Daí, que começou por habitar em cavernas e grutas (buracos já existentes na natureza o que lhe facilitou o “ter de os não fazer”).
Com o evoluir dos séculos, o ser humano passou a construir “tendas”, “cubatas”, “palhotas” “abrigos” “iglus” normalmente de forma cónica, triangular ou circular, para se albergar face às asperezas climatéricas, e para defesa contra animais ou outros seres, e que ao mesmo tempo lhe serviam de sítio abrigado para descansar ele e o seu conjunto familiar. Nesse locais pois de abrigo da família, existia UMA só divisão, e servia para nela o homem dormir, cozinhar, descansar ou confraternizar com familiares amigos ou hóspedes. Como diriam hoje os “expert em Real State”, seriam habitações T0 com uso vário.
Aí dentro desses “habitáculos” também se fazia o fogo, não só para aquecimento das pessoas, mas e sobretudo para “cozinhar” os alimentos.
Com a descoberta pois do “fogo” pelos homens – que lhes terá sido mostrada ou doada pelo Deus Prometeu, este porém não lhes ensinou, como é que eles teriam de “conduzir” ou “fazer expelir” o fumo resultante da ignição de várias materiais, para fora dos tais T0, de forma a que eles pudessem continuar dentro de tais “habitáculos”, sem que morressem asfixiados pelo gás carbónico resultante dessa ignição, mais comumente chamado: FUMO.
Então, por força das circunstâncias e da necessidade de sobrevivência, (que aguça o engenho, e faz encontrar soluções para o imprevisto) vá de ter havido um primeiro homem, ou talvez mulher, que de improviso, tenha feito logo no topo da “palhota” da “tenda”, da “barraca”, ou do “dólmen”, uma abertura para o exterior, a fim de que o fumo saísse, e assim deixasse de intoxicar e incomodar os íncolas habitantes. Porém, em dias de muita chuva, neve ou vento, a abertura só já não servia para o “fumo” sair, mas e até pelo contrário, impedia que ele saísse, e dava azo até a que a água da chuva, granizo ou neve entrassem, o que em muito incomodava os íncolas e não poucas vezes talvez tenha dado origem a discussões, discórdias e até maus tratos físicos entre homens, mulheres e crianças que tais incómodos tinham de suportar, pois o mal tinha de ser imputado a alguém, e então outrora, como ainda hoje, ninguém admite ser ele o culpado.
Vai daí, que “alguém” se lembrou, que para obstar a tais “males” o melhor seria fazer passar pelo tal “buraco” cimeiro da habitação, um possível cano, cilíndrico ou cónico, com ou sem aberturas laterais e cimeiras, mas que na verdade possibilitaria que “o fumo saísse” e a chuva, neve ou vento não entrassem.

E assim foi descoberta a Chaminé.

A partir dessa época, todo o habitáculo humano passou a ter nele incorporado tal orifício ou chaminé.
E curiosamente durante séculos e nas mais diversas civilizações pelo mundo existentes, a maior divisão das “casas” usadas pelos homens, era a cozinha onde fatal e indiscutivelmente teria de existir sempre uma boa e pelo menos eficaz chaminé.
E nessa divisão, que cada vez era mais o centro de vivência de todo o ser humano, e de seu agregado familiar, é que se cozinhava, dormia, convivia tendo a um canto como observadora e patrona clemente, paciente, pacífica e zeladora pelo bem-estar de toda a família – a sempre omnipresente Chaminé.

Na casa dos humanos, foi pois durante séculos e séculos, a cozinha com a sua chaminé a divisão principal nevrálgica da vida familiar, do bem-estar doméstico, e da pacificação dos espíritos.

Em contrapartida, e arquitectonicamente, passaram-se também séculos e séculos, que não havia nas casas habitadas pelos humanos, uma divisão destinada a receber os “desperdícios e excrementos familiares” – as ditas casas de banho. Tal divisão era sempre exterior à casa habitacional.
Paradigma disso é o Palácio de Versailles nos arredores de Paris –  sumptuoso e magnifico palácio, que foi a residência do Rei-Sol (Luís XIV) e de sua Corte, na qual porém nenhuma casa de banho existia.
Hoje porém, em pleno terceiro milénio, não há casa que abrigue humanos, que não tenha pelo menos uma casa de banho, pois até as há com 2, 3, 4 e 5 casas de banho, uma para cada membro da família, e até algumas delas – as destinadas ao quarto do casal – chegam a ter 2 lavatórios lado a lado para serviço exclusivo um para a mulher e outro para o homem, usuários do mesmo quarto comum.
Em contra partida, a cozinha e a sua chaminé respectiva foram-se cada vez mais reduzindo em área e em utilidade, e hoje já são milhares de casas de humanos, que em vez de cozinhas, têm meramente as “kitchenettes”, e nelas desapareceram pois por inútil as chaminés, que se viram transformadas em simples aparelhos de “extractores de fumo”.
Por outro lado, os Povos de idades antigas ou eram Sedentários ou Nómadas. Claro que todo o povo nómada fazia e utilizava habitáculos e depois casas com rudimentares chaminés. Contudo os povos sedentários, esses, começam cada vez mais a embelezarem e enriquecerem arquitectonicamente as suas casas e consequentemente as suas chaminés.
E dentro desses Povos não há dúvida que foram os Árabes, os seguidores de Maomé, que embora usassem arquitectonicamente habitações simples, lineares e abobadadas, não deixavam de no interior delas aprimorarem por uma mui requintada decoração, e no exterior por primarem em fazerem chaminés verdadeira e artisticamente concebidas.

Daí, que no Reino de Portugal e dos Algarves, fosse e É ainda hoje no Al-Garve que se encontram as mais belas, as mais artísticas, e as  arquitectonicamente mais bem concebidas chaminés de Portugal.

Por esse facto, é que a “Portugalidade” tem o grato prazer e até enlevo, de vir reproduzir no seu “sítio”, as belas chaminés do Algarve, únicas no mundo – e que merecem ser conhecidas da “informática” nesta nossa “Aldeia Global”. Todo esse trabalho de focagem e fotográfico dessas 153 chaminés é devido e foi feito por um luso-algarvio, de nome André Boto artista galardoado já (apesar de ainda só ter 30 anos de idade) com os maiores e reconhecidos prémios internacionais de fotografia.
Inicialmente, só serão “cadastradas” no nosso “site da portugalidade” 22 dessas chaminés Algarvias, pois elas constituem o “genoma” da arquitectura moçárabe, e fazem parte também da alma arquitectónica portuguesa.

Lisboa, Março de 2015.
Ceira Lobo















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