Depois da declaração de guerra dos EUA contra o Japão em 1941, o governo de Franklin D. Roosevelt assinou a Ordem Executiva 9066, que concedeu a secretaria de guerra o poder de designar certas áreas do país como zonas militares e decretou o translado e internamento dos japoneses residentes no país –inclusive de segunda e terceira geração, nissei e sansei respectivamente, com a cidadania americana– em campos de reassentamento.
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A suspeita de que o ataque a Pearl Harbor tinha recebido a ajuda de japoneses residentes e o medo a que os cidadãos de origem japonesa agissem como quinta coluna, justificou a criação destes campos.
Em 1942, a autoridade de Realocação de Guerra, o organismo responsável pela detenção e o translado, tinha construído dez campos em sete estados e transferido a eles mais de 100.000 pessoas.
Em 1942, a autoridade de Realocação de Guerra, o organismo responsável pela detenção e o translado, tinha construído dez campos em sete estados e transferido a eles mais de 100.000 pessoas.
Paralelamente à lei de internamento, o Departamento de Guerra emitiu uma ordem para que licenciassem todos os soldados de ascendência japonesa do serviço ativo. Como no Havaí os cidadãos de origem japonesa supunham mais de um terço da população total, a medida de internamento não teve a mesma rigorosidade que no continente e algumas centenas ficaram na Guarda Nacional do Havaí.
Este pequeno grupo foi transladado a um acampamento do continente e ali teve que superar centenas de provas, demonstrar sua valia e jurar morrer pelos EUA. Vinte e cinco deles foram levados a Cat Island, no Golfo de México, para cumprir uma missão secreta
Este pequeno grupo foi transladado a um acampamento do continente e ali teve que superar centenas de provas, demonstrar sua valia e jurar morrer pelos EUA. Vinte e cinco deles foram levados a Cat Island, no Golfo de México, para cumprir uma missão secreta
Em novembro de 1942, instalaram na Cat Island um campo de treinamento para cães do Corps K-9 (Corpo de cães das Forças Armadas americanas criado em 1942). Diferente de outros campos de treinamento onde se adestrava cães para serem utilizados em trabalhos de vigilância, rastreamento ou como mensageiros, em Cat Island eram treinados para serem cães de ataque contra os japoneses.
Esta "brilhante" ideia foi de um refugiado suíço chamado William A. Prestre que assegurava que podia adestrar cães para que atacassem só japoneses -segundo o adestrador os japoneses tinham um cheiro diferente que os cães podiam reconhecer- e o Exército acreditou nesta bobagem.
Esta "brilhante" ideia foi de um refugiado suíço chamado William A. Prestre que assegurava que podia adestrar cães para que atacassem só japoneses -segundo o adestrador os japoneses tinham um cheiro diferente que os cães podiam reconhecer- e o Exército acreditou nesta bobagem.
Ademais, a escolha da Cat Island para estabelecer o campo de treinamento não foi uma casualidade, nela se recriavam as condições climatológicas e de vegetação das centenas de ilhas japonesas do Pacífico.
O disparatado plano -a versão canina de Normandia- consistia num desembarque nas praias japonesas primeiro por galgos, que por sua rapidez deveriam acabar com os ninhos de metralhadoras e morteiros, depois com cães pastor alemão que provocariam o caos entre as filas nipônicas e, por último, uma remessa de cães grandes como o Dogue alemão que provocaria uma carnificina. Mais tarde, os fuzileiros só teriam que arrematar o que restasse. Segundo William Prestre, precisaria entre 30.000 e 40.000 cães para poder completar seu plano.
Quando prepararam o campo e enviaram a primeira remessa de cães, Prestre, ajudado por vários soldados, começou a primeira etapa de seu plano: aumentar a agressividade doa cães.
O disparatado plano -a versão canina de Normandia- consistia num desembarque nas praias japonesas primeiro por galgos, que por sua rapidez deveriam acabar com os ninhos de metralhadoras e morteiros, depois com cães pastor alemão que provocariam o caos entre as filas nipônicas e, por último, uma remessa de cães grandes como o Dogue alemão que provocaria uma carnificina. Mais tarde, os fuzileiros só teriam que arrematar o que restasse. Segundo William Prestre, precisaria entre 30.000 e 40.000 cães para poder completar seu plano.
Quando prepararam o campo e enviaram a primeira remessa de cães, Prestre, ajudado por vários soldados, começou a primeira etapa de seu plano: aumentar a agressividade doa cães.
Completada a primeira etapa, começava o desafio mais difícil: que distinguissem os japoneses e só atacassem eles. Foi aqui é onde cobraram protagonismo os 25 nisei que tínhamos deixado de um lado no primeiro parágrafo. Como eram poucos os prisioneiros de guerra nipônicos, decidiram usar como cobaia os que tinham em suas próprias filas; de modo que, vestiram estes 25 soldados com o uniforme do exército japonês e durante três meses foram a isca para os cães.
Ray Nosaka, um dos 25 voluntários, contou que, ainda que usavam proteções, muitas vezes eram mordidos pelos cães; em outras ocasiões, escondiam-se e os cães deviam encontrá-los. Ele disse que muitas vezes tinha vontade de emboscar e matar um cão, mas que logo reconsiderava porque sabia que a culpa não era do animal.
Depois de vários meses de treinamento, os oficiais pediram-lhe a Prestre que preparasse uma demonstração para ver o resultado de seu treinamento. Logicamente, os cães mostraram-se incapazes de distinguir os solados de origem japonês do restante.
Ray Nosaka, um dos 25 voluntários, contou que, ainda que usavam proteções, muitas vezes eram mordidos pelos cães; em outras ocasiões, escondiam-se e os cães deviam encontrá-los. Ele disse que muitas vezes tinha vontade de emboscar e matar um cão, mas que logo reconsiderava porque sabia que a culpa não era do animal.
Depois de vários meses de treinamento, os oficiais pediram-lhe a Prestre que preparasse uma demonstração para ver o resultado de seu treinamento. Logicamente, os cães mostraram-se incapazes de distinguir os solados de origem japonês do restante.
Deram-lhe uma segunda oportunidade e, depois de outros estrepitoso fracasso, em 2 de fevereiro de 1943 despediram àquele farsante e cancelaram o projeto de invasão canina.
A 828° Companhia de Substituição de Pombos-Correio moveu--se à ilha e os 400 cães que tinham sofrido aquele brutal treinamento/castigo foram reeducados para servir como cães portadores de gaiolas para transportar pombas.
A 828° Companhia de Substituição de Pombos-Correio moveu--se à ilha e os 400 cães que tinham sofrido aquele brutal treinamento/castigo foram reeducados para servir como cães portadores de gaiolas para transportar pombas.
VÍDEO
Os 25 voluntários? Em 1º de fevereiro de 1943, o governo americano revogou a ordem permitindo que cidadãos de origem japonesa, de segunda e terceira geração, fizessem parte das Forças Armadas. Todos aqueles 25 que passaram vários meses sendo mordidos por cães se alistaram no 442º Regimento de Combate composto quase em sua totalidade por soldados de origem nipônica.
Durante toda a guerra, 14.000 soldados de origem japonesa lutaram contra os alemães na Itália, França e Alemanha. Por uma dessas ironias da vida, o 442º foi o mais condecorado com distinções ao mérito em toda a história dos Estados Unidos: 18.143 condecorações. Dentre elas 21 Medalhas de Honra, a máxima condecoração militar dos EUA.
Durante toda a guerra, 14.000 soldados de origem japonesa lutaram contra os alemães na Itália, França e Alemanha. Por uma dessas ironias da vida, o 442º foi o mais condecorado com distinções ao mérito em toda a história dos Estados Unidos: 18.143 condecorações. Dentre elas 21 Medalhas de Honra, a máxima condecoração militar dos EUA.
Avanço rápido para 1988, quando Reagan assinou a Lei de Liberdades Civis onde concedia indenizações aos cidadãos americanos de origem japonesa que foram internados -leia-se presos-, durante a Segunda Guerra. A lei garantia a cada sobrevivente daquela estupidez 20 mil dólares e, ademais, com um pedido de desculpas pelo regime de reclusão baseado em "preconceitos raciais, histeria bélica e falta de liderança política".
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