O arco
Embora este texto vá para o ar apenas às 00:01 do dia 23 de Maio do ano da (des)graça de 2013, estou a escrevê-lo umas horas antes, entre as 21 e as 21:30 do dia 22. Feita esta precisão, estava sentado ao computador, decidido a escrever sobre outra coisa (que ficará para mais logo), não podendo evitar a intrusão do áudio de uma entrevista televisiva, na RTP1, ao - chamemos-lhe assim – ministro da – chamemos-lhe assim – economia.
Entre as suas costumeiras baboseiras sobre investimento, crescimento, apoio às pequenas e médias empresas... e demais vacuidades que, horas depois, o ministro das finanças, ou o primeiro-ministro se encarregam de ignorar, quando não mesmo desmentir taxativamente (e “taxativamente” tem aqui um significado bastante literal) Álvaro Santos Pereira falou, mais do que uma vez, nos “partidos do arco governativo”.
Sempre que alguém, político ou comentador (quase sempre de direita) debita esta frase-feita, não imagina a brotoeja que me assalta!
Talvez não exista no léxico jornalístico-político um conceito mais reaccionário, anti-democrático e política e socialmente mais arrogante do que este!
Sempre que alguém deita esta atoarda pela boca fora, está a referir-se exclusivamente ao PS, ao PSD e ao CDS. Alegre e arrogantemente, deixa de fora de qualquer solução governativa os portugueses que são representados pelos partidos que, à esquerda, representam (segundo as últimas sondagens) mais de vinte por cento dos eleitores. É obra!
Que esta estirpe de “democracia” formal (ou em formol) deixa muito a desejar, já se sabia. Que isto seja dito na televisão por um ministro que, segundos antes, estava a afirmar que o seu governo quer dialogar com todos os partidos políticos, é, para além de tudo o mais... patético!
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