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terça-feira, 28 de agosto de 2018

COMEÇO HOJE UMA SÉRIE DE PUBLICAÇÕES SOBRE A VIDA NOS OCEANOS - Imagens incríveis revelam detalhes da vida nos oceanos (EP 1)

A VIDA NOS OCEANOS (1)

(Fonte da imagem: Alexander Safonov/PetaPixel)
Você já conferiu no Tecmundo algumas imagens fantásticas do espaço, capturadas por observatórios e fotógrafos do mundo todo. Agora, é hora de espiar detalhes da vida de outro ambiente ainda muito desconhecido do ser humano: o fundo dos oceanos.
(Fonte da imagem: Alexander Safonov/PetaPixel)
As imagens abaixo são do fotógrafo Alexander Safonov, que mora em Hong Kong. Apesar de atuar como engenheiro de software, ele obteve uma licença de mergulho em 2002 e, a partir de 2004, começou a experimentar a fotografia submarina.
(Fonte da imagem: Alexander Safonov/PetaPixel)
Safonov costuma viajar muito e, por mais que já tenha visitado locais como as ilhas Galápagos e Raja Ampat, ele confessa que seu destino favorito continua sendo a migração anual de sardinhas na África do Sul. A razão é simples: cardumes enormes desse tipo de peixe sendo atacados constantemente por tubarões e golfinhos.
(Fonte da imagem: Alexander Safonov/PetaPixel)

Esse verdadeiro ciclone formado por peixes chega a ser assustador por causa de suas dimensões. 
Mas a julgar pela proximidade de Aburto frente aos animais, parece um bocado inofensivo.



















www.tecmundo.com.br

Oceanos estão enfrentando uma extinção em massa sem precedentes






“Agora mesmo estamos decidindo, quase sem querer, quais caminhos evolutivos permanecerão abertos e quais serão fechados para sempre. Nenhuma outra criatura jamais havia feito isso, e será, infelizmente, nosso legado mais duradouro”. Elizabeth Kolbert definiu assim o papel que estão desempenhando os seres humanos em A Sexta Extinção, o livro que ganhou o Prêmio Pulitzer no ano passado. 
O título é bastante expressivo: nos quase 4 bilhões de anos de história da vida na Terra, ocorreram cinco megaextinções, momentos em que muitos dos seres vivos foram arrastados de repente para a desaparição por vários cataclismos. E agora, segundo todos os dados recolhidos pela ciência, a civilização humana está causando uma nova extinção em massa: somos como o meteorito que dizimou os dinossauros do planeta.

Estamos provocando a agonia de numerosas espécies marinhas e escolhendo as que deixarão de evoluir no futuro


E as criaturas dos oceanos não vão conseguir se livrar. Estamos provocando a agonia de numerosas espécies marinhas e, como dizia Kolbert, escolhendo os seres aquáticos que ao desaparecerem deixarão de evoluir no futuro. A este ritmo, os grandes animais que vão povoar os mares dentro de milhões de anos não serão descendentes de nossas baleias, tubarões e atuns porque estamos matando todos eles para sempre. E do mesmo modo que o desaparecimento dos dinossauros deixou um vazio que demorou eras para ser preenchida pelos mamíferos, não sabemos o que vai ser da vida nos oceanos depois de serem arrasados.

“A eliminação seletiva dos maiores animais nos oceanos modernos, algo sem precedentes na história da vida animal, pode alterar os ecossistemas durante milhões de anos”, conclui um estudo apresentado nesta semana pela revista Science. Liderado por pesquisadores de Stanford, o trabalho mostra como esta sexta extinção está acontecendo com os seres aquáticos de maior tamanho. Um padrão “sem precedentes” no registro das grandes extinções e que com muita segurança acontece por causa da pesca: hoje em dia, quanto maior o animal marinho, maior a probabilidade de se tornar extinto.


O cálculo mais trágico compara essa extinção com o desaparecimento dos dinossauros, como explicado na Science

Como explicou para Materia o principal autor do estudo, Jonathan Payne, o nível de perturbação ecológica causada por uma grande extinção depende da percentagem de espécies extintas e da seleção de grupos de espécies que são eliminados. “No caso dos oceanos modernos, a ameaça preferente pelos de maior tamanho poderia resultar em um evento de extinção com um grande impacto ecológico porque os grandes animais tendem a desempenhar um papel importante no ciclo de nutrientes e nas interações da rede alimentar”, disse Payne, referindo-se a que os danos afetariam em cascata todos os ecossistemas marinhos.

Os cenários pessimistas preveem a extinção de 24% a 40% dos gêneros de vertebrados e moluscos marinhos; o cálculo mais trágico é comparável à extinção em massa do fim do Cretáceo, quando os dinossauros desapareceram, como explicado na revista Science.


Para os pesquisadores, é por causa da nossa forma de consumir ecossistemas: ocorreu com a extinção dos mamutes e acontece agora com a pesca


O trabalho deste investigador da Universidade de Stanford e seu grupo foi analisar o padrão de desaparecimento de 2.500 espécies nos últimos milhões de anos. Até agora, o tamanho dos animais marinhos não tinha sido um fator determinante nos cataclismos anteriores, mas nos nossos dias existe uma notável correlação. Para os pesquisadores, é evidente que isso acontece por causa da forma de consumir ecossistemas própria dos seres humanos. Foi o que aconteceu com a extinção dos mamutes e agora acontece com a pesca: cada vez que entramos em um ecossistema primeiro acabamos com os pedaços maiores e à medida que os recursos ficam mais escassos vamos esgotando o resto dos recursos menores.

Os pesquisadores alertam que a eliminação desses animais no topo da cadeia alimentar poderia perturbar o resto da ecologia dos oceanos de forma significativa por, potencialmente, os próximos milhões de anos. “Sem uma mudança dramática na direção atual da gestão dos mares, nossa análise sugere que os oceanos vão sofrer uma extinção em massa de intensidade suficiente e seletividade ecológica para ser incluída entre as grandes extinções”, diz o estudo.

Este paleobiólogo defende que a visão positiva de sua descoberta é que as espécies ameaçadas ainda podem ser salvas da extinção com políticas de gestão eficientes e, a longo prazo, abordando os impactos do aquecimento global e da acidificação dos oceanos. “Podemos evitar esse caminho; com uma gestão adequada, seria possível salvar muitas dessas espécies da extinção”, afirma Payne.

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