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quinta-feira, 2 de maio de 2013


Governo autoritário de fanáticos


No rescaldo de um dia 1º de Maio em que o que faz de primeiro-ministro de Portugal, quando é, na verdade, moço de recados da potência ocupante, tentou de forma insolente contrapor às manifestações de trabalhadores, um patético, acanalhado e interminável comício que as “suas” televisões foram transmitindo e repetindo, e repetindo, e repetindo... até à náusea, saúdo as trabalhadoras e trabalhadores (com ou sem emprego) que durante este dia (e todos os dias do ano) não se conformam nem se rendem.
Um pouco mais de um terço da minha vida foi passado sob um regime fascista. Para ser exacto, 22 anos. Só nos últimos comecei a ganhar consciência daquilo que me rodeava e a procurar as vias de escape àquela cinzenta realidade. Um bom punhado de pessoas ajudou. A música ajudou!
Embora curta, a minha memória (consciente) do fascismo traz-me estórias típicas dessa época. Como a de coronéis, ou generais, ou simples directores de escola, ou chefes de repartição que, com a displicência que o poder absoluto lhes permitia, tinham a possibilidade de castigar, a seu bel prazer, qualquer um dos seus “subordinados”... nem que fosse apenas por terem acordado mal dispostos.
Ai de quem ousasse questionar o castigo... nem que fosse com um “mas”. A cada “mas”, o castigo ia crescendo exponencialmente, não sendo estranho ver uma pequena punição que tinha começado com umas horas de suspensão de um qualquer direito, acabar transformada numa pena de vários dias ou semanas, humilhação pública... ou bem pior.
É exactamente isso que me vem à memória ao ver que os anunciados – e parcialmente chumbados – cortes de 4.000 milhões nos deveres do Estado, depois da “intolerável” contestação que sofreram, serem transformados em cortes de mais de 6.000 milhões. Por puro revanchismo. Pura arrogância. Pura provocação. Pura demonstração gratuita de poder.
Os antigos directores de escola, superiores hierárquicos na velha Função Pública, polícias, autoridades militares, a PIDE e, no topo de todos, Salazar...tinham a grande “desculpa” de serem fascistas.
Embora seja uma pergunta “armadilhada” com uma resposta óbvia... pergunto-me que raio de desculpa terá esta canalhada que nos governa... 39 anos depois da Revolução de Abril.

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