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segunda-feira, 10 de junho de 2019

10 factos surpreendentes sobre o Mundo Antigo

Durante nossos anos de escola, aprendemos muito pouco sobe o Mundo Antigo, que em nossos currículos escolares basicamente só inclui Grécia e Roma Antigas. Mesmo sobre as civilizações mais conhecidas, acabamos recebendo informações não muito precisas e até opostas à realidade. É uma pena que normalmente apenas muito tempo depois de sairmos da escola percebemos quão interessante é aprender sobre a cultura e os costumes de civilizações que vieram bem antes de nós.
Vamos tentar suprir essa falta listando 10 fatos surpreendentes sobre o Mundo Antigo que, até mesmo se tivéssemos estudado a fundo quando éramos estudantes, provavelmente ainda não conheceríamos:

10. As civilizações antigas tinham mais relações entre si do que nós imaginávamos

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Romanos na China, indianos na Grécia, africanos na Inglaterra. Não se trata de turismo ou de movimentos migratórios atuais, e sim uma realidade no Mundo Antigo. Através de uma série de mecanismos, as pessoas do mundo antigo viajavam muito mais do que nós poderíamos imaginar. À exceção de uma vaga noção da Rota da Seda, que ligava o Oriente à Europa, não temos a menor ideia de quão extensas e empreendedoras as civilizações antigas eram.
Houve, claro, os exploradores fenícios, que provavelmente circunavegaram a África dois milênios antes de Vasco de Gama. Os cartagineses exploraram todas as terras ao norte até a Groenlândia e ao sul até a Serra Leoa, além de terem sido os responsáveis por difundir a cultura mediterrânica no continente africano.
Graças a Alexandre, o Grande, a cultura helenística alcançou todas as regiões até o território onde hoje ficam o Paquistão, a Índia e o Afeganistão. Depois da morte de Alexandre, os seus generais dividiram as conquistas do macedônio, o que marcou o início de séculos de transfusão cultural durante os quais cidades inteiras em estilo grego foram construídas na região de Báctria (hoje Afeganistão). Os reinos indo-gregos e greco-bactrianos conseguiram unir culturalmente o Ocidente e o Oriente, como observado em relíquias híbridas como estátuas de Buda vestindo toga e elementos da arquitetura grega encontrados no Paquistão. Com base em características como essas, é possível considerar que pelo menos alguns gregos se converteram ao budismo e misturaram suas crenças com as religiões indianas.
Os romanos também chegaram longe. Eles possuíam tropas em toda a extensão de seu império, o que incluía lugares um tanto quanto exóticos e afastados como a Mauritânia (país que fica na costa noroeste da África), uma terra conhecida por seus cavaleiros. Ao servir no exército romano, os mauritanos, assim como muitos outros guerreiros de territórios dominados por Roma, lutavam nos mais diversificados lugares – desde a Grã-Bretanha até a região da Dácia (no norte dos Bálcãs, atual Romênia, Moldávia, entre outros países). No entanto, o corpo militar romano não era o único local onde era possível encontrar essa improvável mistura cultural.
Há evidências da existência de postos romanos de comércio na região de Kerala, na Índia, já no século I aC. Durante o reinado do imperador Nero, exploradores romanos seguiram o curso do Rio Nilo e, acredita-se, podem ter viajado quase até a fronteira do Sudão do Sul com a Uganda, no coração da África Central. Porém, o feito possivelmente mais incrível dos romanos foi alcançado no ano de 166 dC. Os produtos de origem chinesa e romana já vinham, durante um bom tempo, sendo comercializados através de intermediários, provavelmente despertando curiosidade, tanto a leste quanto a oeste. Em 166 dC, embaixadores romanos a mando de Marco Aurélio traçaram a rota que as mercadorias faziam e foram capazes de chegar até a capital chinesa. Isso praticamente 12 séculos antes de Marco Polo.

9. Indianos antigos já realizavam cirurgias plásticas

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Ao contrário do que acontecia com gregos e romanos, muitos guerreiros na Índia Antiga não usavam capacetes de proteção no campo de batalha. Dada a natureza das guerras antigas, partes do rosto dos guerreiros, como orelhas e narizes, tinham uma tendência a ficar seriamente prejudicadas. Para lidar com esses traumas, os médicos hindus realizavam procedimentos que não ficavam devendo em praticamente nada em comparação com técnicas de cirurgia moderna.
Com os ferimentos de guerra, bem como punições severas para crimes menores levando embora os narizes de muitos indianos da época, os cirurgiões locais se tornaram hábeis em realizar procedimentos de rinoplastia. Os médicos especializados cortavam um pedaço de pele da testa do paciente, o qual era, em seguida, dobrado e implantado em cima das aberturas nasais para criar o novo nariz. Eram inseridos tubos ocos para formar as narinas enquanto o paciente se recuperava da operação. Cirurgias bem-sucedidas no nariz têm sido registradas desde o ano 500 aC.
Um procedimento mais horripilante, porém capaz de salvar vidas, era uma forma de sutura que os cirurgiões indianos empregavam. Costurar uma ferida intestinal ou abdominal era especialmente complicado naquela época porque o tradicional esquema de agulha de costura poderia perfurar e danificar ainda mais os órgãos feridos, impedindo a cura e abrindo espaço para uma infecção. A solução? Formigas bengali.
Elas mordem qualquer coisa que tocam com mandíbulas que mais parecem grampeadores de escritório. Os cirurgiões juntavam as partes do órgão danificado e cuidadosamente liberavam as formigas para morderem a região. Este processo funcionava exatamente como os modernos grampos cirúrgicos de hoje em dia. O médico, na sequência, cortavam os corpos das formigas, deixando as mandíbulas no corpo do paciente. No decorrer do tempo, o sistema imunológico da pessoa lentamente absorveria as mandíbulas, à medida que fosse se recuperando do ferimento.

8. Os gregos e os romanos praticam controle de armas

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Pode ser difícil de acreditar se você tiver visto recentemente à sequência do filme “300” ou qualquer outro que possua as batalhas antigas como elemento principal da trama, mas cidades gregas possuíam um rígido mecanismo de controle de armas. Apesar da natureza muitas vezes bélica da sociedade grega (ou talvez justamente por causa por causa dela), o porte de arma era proibido nos espaços públicos das polis antigas.
Uma máxima era seguida à risca – pelo menos em tese – pelas autoridades da Grécia Antiga: “As leis governam por si só. Quando as armas governam, elas matam a lei”. A proibição do porte de armas ajudou a garantir a igualdade em uma sociedade democrática ou republicana. A possibilidade de pessoas usarem suas armas para a intimidação era muito grande e prejudicaria a sociedade civil. Se alguém quisesse estar na cidade, deveria deixar suas armas do lado de fora. O porte de armas na assembleia pública ou ágora era considerado uma subversão às regras.
Para se ter uma ideia de quão a sério os gregos levavam o controle sobre o armamento de sua sociedade, o legislador grego Charondas, de Catania, na Sicília, responsável pela proibição da posse de armas de sua região, um dia voltou do interior para a cidade sem remover sua adaga. Ele tinha acabado de retornar de alguns conflitos contra bandidos na zona rural, mas a lei de Charondas era tão absoluta quanto seu comprometimento com ela. Tendo violado sua própria lei, Charondas acabou se suicidando publicamente com a mesma adaga da qual ele se esqueceu de se livrar ao retornar à cidade.
E, quando em Roma, faça como os… gregos. Os habitantes da Roma Antiga também eram proibidos de andar com armas dentro dos limites de sua cidade. Além de uma simples transgressão da lei, o porte de armas dentro do centro de uma cidade romana, ou seja, dentro dos pomérios, também era considerado um crime religioso.

7. Nero instituiu o sistema de combate ao fogo e brigada de incêndio

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Isso que é uma má reputação. A história popular gosta de se lembrar do imperador romano Nero por duas coisas que ele não fez: por começar e por comemorar um incêndio que destruiu grande parte da cidade de Roma. Para piorar a situação, isso é basicamente tudo que nos foi ensinado sobre esta figura histórica – pouquíssimo é comentado sobre os feitos que Nero efetivamente realizou, como, por exemplo, a implementação de reformas radicais para proteger a cidade de Roma de futuros incêndios.
Após o famoso incêndio de 64 dC (que Nero não começou), o imperador voltou para Roma de sua casa em Antium e organizou uma força-tarefa para ajudar os romanos afetados. No entanto, as verdadeiras inovações de Nero vieram durante a fase de reconstrução da cidade. Para prevenir futuros incêndios que pudessem causar tantos estragos assim, Nero implementou uma rigorosa legislação antifogo.
Antes de Nero, Roma era essencialmente um barril de pólvora no tamanho de uma cidade de grande porte. As ruas estreitas e os prédios de madeira construídos um em cima do outro permitiam uma rápida propagação do fogo, a ponto de sair do controle em instantes. A reconstrução que ocorreu após o Grande Incêndio seguiu as ordens de Nero: ruas muito mais largas, casas e edifícios construídos com pedra ou tijolos e limite de altura para as edificações.
Além disso, os aquedutos mais antigos foram desviados para um melhor fornecimento de água para o consumo da população para o combate a incêndios. Talvez mais importante de tudo, Nero formou uma grande brigada de vigias noturnos dedicada a manter a paz e o combate a incêndios. Graças aos planos do imperador, o desenvolvimento urbano de Roma tornou-se muito mais disciplinado e cuidadosamente planejado do que era antes.

6. A república como modelo de governo não foi inventada apenas em Roma

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Roma? República. Grécia? Democracia. Índia? Bem… Alguém sabe? Isso só comprova o fato de que a maioria de nós não recebeu muita educação em relação às estruturas governamentais da Índia Antiga. Enquanto a Índia Antiga certamente teve seu quinhão de déspotas, a região foi também o lar de um grande número de pequenas repúblicas.
Uma quantidade significativa de cidades indianas abraçou os ideais republicanos, como a representação política e a tomada de decisão coletiva, mais ou menos ao mesmo tempo em que a mais famosa república de Roma foi fundada. De acordo com o que se sabe hoje em dia, porém, os princípios republicanos de Roma e da Índia foram desenvolvidos de forma independente. Os primeiros registros de governo de estilo republicano na Índia datam de algum momento entre os anos 600 e 480 aC.
Apesar dos tamanhos reduzidos, algumas repúblicas indianas conseguiram até mesmo sobreviver ao contato com Alexandre, o Grande, no século 4 aC, e às tentativas de conquista posteriores do conhecido Império Gupta, que dominou o subcontinente indiano entre aproximadamente os anos de 550 e 320 aC. Mesmo tendo enfrentado dois dos maiores conquistadores da antiguidade, as repúblicas da Índia foram capazes de manter seu caráter de governo relativamente intocado até que a subversão e a desunião internas fez o que Alexander e Chandragupta não conseguiram: dar um fim às repúblicas.
Ao invés de força das armas, os reis vizinhos utilizaram táticas mais sutis como espiões e propaganda para fomentar a desordem entre os rivais republicanos. Como se confirmou na sequência, esse foi um plano muito bem bolado, dada a natureza já um tanto turbulenta das repúblicas. Divididas, as assembleias que regiam o sistema desmoronaram. Enquanto isso, facções rivais afirmavam o poder através de guerras civis e alianças com poderes externos, que, eventualmente, conseguiram dominar a região.

5. Em Roma, a sexualidade não era progressista e a homossexualidade não era aceita

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A licença sexual que de fato existia na sociedade romana antiga certamente não se estendia a qualquer coisa semelhante à homossexualidade moderna. Perguntar a opinião de um habitante da Roma Antiga sobre a homossexualidade seria como lhe pedir para se posicionar sobre a internet. O romano hipotético não teria o que falar em ambos os casos porque nenhum deles existia na Roma Antiga.
A sexualidade romana não era caracterizada por gênero, e sim determinada pelo “papel” que a pessoa desempenharia. Para um homem, o papel de ativo, penetrador, era geralmente aceitável, independentemente do sexo da pessoa penetrada. Ser passivo era considerado uma aberração para os homens (parece-lhe um discurso conhecido?), independentemente do gênero do seu parceiro. Como resultado, era perfeitamente possível para um homem e uma mulher cometer um ato “monstruoso” juntos.
O sexo oral realizado na mulher é uma excelente ilustração da mentalidade romana da época. Embora hoje muitos possam argumentar que o ato de cunilíngua está longe de ser considerado passivo por parte do homem, os romanos viam as coisas de uma forma diferente. Eles acreditavam que, em tal ato, a mulher estava simplesmente usando a boca do seu parceiro sexual para o prazer próprio, o que era considerado o fracasso da masculinidade. O sexo oral feito no homem (ou felação) era visto da mesma maneira. Um homem fazendo sexo oral em outra pessoa estava “sendo usado”. Isso era considerado uma desgraça, independentemente do gênero do seu parceiro sexual.
Em outras palavras, a sexualidade, para os romanos antigos, estava longe de ser progressista. A dicotomia ativo-passivo criou uma sexualidade altamente restritiva. As mulheres só poderiam ser penetradas enquanto os homens só poderiam ser penetradores. Praticamente qualquer outro ato sexual que fugisse dessa lógica era proibido. Além disso, enquanto era natural um homem querer penetrar qualquer coisa que se movesse, ele seria considerado anormal, pervertido e afeminado se quisesse dar prazer à sua esposa.

4. As últimas palavras de Julius César

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Muitos acreditam que, prestes a morrer devido à ação de seus assassinos, Júlio César tenha pronunciado as famosas palavras: “Et tu, Brute?” (“Até tu, Brutus?”). Mas a verdade é que o controverso ditador de Roma jamais disse existe tal coisa. William Shakespeare inventou a fala para que a sua versão fictícia de Júlio César a recitasse. Entretanto, até mesmo na peça de Shakespeare, “Até tu, Brutus?” não é a última fala de Júlio César (e sim “Então caia, César”).

Mas e quanto ao personagem real e histórico de César? Ele era, de fato, de classe alta e tinha tido uma educação formal. Na Roma Antiga, isso significava que Júlio César provavelmente se comunicava em grego – e não em latim, como insinua a famosa frase. Na realidade, Júlio César não estava muito familiarizado com o latim.
O único escritor antigo que menciona quaisquer últimas palavras do imperador nem mesmo era contemporâneo de Júlio César. Ele sugere que a vida do político romano terminou com um suspiro em grego dirigido a Brutus: “Kai su teknon”, uma frase de difícil tradução, mas cuja versão mais aceita significa “até você, meu filho?”. As fontes são confusas porque, afinal, trata-se de uma fofoca de 2 mil anos de idade, mas alguns rumores diziam que Brutus era filho bastardo de César (outros o consideram filho adotivo), enquanto outros ainda se referem a eles apenas como amigos.
Alguns historiadores afirmam que a frase, na realidade, nem se refere a Brutus, mas sim a todos que conspiraram contra ele e planejaram sua morte. Neste caso, a tradução da frase viraria uma espécie de ameaça e seria algo mais próximo a “Vocês serão os próximos, crianças”. Uma alternativa, embora menos poética, conta que César teria puxado sua toga sobre a cabeça enquanto seus agressores o esfaqueavam até a morte.

3. Os “povos bárbaros” eram simplesmente pessoas que não falavam grego

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Apenas o pensamento de “povos bárbaros” já traz à mente seres violentos e figuras terríveis tanto reais (como Átila, o rei dos hunos) quanto fictícios (como Conan, o bárbaro). No entanto, não era preciso matar pessoas inocentes ou destruir cidades inteiras para receber esse título. Isso porque, para os gregos antigos, “bárbaros” eram simplesmente os indivíduos que não falavam grego. Eles consideravam que o modo como os estrangeiros conversavam entre si se assemelhava a um balbuciar (“bar-bar-bar”) e apelidaram quem viesse de fora de “barbaroi”.
Na Grécia antiga, o termo não tem a conotação que carrega hoje (ou seja, de seres brutos e não civilizados). Os gregos não eram nacionalistas ao extremo a ponto de ignorar as glórias de outras civilizações, como a egípcia, a persa etc. Essas civilizações eram reconhecidas como magníficas, mas os seus habitantes de língua não grega ainda assim eram chamados de “bárbaros”. Os antigos romanos usavam o termo “bárbaro” da mesma maneira que os gregos. Aqueles que não viviam dentro do Império Romano e que fossem incapazes de falar latim eram chamados de bárbaros. Foi apenas no momento histórico em que a Antiguidade passou a dar lugar à Idade Média que o rótulo de “bárbaro” começou a assumir o seu significado pejorativo de selvageria, que mantém até hoje.
A religião cristã ocidental usava o termo para denominar todos os indivíduos que não se encontravam dentro de seus limites – ou seja, de eslavos a árabes, todos eram considerados bárbaros. Aqueles que não correspondiam ao padrão da cristandade eram “grosseiros” e “incultos”. O escritor francês Michel de Montaigne resumiu bem o significado histórico da palavra quando escreveu: “cada homem chama ‘barbárie’ aquilo que não é a sua própria prática”.

2. Os romanos não inventaram a crucificação

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Embora as narrativas que contam a paixão de Cristo tenham contribuído para fazer com que a execução por crucificação seja sinônimo de Roma Antiga em muitas mentes, a prática provavelmente se originou na Pérsia por volta do ano 500 aC. A partir daí, a punição extrema se espalhou para terras mais distantes como a Índia, o Egito, Cartago, a Macedônia, algumas terras celtas, assim como para Roma, entre outras regiões.
Pelo menos uma passagem do Velho Testamento bíblico sugere que os judeus da época já empregavam uma punição semelhante. Alexandre, o Grande, também havia mostrado a popularidade do ato ao invadir a cidade de Tiro e crucificar 2 mil de seus habitantes homens adultos, no século 4 aC. Na verdade, eram os cartagineses que talvez fizeram o uso mais extensivo da crucificação, e é provável que tenha sido a partir deles que os romanos adotaram a prática. Ao contrário de Cartago, que ocasionalmente crucificava seus próprios generais caso perdessem uma batalha, Roma não costumava crucificar seus próprios cidadãos.
Considerada a mais extrema sentenças de morte, a execução por crucificação era uma punição longa, cruel e dolorosa que os governantes do Império Romano reservavam para os seus piores criminosos, como Spartacus e seus companheiros rebeldes (além de, claro, Jesus). Os romanos, que viviam sempre com medo de revoltas de escravos devido à ampla utilização de tal forma de trabalho, responderam à revolta liderada por Spartacus com uma das maiores crucificações em massa da história. Na ocasião, aproximadamente 6 mil escravos rebeldes foram mortos na cruz ao longo da estrada de Roma a Cápua no ano de 71 aC.
Embora a crucificação fosse considerada demasiadamente abominável para ser usada contra os próprios cidadãos romanos, a prática não foi oficialmente abolida dentro do império até 438 dC.

1. A queda de Roma não acabou com o Império Romano

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Aprendemos na escola que, ao menos teoricamente, a dominação romana terminou em 476 dC, quando a cidade caiu e foi tomada por invasores hérulos, um povo germânico do sul da Escandinávia. No entanto, o novo saque a Roma nem foi um incidente tão significativo assim. A então capital do império, Constantinopla, há muito tempo já havia superado Roma em questão de riqueza, população e importância.
Na época de sua “queda”, a importância de Roma já tinha até sido suplantada, a oeste, pela cidade de Ravenna, a capital do Império do Ocidente. Outra razão pela qual a queda de Roma não foi tão catastrófica como se imaginava foi o general Flávio Odoacro, rei da tribo germânica dos hérulos, que depôs o último imperador romano do Ocidente. O militar bárbaro não queria, na realidade, mudar muito as coisas, ele só queria estar no comando. Odoacro fez questão de reconhecer o verdadeiro imperador em Constantinopla e manter o status quo.
Para um habitante qualquer de Roma, a vida continuou como de costume durante décadas após o fim do reinado do último imperador de Roma. Isso porque as tribos germânicas que passaram a governar a região já haviam feito parte do Império Romano como Estado-cliente – cuja população correspondia a uma considerável parte do contingente militar romano e era considerada “quase cidadãos”. Quando uma coalizão de bárbaros e romanos finalmente derrotou os hunos em 451, foi incrivelmente difícil dizer qual parte dos soldados era composta de romanos e quem dali era bárbaro.
O que de fato sacramentou o fim do Império Romano não foram as invasões estrangeiras, mas sim uma série de guerras civis que assolaram suas fronteira. O exército romano, com seu armamento, suas vestimentas e seus generais bárbaros, começou a lutar contra si mesmo cada vez mais, reduzindo o Império do Ocidente a incontáveis reinos rebeldes com apenas uma frágil união sob o comando de um punhado de senhores da guerra.
Independentemente do declínio do Império Romano do Ocidente, o do Oriente sobreviveu por mais mil anos, governando até grandes porções de terra hoje pertencentes à Itália em vários momentos durante esse tempo. 


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