Excertos de cartas dirigidas a familiares
Ele é tão belo, o mar...
E depois, quando em pequeno[,] quanta vez adormeci ouvindo o seu meigo cantar sonoro e brando.
Quanta vez, à meia noute o seu rugir leonino, o seu ulular majestoso, titânico, de lutador enorme, quanta vez me acordou sobressaltado.
Em casa tudo dormia, eu bem me lembro; as janelas batidas pelo vento rangiam nos caixilhos, e pela porta, que comunica com a cozinha, vinha uma lufada de ar frio, que parecia trespassar-me, fazendo estrondo incrível.
Além pela janela que ficava meia aberta, para que a luz do dia nos advertisse da hora a que nos devíamos levantar, entrava de espaço a espaço a claridade sulfurosa, e azulada, de um relâmpago que iluminava sinistramente o quarto. Depois tudo era treva novamente.
Além do canto do quarto escuro parecia-me que saíam fantasmas de formas horrendas e enormes, cuja cabeça de uma tez avermelhada escura, mais negra que o tijolo, onde sobressaíam dois olhos de um fulgor estranho e uma boca enorme, quase sem fundo com laivos de sangue e grandes dentes irregulares e amarelos, os cabelos empastados e hirsutos, cuja cabeça, digo, parecia erguer-se além do tecto...........................................................................................................................................................
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E o mar serenava por um instante e as sombras iam-se.
E eu esperava ansioso que ao silêncio se seguisse o seu marulhar sinistro e angustioso, e n'estes momentos tão longos de ansiedade estremecia se o estalar da madeira, ressequida do ar do mar e novamente humedecida da tempestade, se fazia ouvir, ou se, algum prato mal seguro na prateleira, descaía, fazendo ouvir um rumor, quase imperceptível n'outra ocasião e medonho n'aquela.
E desejava novamente o doido assobiar do vento e o cavo marulhar do mar.
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E ele vinha e com ele, novamente, os fantasmas. Eu tinha medo e gozava ao mesmo tempo...
E depois, quando em pequeno[,] quanta vez adormeci ouvindo o seu meigo cantar sonoro e brando.
Quanta vez, à meia noute o seu rugir leonino, o seu ulular majestoso, titânico, de lutador enorme, quanta vez me acordou sobressaltado.
Em casa tudo dormia, eu bem me lembro; as janelas batidas pelo vento rangiam nos caixilhos, e pela porta, que comunica com a cozinha, vinha uma lufada de ar frio, que parecia trespassar-me, fazendo estrondo incrível.
Além pela janela que ficava meia aberta, para que a luz do dia nos advertisse da hora a que nos devíamos levantar, entrava de espaço a espaço a claridade sulfurosa, e azulada, de um relâmpago que iluminava sinistramente o quarto. Depois tudo era treva novamente.
Além do canto do quarto escuro parecia-me que saíam fantasmas de formas horrendas e enormes, cuja cabeça de uma tez avermelhada escura, mais negra que o tijolo, onde sobressaíam dois olhos de um fulgor estranho e uma boca enorme, quase sem fundo com laivos de sangue e grandes dentes irregulares e amarelos, os cabelos empastados e hirsutos, cuja cabeça, digo, parecia erguer-se além do tecto...........................................................................................................................................................
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E o mar serenava por um instante e as sombras iam-se.
E eu esperava ansioso que ao silêncio se seguisse o seu marulhar sinistro e angustioso, e n'estes momentos tão longos de ansiedade estremecia se o estalar da madeira, ressequida do ar do mar e novamente humedecida da tempestade, se fazia ouvir, ou se, algum prato mal seguro na prateleira, descaía, fazendo ouvir um rumor, quase imperceptível n'outra ocasião e medonho n'aquela.
E desejava novamente o doido assobiar do vento e o cavo marulhar do mar.
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E ele vinha e com ele, novamente, os fantasmas. Eu tinha medo e gozava ao mesmo tempo...
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