Na época em que os Lusitanos dominavam o centro de Portugal, eram os Cónios que habitavam o Algarve e parte do Alentejo. Conheça a sua história
Dólmen
Os cónios eram os habitantes das actuais regiões do Algarve e Baixo Alentejo, no sul de Portugal, em data anterior ao séc. VIII a.C., até serem integrados na Província Romana da Lusitânia. Inicialmente foram aliados dos Romanos quando estes últimos pretendiam dominar a Península Ibérica.
A origem étnica dos cónios permanece uma incógnita. Para os defensores das teorias linguísticas actualmente aceites; a origem comum na Anatólia ou no Cáucaso das línguas europeias e indianas: ou seja, línguas indo-europeias, os cónios teriam uma origem celta, proto-celta, ou pré-céltica ibérica.
Estas teorias, relativamente recentes, foram facilmente aceites, principalmente, por aqueles que registavam qualquer ligação dos europeus a África. Antes da teoria da origem caucasiana, muitos europeus julgavam-se descendentes de Jafé, conforme escrito na Bíblia, no livro de Génesis 10:5. Cronistas da antiguidade grego-romana, enumeram mais de 40 tribos ibéricas, entre elas a tribo cónia, como sendo descendentes de Jafé, pai dos europeus.
Antes do século VIII a.C., a zona de influência cónia, segundo estudo de caracterização paleontológico da região, abrangeria muito para além do sul de Portugal. Com efeito, o referido estudo baseando-se em textos da antiguidade grego-romana bem como na toponímia de Coimbra del Barranco, em Múrcia, Espanha, e de Conimbriga , propõe que os cónios ocuparam uma região desde o centro de Portugal até ao Algarve e todo o sul de Espanha até Murcia.
Em abono desta tese podemos acrescentar o Alto de Conio, e o pico de Conio no município de Ronda, na região autónoma da Andaluzia. Segundo Schulten, que considera os cónios uma das tribos ligures e afirmou que
«Os Ligures são o povo original da Peninsula», os cónios também teriam marcado presença, não só em Portugal como em Espanha e na Europa, onde os ligures se fixaram. Confirmando esta teoria temos os seguintes topónimos:
No norte de Espanha, encontramos o desfiladeiro, Puerto de Conio e o alto de Conio na região autónoma das Astúrias, onde terão habitado a tribo dos coniscos, descendentes dos construtores do dólmen de Pradías, de época neolítica, para muitos relacionada com os cónios. Nesta região terá existido uma cidade, actualmente desconhecida, incluída num dos Caminhos de Santiago; Asseconia.
«Os Ligures são o povo original da Peninsula», os cónios também teriam marcado presença, não só em Portugal como em Espanha e na Europa, onde os ligures se fixaram. Confirmando esta teoria temos os seguintes topónimos:
No norte de Espanha, encontramos o desfiladeiro, Puerto de Conio e o alto de Conio na região autónoma das Astúrias, onde terão habitado a tribo dos coniscos, descendentes dos construtores do dólmen de Pradías, de época neolítica, para muitos relacionada com os cónios. Nesta região terá existido uma cidade, actualmente desconhecida, incluída num dos Caminhos de Santiago; Asseconia.
Também, estudos genéticos indicam que os bascos são o povo mais antigo da península e poderão estar relacionados com os cónios através da tribo dos vascones.
Na França, os ligures também terão sido “empurrados” para as regiões montanhosas. Mas, em vez da Ronda espanhola ocuparam a região do Ródano-Alpes. O testemunho da presença ligure poderá ser a tribo iconii, conhecidos pelas tribos vizinhas como os Oingt, originando a localidade de Oingt (Iconium em latim) e a região de Oisans. No norte de Itália, junto ao Ródano italiano a marca da presença ligure dos cónios, para além da Ligúria também nos aparece, um pouco mais a norte, não só nas comunas Coniolo e Cónio, como na província com o mesmo nome, na província de Cónio, da região de Piemonte.
Na França, os ligures também terão sido “empurrados” para as regiões montanhosas. Mas, em vez da Ronda espanhola ocuparam a região do Ródano-Alpes. O testemunho da presença ligure poderá ser a tribo iconii, conhecidos pelas tribos vizinhas como os Oingt, originando a localidade de Oingt (Iconium em latim) e a região de Oisans. No norte de Itália, junto ao Ródano italiano a marca da presença ligure dos cónios, para além da Ligúria também nos aparece, um pouco mais a norte, não só nas comunas Coniolo e Cónio, como na província com o mesmo nome, na província de Cónio, da região de Piemonte.
Para outros investigadores que terão ido mais longe, os povos “Ibéricos” além de possuírem a Península Ibérica, França, Itália e as Ilhas Britânicas, penetram na península dos Balcãs, e ocuparam uma parte de África, Córsega e norte da Sardenha. Actualmente, e à luz de recentes estudos genéticos, aceita-se que uma raça com características razoavelmente uniformes ocupou o sul de França (ou pelo menos a Aquitânia), toda a península Ibérica e uma parte de África do norte e da Córsega.
Os topónimos a seguir enumerados também atestam estes dados: Nas Ilhas Britânicas o assentamento fortificado romano Viroconium, atribuido á tribo cornovii, proveniente da Cornualha. Provavelmente, utilizados pelos romanos como tribo tampão contra os ataques escoceses e incursões irlandesas.
Os topónimos a seguir enumerados também atestam estes dados: Nas Ilhas Britânicas o assentamento fortificado romano Viroconium, atribuido á tribo cornovii, proveniente da Cornualha. Provavelmente, utilizados pelos romanos como tribo tampão contra os ataques escoceses e incursões irlandesas.
Muitos autores concordam que a língua cónia teria um substrato muito antigo relacionado com Osco, Latim e Ilirico.
No Chipre encontramos uma localidade com o topónimo Konia. Nos Balcãs encontramos a tribo dos trácios cicones que poderão estar relacionados com os cónios e com os povos que invadiram a Anatólia, no século XII a. C. e posteriormente fundaram as cidades de
Conni, na Frígia e de Iconium, na Anatólia.
No Chipre encontramos uma localidade com o topónimo Konia. Nos Balcãs encontramos a tribo dos trácios cicones que poderão estar relacionados com os cónios e com os povos que invadiram a Anatólia, no século XII a. C. e posteriormente fundaram as cidades de
Conni, na Frígia e de Iconium, na Anatólia.
Escrita
No Baixo Alentejo e Algarve foram descobertos vários vestígios arqueológicos que testemunham a existência de uma civilização detentora de escrita, adoptada antes da chegada dos fenícios, e que se teria desenvolvido entre o século VIII e o V a.C.
A escrita que está presente nas lápides sepulcrais desta civilização e nas moedas de Salatia (Alcácer do Sal) e é datável na Primeira idade do Ferro, surgindo no sul de Portugal e estendendo-se até à zona de fronteira.
As estelas mais antigas recuam até ao século VII a.C. e as mais recentes pertencem ao século IV.
A escrita que está presente nas lápides sepulcrais desta civilização e nas moedas de Salatia (Alcácer do Sal) e é datável na Primeira idade do Ferro, surgindo no sul de Portugal e estendendo-se até à zona de fronteira.
As estelas mais antigas recuam até ao século VII a.C. e as mais recentes pertencem ao século IV.
O período áureo desta civilização coincidiu com o florescimento do reino de Tartessos, algo a que não deverá ser alheio a intensa relação comercial e cultural existente entre os dois povos e que também teve uma escrita, que ao contrário do que sucede com a dos cónios, é hoje conhecida nas suas linhas gerais. Não é consensual a designação da primeira escrita na península ibérica. Para muitos historiadores é a escrita do sudoeste (SO) ou sud-lusitana.
Já os linguistas, utilizam as designações de escrita tartessica ou turdetana.
Outros concordam com a designação de escrita cónia, por não estar limitada geograficamente, mas relacionada com o povo e a cultura que criou essa escrita. E, segundo Leite de Vasconcelos com os nomes konii e Konni, que aparecem inscritos em várias estelas.
Já os linguistas, utilizam as designações de escrita tartessica ou turdetana.
Outros concordam com a designação de escrita cónia, por não estar limitada geograficamente, mas relacionada com o povo e a cultura que criou essa escrita. E, segundo Leite de Vasconcelos com os nomes konii e Konni, que aparecem inscritos em várias estelas.
A posição destes estudiosos deve-se à concordância das teorias-hipóteses históricas e modelos linguísticos actualmente aceites nos meios científicos. Estas posições baseiam-se em evidências linguísticas. Só que até à data não foram encontrados dados arqueológicos evidentes, daí que investigadores duvidem da existência dos cónios, outros negam a existência de celtas na península.
Cidade Principal
A localização provável de Conistorgis é a norte de Ossonoba (actual cidade de Faro).
A cidade principal do país dos cónios era Conistorgis, que em língua cónia, significaria “Cidade Real”, de acordo com Estrabão, que considerava a região celta. Foi destruída pelos lusitanos, por estes terem-se aliado aos romanos durante a conquista romana da Península Ibérica. A localização exacta desta cidade ainda não foi descoberta.
No entanto, em Beja, existem vestígios do que poderá ter sido uma grande cidade pré-romana. São muitos os autores que admitem a possibilidade de Beja (então denominada Pax Julia) ter sido fundada sobre as ruínas da famosa Conistorgis.
A cidade principal do país dos cónios era Conistorgis, que em língua cónia, significaria “Cidade Real”, de acordo com Estrabão, que considerava a região celta. Foi destruída pelos lusitanos, por estes terem-se aliado aos romanos durante a conquista romana da Península Ibérica. A localização exacta desta cidade ainda não foi descoberta.
No entanto, em Beja, existem vestígios do que poderá ter sido uma grande cidade pré-romana. São muitos os autores que admitem a possibilidade de Beja (então denominada Pax Julia) ter sido fundada sobre as ruínas da famosa Conistorgis.
Religião
Não há muitas fontes que indiquem a religião praticada pelos cónios mas, de acordo com diversos autores da Antiguidade Clássica, tais como Heródoto, Avieno, Estrabão e Plínio, o Velho (que escreveram numa época em que este povo ainda tinha uma identidade distinta), a sua religião era politeísta.
Há quem afirme que, antes dos romanos, a sua religião era monoteísta e que adoravam um Deus denominado Elohim (tal como um dos nomes dados a Deus pelos antigos hebreus), mas tal afirmação não tem fundamento pois não há provas que a sustentem.
Há quem afirme que, antes dos romanos, a sua religião era monoteísta e que adoravam um Deus denominado Elohim (tal como um dos nomes dados a Deus pelos antigos hebreus), mas tal afirmação não tem fundamento pois não há provas que a sustentem.
Esta ideia parece ser o resultado de especulações muito em voga há algumas décadas por autores que tinham uma visão mais mítica do que científica e histórica.
O Sudoeste, na Idade do Ferro, desde o séc. VI a.C., apresenta um complexo de influências religiosas tartéssicas, gaditanas (bastante helenizadas) e célticas ou pré-celticas, correspondente a uma zona de grandes interacções culturais e movimentos de populações.
O Sudoeste, na Idade do Ferro, desde o séc. VI a.C., apresenta um complexo de influências religiosas tartéssicas, gaditanas (bastante helenizadas) e célticas ou pré-celticas, correspondente a uma zona de grandes interacções culturais e movimentos de populações.
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