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quinta-feira, 14 de abril de 2016

A intermitência dos impactos segundo Cristas


1. Assunção Cristas criticou recentemente o Governo por «aumentar a taxa sobre os combustíveis sem ter a preocupação de avaliar em concreto o seu impacto no quotidiano das empresas». Curiosamente, não me lembro de ter ouvido o clamor da presidente do CDS/PP quando a gasolina e o gasóleo estavam 16% mais caros (o famoso pico, em Julho de 2014, como mostra o gráfico do Nuno Oliveira, retirado deste post de leitura imprescindível), nem quando a coligação PÀF fez incidir, em 2015, o aumento do imposto em preços dos combustíveis acima dos valores actuais (+12,1% no caso do gasóleo e +2,2% no caso da gasolina). Ou seja, silenciando assim, também nesse momento, uma eventual preocupação com os tais «impactos no quotidiano das empresas».

2. Não devemos, contudo, ficar surpreendidos. A mesma Assunção Cristas, hoje presidente do CDS/PP, foi ministra de um governo que prometeu «ética social na austeridade», ao mesmo tempo que procedia a cortes drásticos no Rendimento Social de Inserção (RSI) e no Complemento Solidário para Idosos (CSI), gerando um aumento sem precedentes dos níveis de pobreza e desigualdade em Portugal. Ou seja, ministra de um governo que fez cortes no Estado Social sem ter tido qualquer «preocupação de avaliar, no concreto», o impacto desses corte no «quotidiano das famílias», sobretudo as de classe baixa e média-baixa.

3. As famílias, ah... as famílias... e o «partido das famílias». O tal partido, agora com Cristas ao leme, que prometeu nas legislativas de 2011 a criação de um «Visto Familiar», uma espécie de selo de garantia para que todas as políticas do Governo em que Cristas foi ministra nunca pudessem ir contra os interesses das famílias. Um «Visto» que contudo nunca se chegou a ver, ou que nunca se quis mostrar, talvez para evitar a «avaliação de impacto» da austeridade no «quotidiano das pessoas e das famílias», em resultado dos cortes em salários e pensões, da desregulação do mercado de trabalho e da degradação deliberada dos serviços públicos de educação e saúde.

Quem quiser saber se o CDS-PP está no governo (ou na oposição), não precisa consultar as estatísticas eleitorais. Basta estar atento à intermitência volátil das suas preocupações com o quotidiano das empresas, das pessoas e das famílias. E se mesmo assim subsistirem dúvidas, espreitem o «pacote de políticas amigas das famílias» recentemente anunciado pelo CDS/PP de Assunção Cristas.


ladroesdebicicletas.blogspot.pt

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