de tua 
infância e adolescência.

Vens de um silêncio de dez anos, de um tempo vazio, quando 
houve espaço e eco apenas para a mentira e a negação.

Quando te vestiram de lama e sangue, quando pretenderam te 
marcar com o estigma da infâmia, quando pretenderam enterrar 
na maldição tua memória e teu nome.

Para que jamais se soubesse da verdade de tua gesta, da grandeza 
de tua saga, do humanismo que comandou tua vida e tua morte.

Trancaram as portas e as janelas para que ninguém percebesse 
tua sombra erguida, nem ouvisse tua voz, teu grito de protesto.

Para que não frutificasses, não pudesses ser alento e esperança.

Escreveram a história pelo avesso para que ninguém soubesse 
que eras pão e não erva daninha, que eras vozeiro de reivindicações 
e não pragas, que eras poeta do povo e não algoz.

Cobriram-te de infâmia para que tua presença se apagasse 
para sempre, nunca mais fosse lembrada, desfeita em lama.

Esquartejaram tua memória, salgaram teu nome em praça 
pública, foste proibido em teu país e entre os teus.


Dez anos inteiros, ferozes, de calúnia e ódio, na tentativa 
de extinguir tua verdade, para que ninguém pudesse te enxergar.

De nada adiantou tanta vileza, não passou de tentativa vã e 
malograda, pois aqui estás inteiro e límpido.


Atravessaste a interminável noite da mentira e do medo, da 
desrazão e da infâmia, e desembarcas na aurora da Bahia, 
trazido por mãos de amor e de amizade.


Aqui estás e todos te reconhecem como foste e serás para 
sempre: incorruptível brasileiro, um moço baiano de riso jovial e 
coração ardente.

Aqui estás entre teus amigos e entre os que são tua carne e 
teu sangue. Vieram te receber e conversar contigo, ouvir tua voz e 
sentir teu coração.

Tua luta foi contra a fome e a miséria, sonhavas com a fartura e 
a alegria, amavas a vida, o ser humano, a liberdade.

Aqui estás, plantado em teu chão e frutificarás. 
Não tiveste tempo para ter medo, venceste o tempo do medo e do 
desespero.

Antonio de Castro Alves, teu irmão de sonho, te adivinhou num 
verso: “era o porvir em frente do passado”.

Estás em tua casa, Carlos; tua memória restaurada, límpida e 
pura, feita de verdade e amor.

Aqui chegaste pela mão do povo. Mais vivo que nunca, Carlos”.

 


 Texto escrito por Jorge Amado, amigo de Marighella e seu 
companheiro na bancada comunista da Assembléia Nacional 
Constituinte e na Câmara dos Deputados entre 1946 e 1948.

 Lido por Fernando Santana em 10 de dezembro de 1979 – Dia Universal dos Direitos 
do Homem – por ocasião do sepultamento dos restos mortais de Marighella no cemitério 
das Quintas, em Salvador.










Marighella (à dir.) com a sobrinha Isa no ombro, ao lado da companheira 
Clara Charf e do resto da família Grinspum em 1962












O guerrilheiro é um homem que luta contra uma ditadura militar com armas, utilizando métodos não convencionais. Um revolucionário político e um patriota ardente, ele é um lutador pela libertação de seu país, um amigo de sua gente e da liberdade. A área na qual o guerrilheiro urbano atua são as grandes cidades brasileiras. Também há muitos bandidos, conhecidos como delinqüentes, que atuam nas grandes cidades. Muitas vezes assaltos pelos delinqüentes são interpretados como ações de guerrilheiros.






Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano










Carlos Marighella: O guerrilheiro é um homem que luta contra uma ditadura militar com armas, utilizando métodos não convencionais. Um revolucionário político e um patriota ardente, ele é um lutador pela libertação de seu país, um amigo de sua gente e da liberdade. A área na qual o guerrilheiro urbano atua são as grandes cidades brasileiras. Também há muitos bandidos, conhecidos como delinqüentes, que atuam nas grandes cidades. Muitas vezes assaltos pelos delinqüentes são interpretados como ações de guerrilheiros.Carlos Marighella - Carlos Marighella








Carlos Marighella"A passagem subiu, o leite acabou, a criança morreu, a 
carne sumiu, o IPM prendeu, o DOPS torturou, o deputado 
cedeu, a linha dura vetou, a censura proibiu, o governo 
entregou, o desemprego cresceu, a carestia aumentou, o 
Nordeste encolheu, o país resvalou."
Carlos Marighella


Carlos Marighella"Não ficar de joelhos, que não é racional renunciar a ser 
livre. Mesmo os escravos por vocação devem ser obrigados a 
ser livres, quando as algemas forem quebradas."
Carlos Marighella


Carlos Marighella"O guerrilheiro urbano tem que ser uma pessoa preparada 
para compensar o fato de que não tem suficientes 
armas, munições e equipe."
Carlos Marighella


http://quemdisse.com.br



VÍDEOS












Pólvora

De Carlos Pronzato, do livro "Poemas sem licença para Carlos Marighella"

Carlos
Poderias ter sulcado
O céu
Com tuas asas
Tocar cúpulas
Sinos
Voar intensamente
Com poesias
Sambas
Ser tão baiano
Como Dorival
Caetano
Amado
Ou o mais velho
Dos Novos Baianos
Ou talvez
Irreverente
Como um Glauber
Desarmado
Ou até um grito renovado
Do Poeta dos Escravos
Mas o espelho
Devolve-te
Como um punho
Clandestino
E apertado

Pólvora
De um sonho
Deslizando
Entre as tuas mãos
Que guarda ainda
Seu último disparo



Sua vidaCarlos Marighella nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de dezembro de 1911. Era filho de imigrante italiano com uma negra descendente dos haussás, conhecidos pela combatividade nas sublevações contra a escravidão.
De origem humilde, ainda adolescente despertou para as lutas sociais. Aos 18 anos iniciou curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e tornou-se militante do Partido Comunista, dedicando sua vida à causa dos trabalhadores, da independência nacional e do socialismo.
Conheceu a prisão pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Libertado, prosseguiria na militância política, interrompendo os estudos universitários no 3o ano, em 1932, quando deslocou-se para o Rio de Janeiro.
            
Em 1o de maio de 1936 Marighella foi novamente preso e enfrentou, durante 23 dias, as terríveis torturas da polícia de Filinto Müller. Permaneceu encarcerado por um ano e, quando solto pela “macedada” – nome da medida que libertou os presos políticos sem condenação -- deixou o exemplo de uma tenacidade impressionante.
Transferindo-se para São Paulo, Marighella passou a agir em torno de dois eixos: a reorganização dos revolucionários comunistas, duramente atingidos pela repressão, e o combate ao terror imposto pela ditadura de Getúlio Vargas.
Voltaria aos cárceres em 1939, sendo mais uma vez torturado de forma brutal na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo, mas se negando a fornecer qualquer informação à polícia. Na CPI que investigaria os crimes do Estado Novo o médico Dr. Nilo Rodrigues deporia que, com referência a Marighella, nunca vira tamanha resistência a maus tratos nem tanta bravura.
Recolhido aos presídios de Fernando de Noronha e Ilha Grande pelo seis anos seguintes, ele dirigiria sua energia revolucionária ao trabalho de educação cultural e política dos companheiros de cadeia.
Anistiado em abril de 1945, participou do processo de redemocratização do país e da reorganização do Partido Comunista na legalidade. Deposto o ditador Vargas e convocadas eleições gerais, foi eleito deputado federal constituinte pelo estado da Bahia. Seria apontado como um dos mais aguerridos parlamentares de todas as bancadas, proferindo, em menos de dois anos, cerca de duzentos discursos em que tomou, invariavelmente, a defesa das aspirações operárias, denunciando as péssimas condições de vida do povo brasileiro e a crescente penetração imperialista no país.
Com o mandato cassado pela repressão que o governo Dutra desencadeou contra o comunistas, Marighella foi obrigado a retornar à clandestinidade em 1948, condição em que permaneceria por mais de duas décadas, até seu assassinato.
Nos anos 50, exercendo novamente a militância em São Paulo, tomaria parte ativa nas lutas populares do período, em defesa do monopólio estatal do petróleo e contra o envio de soldados brasileiros à Coréia e a desnacionalização da economia. Cada vez mais, Carlos Marighella voltaria suas reflexões em direção do problema agrário, redigindo, em 1958, o ensaio “Alguns aspectos da renda da terra no Brasil”, o primeiro de uma série de análises teórico-políticas que elaborou até 1969. Nesta fase visitaria a China Popular e a União Soviética, e anos depois, conheceria Cuba. Em suas viagens pôde examinar de perto as experiências revolucionárias vitoriosas daqueles países.
Após o golpe militar de 1964, Marighella foi localizado por agentes do DOPS carioca em 9 de maio num cinema do bairro da Tijuca. Enfrentou os policiais que o cercavam com socos e gritos de “Abaixo a ditadura militar fascista” e “Viva a democracia”, recebendo um tiro a queima-roupa no peito. Descrevendo o episódio no livro “Por que resisti à prisão”, ele afirmaria: “Minha força vinha mesmo era da convicção política, da certeza (...) de que a liberdade não se defende senão resistindo”.
Repetindo a postura de altivez das prisões anteriores, Marighella fez de sua defesa um ataque aos crimes e ao obscurantismo que imperava desde 1o de abril. Conseguiu, com isso, catalisar um movimento de solidariedade que forçou os militares a aceitar um habeas-corpus e sua libertação imediata. Desse momento em diante, intensificou o combate à ditadura utilizando todos os meios de luta na tentativa de impedir a consolidação de um regime ilegal e ilegítimo. Mas, mantendo o país sob terror policial, o governo sufocou os sindicatos e suspendeu as garantias constitucionais dos cidadãos, enquanto estrangulava o parlamento. Na ocasião, Carlos Marighella aprofundou as divergências com o Partido Comunista, criticando seu imobilismo.


Em dezembro de 1966, em carta à Comissão Executiva do PCB, requereu seu desligamento da mesma, explicitando a disposição de lutar revolucionariamente junto às massas, em vez de ficar à espera das regras do jogo político e burocrático convencional que, segundo entendia, imperava na liderança. E quando já não havia outra solução, conforme suas próprias palavras, fundou a ALN – Ação Libertadora Nacional para, de armas em punho,  enfrentar a ditadura.
O endurecimento do regime militar, a partir do final de 1968, culminou numa repressão sem precedentes. Marighella passou a ser apontado como Inimigo Público Número Um, transformando-se em alvo de uma caçada que envolveu, a nível nacional, toda a estrutura da polícia política.

Na noite de 4 de novembro de 1969 – há exatos 30 anos -- surpreendido por uma emboscada na alameda Casa Branca, na capital paulista, Carlos Marighella tombou varado pelas balas dos agentes do DOPS sob a chefia do delegado Sérgio Paranhos Fleury.


Resumo biográfico

1911 - No dia 5 de dezembro, Carlos Marighella nasce na Rua do Desterro número 9, na cidade de São Salvador, Estado da Bahia. Seus pais são o casal Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos, e o imigrante italiano, o operário Augusto Marighella. Carlos teve sete irmãos e irmãs.

1929 - Marighella começa a cursar engenharia civil na antiga Escola Politécnica da Bahia, depois de haver estudado no Ginásio da Bahia, hoje Colégio Central. Numa e noutra escola, destaca-se como aluno, pela alegria e criatividade. São famosas suas diversas provas em versos.



1932 - Ingressa na Juventude Comunista. O Partido Comunista havia sido criado em 1922. Com a revolução de 30 uma grande efervescência política varria o Brasil. Marighella participa de manifestações contra o regime autoritário e o interventor Juracy Magalhães. Inconformado com versos de Marighella que o ridicularizavam, Juracy manda prendê-lo e espancá-lo.

1936 - Abandona o curso de engenharia e vai para São Paulo a mando da direção, reorganizar o Partido Comunista, que havia sido gravemente reprimido após o levange de 1935. É, porém, novamente preso e torturado durante 23 dias pela Polícia Especial de Felinto Muller.

1937 - Marighella é libertado pela anistia assinada pelo ministro Macedo Soares e, quatro meses depois, Getúlio dá o golpe e instaura o Estado Novo. Na clandestinidade, Marighella é encarregado da difícil tarefa de combater as tendências internas dissidentes da linha oficial do PCB em São Paulo.

1939 - Preso pela terceira vez, é confinado em Fernando de Noronha. Na cadeia, os revolucionários presos organizam uma universidade popular e Marighella dá aulas de matemática e filosofia.

1942 - Os presos políticos vão para a Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro, porque Fernando de Noronha passa a ser usada como base de apoio das operações militares dos aliados no Atlântico Sul.

1943 - Na Conferência da Mantiqueira, Marighella, mesmo preso, é eleito para o Comitê Central. O Partido Comunista adota linha de apoio ao governo Vargas em razão da entrada do Brasil na guerra, posição de que ele discorda, embora a cumpra, por dever de militância.



1945 - Anistia, em abril, devolve à liberdade os presos políticos. Com a vitória das forças antifascistas, o PCB vai à legalidade e participa da eleição para a Constituinte. Marighella é eleito como um dos deputados constituintes mais votados da bancada..

1946 - Apesar do apoio de Prestes, o general Dutra, eleito Presidente da República, desencadeia repressão aos comunistas. Marighella participa ativamente da Constituinte com um dos redatores do organismo parlamentar. Conhece Clara Charf.

1947 -Ainda no primeiro semestre é fechada a União da Juventude Comunista. Depois, é o próprio Partido que é posto na ilegalidade. Marighela coordena a edição da revista teórica do PCB, Problemas e vive um relacionamento com dona Elza Sento Sé, que resulta no nascimento, em maio de 1948, de seu filho Carlos.

1948 - No início do ano são cassados os mandatos dos parlamentares comunistas. Marighella volta à clandestinidade. Data desse ano seu romance com Clara Charf, sua companheira até o fim da vida.

1949/1954 - Em São Paulo, Marighella cuida da ação sindical do PCB. Sob sua direção o PC se vincula aos operários, participa da campanha "O Petróleo é nosso" e organiza a greve geral conhecida como "dos cem mil" em 1953. Considerado esquerdista pela direção do Partido, é mandado em viagem à China. Lá é internado em razão de uma pneumonia. Depois, vai à União Soviética e volta ao Brasil em 1954.

1955 - A morte de Getúlio Vargas e o início do governo de Juscelino Kubistchek permitem que os comunistas, embora na ilegalidade, atuem de modo mais visível.

1956/1959 - O XX Congresso do PC da União Soviética . O PCB adota a linha da "coexistência pacífica" . A vitória da Revolução Cubana, porém, contraria frontalmente as posições do movimento comunista internacional.



1960/1964 - A renúncia de Jânio gera uma crise política. Jango toma posse e Marighella passa a divergir da linha oficial do PC, principalmente de sua política de moderação e subordinação à burguesia. Em 1962, divisão do PC dá origem ao Partido Comunista do Brasil - PC do B.

1964 - Com o golpe de abril, instaura-se a ditadura militar. Perseguido pela polícia, Marighella entra num cinema do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, e lá resiste aos policiais até ser diversas vezes baleado, espancado e finalmente preso. Sua resistência transformou sua prisão em um ato político que teve repercussão nacional. É solto depois de 80 dias, depois de um habeas corpus pedido pelo advogado Sobral Pinto.

1965 - Escreve e publica o livro "Por que resisti à prisão", em que aponta sua opção por organizar a resistência dos trabalhadores brasileiros contra a ditadura e pela libertação nacional e o socialismo.

1966 - Publica "A Crise Brasileira", onde aprofunda suas posições críticas à linha do PCB, prega a adoção da luta armada contra a ditadura, fundada na aliança dos operários com os camponeses.

1967 - Na Conferência Estadual de São Paulo as idéias de Marighella saem vitoriosas por ampla maioria - 33 a 3 -, apesar da participação pessoal e contrária de Luiz Carlos Prestes. Vendo que a derrota no VI Congresso era iminente, Prestes inicia um processo de intervenções nos Estados, para impedir a participação de delegados ligados à corrente de esquerda. Marighella viaja a Cuba para participar da conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade-OLAS. O PCB envia telegrama desautorizando sua participação e ameaçando-o de expulsão. Disso resulta uma carta dele rompendo com o Comitê Central do PCB e afirmando que ninguém precisa pedir licença para praticar atos revolucionários. Como represália, é expulso do Partido Comunista. Retorna ao Brasil e funda a Ação Libertadora Nacional-ALN e dá início à luta armada contra a ditadura militar.

1968 - Marighella participa diretamente de diversas ações armadas recuperando fundos para a construção da ALN. No primeiro de maio, em São Paulo, os operários tomam o palanque de assalto, expulsam o governador Sodrée realizam comemorações combativas do dia internacional dos trabalhadores. O Movimento estudantil toma conta das ruas em manifestações contra a ditadura que chegaram a mobilizar cem mil pessoas. Em outubro, porém, o Congresso da UNE é descoberto pela polícia e os estudantes sofrem grave derrota. Também no final do ano, torna-se conhecido o fato de que Marighella comandava parte das ações guerrilheiras.

1969 - No início do ano, a descoberta de planos da Vanguarda Popular Revolucionária - VPR pela polícia antecipa a saída do capitão Carlos Lamarca de um quartel do exército em Osasco, levando um caminhão carregado com armamento para a guerrilha. Em setembro o embaixador norte-americano é feito prisioneiro por um destacamento unificado com integrantes da ALN e do MR-8 e trocado por quinze presos políticos. No dia 4 de novembro, às oito horas da noite, Carlos Marighella caiu numa emboscada armada pelos inimigos do povo brasileiro em frente ao número 800 da alameda Casa Branca, em São Paulo, e foi assassinado. Sua organização, a ALN sobreviveu até 1974.



Guerrilha



Pertencemos à Ação Libertadora Nacional e o que propomos é derrubar pela violência a ditadura militar, anular todos os seus atos desde 1964, formar um governo revolucionário do povo; expulsar os norte-americanos, confiscar suas firmas e propriedades e as firmas e propriedades dos que com eles colaborarem; transformar a estrutura agrária do país, expropriando e extinguindo o latifúndio, dando terra ao camponês, valorizando o homem do campo; transformar as condições de vida dos trabalhadores, assegurando salários condignos, melhorando a situação das classes médias; assegurar a liberdade em qualquer terreno, do campo político ao campo cultural ou religioso; retirar o Brasil da condição de satélite da política externa dos Estados Unidos, colocá-lo no plano mundial como nação independente, reatar relações com Cuba e todos os demais países socialistas.Carta a D. Hérder Câmara - Agosto de 1969
“Em nome da Ação Libertadora Nacional envio esta saudação aos 15 patriotas resgatados em troca do embaixador norte americano Charles Elbrick seqüestrado em setembro no Rio de Janeiro (...) Foi esta uma das maneiras que os revolucionários brasileiros encontraram para libertar um punhado de patriotas que sofriam nas prisões do país os mais brutais castigos impostos pelos fascistas militares”.


Em maio de 1964 Marighella enfrenta agentes do DOPS no cine Esky, no Rio de Janeiro. Foi ferido no peito com um tiro a queima-roupa. 



Bravura


Presos políticos em Fernando de Noronha.
Marighella é o quarto, em pé, da esquerda para a direita. Gregório Bezerra e Agildo Barata, 1942.
Presos políticos na Ilha Grande: Entre eles estão Diogo Soares Cardoso, Juvenal de Brito, Arlindo Pinho, Antonio Bento Monteiro Tourinho, Marighella, Agliberto Vieira de Azevedo, David Capistrano, 8. Antonio Gouveia, Cesar Gonçalves da Silva, Joaquim Câmara Ferreira

PRESO



Com a adesão do governo Dutra aos Estados Unidos, no contexto da Guerra Fria, o registro do PCB e o mandato dos parlamentares eleitos sob sua legenda são cassados na virada para o ano de 1948. A polícia empastela seus jornais e os dirigentes comunistas passam a ser perseguidos e processados. Os avanços democráticos alcançados na Constituição promulgada em setembro de 1946 sofrem um retrocesso. Para Carlos Marighella tem início mais um período de clandestinidade que se estenderia por quase uma década.



Militante



Marighella abandona o curso de engenharia, transfere-se para o Rio de Janeiro e vai trabalhar na reorganização do Partido Comunista, esfacelado pela repressão desencadeada com o levante de 1935. Preso em 1o de maio de 1936, seria barbaramente torturado. Solto em julho do ano seguinte, cai na clandestinidade, sendo incumbido de reestruturar o partido em São Paulo. Novamente capturado pela polícia em maio de 1939 e condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional, permanece seis anos nos presídios de Fernando de Noronha e Ilha Grande. 


Juventude

Carlos Marighella ingressa no curso de engenharia da Escola Politécnica da Bahia em 1931. Datam desse período suas provas  escritas em verso. No ano seguinte, envolvido nas manifestações dos estudantes baianos em apoio ao movimento constitucionalista desencadeado a partir de São Paulo, é preso pela primeira vez. Libertado, participa das articulações da Juventude Comunista em Salvador



família

"Minha avó era negra haussá,
ela veio   foi da África,
num navio negreiro.
Meu pai veio foi da Itália,
operário imigrante.
O Brasil  é mestiço,
mistura de índio,
de negro, de branco".

Carlos Marighella


Assassinado

Quatro de novembro de 1969, terça-feira. Como de outras vezes, Marighella marcara um ponto com os freis dominicanos Ivo e Fernando na altura do número 806 da Alameda Casa Branca. Passava um pouco das oito da noite e os frades, que haviam sido presos e torturados, estavam lá, levados pela polícia. Naquele momento Marighella não poderia supor que ia cair numa emboscada. Sob o comando do delegado Sérgio Fleury, 29 agentes fortemente armados haviam cercado o local e aguardavam sua chegada.




“Para Marighella, tudo parecia normal enquanto caminhava lentamente em direção ao carro – até estourar a fuzilaria. O primeiro tiro que o atingiu atravessou as suas nádegas; o segundo, acertou-lhe a virilha; o terceiro, feriu de raspão o seu rosto. Caído no meio da rua, imobilizado pelos ferimentos, foi cercado e executado às queima-roupa com um quarto tiro. Em um reflexo defensivo, elevou a mão e teve um dos dedos estraçalhado pela bala que lhe perfurou o pulmão e a aorta, provocando-lhe hemorragia interna e morte instantânea.”  


O ESTADO RECONHECE O CRIMEEm 11 de setembro de 1996, por 5 votos a 2, a Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça condenou a ditadura militar pela morte covarde de Carlos Marighella. Concluiu que ele foi assassinado por um tiro a curta distância, depois de imobilizado por três disparos não fatais. Além disso, a polícia tinha controle absoluto sobre a área onde foi morto, caracterizando-a como uma dependência do Estado, o qual deve zelar por quem se encontra sob sua responsabilidade.


EM CUBA

Entre 31 de julho e 10 de agosto de 1967, realizou-se em Havana a Conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade – OLAS. Marighella, que se encontrava na capital cubana, participa do encontro e declara a opção pela guerrilha, a seu ver, caminho fundamental – mas não exclusivo – da revolução no continente.De volta ao Brasil, lança O Guerrilheiro, jornal do agrupamento comunista de São Paulo, grupo dissidente do PCB que deu origem à Ação Libertadora Nacional -  ALN - organização que irá desencadear ações armadas a partir de 1968,

Resgatado

Após a autópsia realizada em sigilo, o corpo de Carlos Marighella foi levado para o cemitério de Vila Formosa escoltado por duas viaturas do DOPS. Além dos quinze agentes armados de metralhadoras impedindo que alguém se aproximasse do local, somente os coveiros que realizaram o sepultamento puderam presenciá-lo.


Constituinte


Eleito deputado federal constituinte pela Bahia em dezembro de 1945, Marighella seria o autor de grande parte das emendas apresentadas pela bancada do PCB. Com atuação marcada pela combatividade, fez do plenário uma tribuna de denúncias da injustiça social e da violência contra os trabalhadores. A situação dos operários e camponeses de todo o país - em especial os de sua terra natal – e a luta contra os baixos salários, eram os alvos preferenciais do parlamentar comunista.


“Democracia é assegurar todos os direitos a que o povo faz jus;
democracia não é dizer, apenas,
que se trata do presidente de todos os brasileiros. Demagogia, sim, é declarar-se presidente de todos os brasileiros, mas não lhes manter os direitos. Se o Parlamento não se  revoltar, não mostrar que tem fibra para se opor a todos e quaisquer atos do Executivo que visem anular
os sagrados direitos do povo, não
evidenciar o seu desejo de garantir a democracia, para que o Brasil possa tornar-se independente – então poderemos dizer que teremos fracassado”.2/11/1946     
“Sabemos, e o povo sabe perfeitamente, que nada se pode esperar dos ‘salvadores’; o povo tem de agir por si mesmo, precisa organizar-se e colaborar com aqueles que estão, realmente, com ele, com aqueles que pretendem resolver seus problemas e que, na prática, são a seu favor, a fim de que sejam os mesmos solucionados”.  18/2/1946


A guerrilheira que mandava em Carlos Marighella

Zilda Xavier e Carlos Marighella: a primeira-dama da guerrilha e o revolucionário 

sedutor. Ela era a chefe da logística e ele, da ideologia

Lábios que eu beijo mordendo
como se fossem dois frutos
da mesma cor e sabor
dos frutos do jamelão.


Os versos acima, do poema “Morena”, de 1966, são do maior líder guerrilheiro da história brasileira, Carlos Marighella, criador da Ação Libertadora Nacional e assassinado por policiais comandados por Sérgio Paranhos Fleury, aos 56 anos, em 1969, na capital paulista. O mulato baiano, charmoso, atraía as mulheres. O escritor Jorge Amado disse que todas as mulheres do autor do célebre “Minimanual do Guerrilheiro Urbano”, que incendiou o mundo, “o quiseram intensamente”. Pelo menos duas belas mulheres se apaixonaram pelo líder da esquerda: a aeromoça judia Clara Charf e Zilda Xavier Pereira. A segunda se tornou uma espécie de sua porta-voz na ALN e entre os cubanos. Era a morena bonita e sensual que, de algum modo, “liderava” o famoso comunista.

A beleza de Zilda Xavier não encantava apenas o chefão da ALN. Em Cuba, um militante engraçou-se com o charme da guerrilheira e elogiou suas formas. Ao saber da história, Marighella recomentou que “sua” garota não mantivesse mais contato com o “aliado”. Iara, filha de Zilda Xavier, disse: “O pançudo está com ciúme”. No estilo dos revolucionários russos de 1917, Marighella, o “semeador de paixões”, não tinha nenhum amor pelo casamento no papel. As histórias do “indivíduo” estão contadas na excelente biografia “Marighella — O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo” (Com­panhia das Letras, 732 páginas), do jornalista Mário Maga­lhães. Conto mais uma espécie de vida “íntima” dos guerrilheiros porque os temas tidos como principais foram destrinçados pelos jornais de São Paulo e Rio de Janeiro.

“Dona de uma ‘beleza agressiva, de pele morena’”, Zilda Xavier mesmerizou Marighella, que provavelmente continuou, democrático, amando Clara Charf. “O coração de Marighella era grande como a palma das suas mãos enormes”, escreve Mário Ma­ga­lhães, a partir de insinuação de Jorge Amado. Carlos Eugênio da Paz, último comandante da ALN, diz que a guerrilheira “exibia ‘um encanto grande, porque era uma mulher de fibra, de uma beleza meio cabocla”. Preferia “música de fossa” e Marighella apreciava “música sacudida”. O chefe da guerrilha não bebia. Como Zilda Xavier gostava de caipirinha, ele dizia: “Pau-d’água!”

Aos poucos, como Marighella tinha de orientar a guerrilha, dar-lhe o norte ideológico, Zilda Xavier, a “Carmem”, passou a comandar a logística. “As tarefas importantes Marighella botava Zilda para fazer”, conta Carlos Eugênio. “Era uma pessoa em que ele depositava a maior confiança”, corroborou I­toby Junior. Joaquim Câmara Ferreira, segundo homem da ALN em termos de poder, queixava-se: “Não adianta propor nada ao Marighella, porque ele só faz o que a Carmem quer”. “Ela não se limitava a coordenar a organização no Rio: viajava o Brasil inteiro, sobretudo para São Paulo, onde contatava os frades dominicanos no convento. (...) Se o conhecimento de informações relevantes é critério de poder, os três militantes mais poderosos da ALN foram Marighella, Câmara e Zilda.”

Mário Magalhães relata que “as duas primeiras delegações da ALN despachadas para Cuba usufruíram da estrutura montada por Zilda, como a casa de recepção no bairro carioca da Tijuca. ‘Ela aglutinava todo mundo, era a nossa comandante’, diz Carlos Eugênio”.

Por ter forte ligação com mu­lheres, como Zilda Xavier, que era uma guerrilheira exemplar, Ma­righella não gostou quando os cubanos proibiram as mulheres de participaram do treinamento rural, “confinando-as na guerrilha urbana”. “Revolu­cio­nário não tem sexo”, reagiu o brasileiro. Mais tarde assassinada em Rio Verde, Goiás, Maria Augusta Tho­maz (biografada pelo jornalista goiano Renato Dias) era uma atiradora emérita. “Guerrilheira nata, ativava a trinta metros e acertava a testa”, contou José Dirceu. Ela treinou em Cuba, em 1970. Isis Dias de Oliveira era especialista em explosivos. Mário Magalhães assinala que “os acusados do sexo feminino nos processos judiciais focados na ALN representaram 15,4%”.

Fidel Castro e Marighella eram aliados. Mas o líder da ALN rejeitava o controle do castrismo: “E quem disse que os cubanos mandam no Brasil?”. Como os dirigentes da ilha começavam a escolher seus líderes entre os brasileiros, Marighella, “para peitar os cubanos, despachou Zilda, a dirigente em quem depositava confiança irrestrita. ‘Carlos me mandou avisar os cubanos que o comandante era ele’”. A ida para Cuba também tinha o objetivo de repatriar o “2º Exército” guerrilheiro para combater a ditadura civil-militar.

Mais cuidadosa do que Mari­ghella, que parecia ter uma autoconfiança ilimitada, Zilda Xavier sugeriu que não se encontrasse mais com os dominicanos. Nada tinha contra os frades, mas avaliava que a rede ALN-religiosos era por demais conhecida e havia muitos guerrilheiros presos. Certa feita, Zilda Xavier viu o filme “O Grande Golpe”, de Stanley Kubrick, e contou a história para Marighella, que viu o filme e, siderado, planejou um assalto a partir da criação artística do cineasta americano.

Por que, se era a primeira-dama da guerrilha, Zilda Xavier sobreviveu? Porque os militares não sabiam de sua ligação íntima com Mari­ghella. Por isso escapou de ser outra Iara Iavelberg, a paixão de Carlos Lamarca. Tortu­rada, nada revelou: “Eu via o Marighella na minha frente. Pen­sava: ‘Carlos Marighella não é homem para ser traído, eu jamais trairei Carlos Marighella”. Ao ser presa, em 1970, Marighella já estava morto.

O “Minimanual do Guerrilheiro Urbano” começou sua jornada internacional por Cuba. Zilda levou o opúsculo para a ilha de Fidel Castro em 1969. “O transportou colando suas páginas às da revista ‘O Cruzeiro’. Na virada para no­vembro [de 1969], a Rádio Havana leu trechos. Em março de 1979, as Éditions du Seuil o publicaram em Paris, o governo francês proibiu-o, e 24 editoras se uniram para o relançamento que nocauteou a censura.” Em 1971, a CIA concluiu que Marighella, com seu livrinho, havia substituído Che Guevara e Régis Debray  “como o teórico principal da revolução violenta no hemisfério”. O livro “incendiou” o mundo — daí o título do livro de Mário Magalhães.
www.jornalopcao.com.br




Sem comentários: