As Pedras Parideiras assim se chamam porque os olhos vêem isso: pedras maiores a parir pedras menores. O fenómeno é insólito – tão insólito que, segundo se diz, apenas existe cá e num outro ponto geográfico em território russo -, e acontece na Serra da Freita, junto a Vale de Cambra, fazendo parte do Arouca Geoparque (um dos quatro existentes em Portugal, a par com o já aqui falado Geoparque de Terras de Cavaleiros).
Acreditava o povo que de dentro da pedra-mãe se geravam novas pedras, como se de fetos se tratassem, e que estas eram repelidas da primeira como se falássemos de um vulgar parto, transformando estas rochas em verdadeiros seres vivos.
Esta explicação popular de tal processo natural levou a que as gentes da Castanheira, aldeia que se situa imediatamente ao lado das Pedras Parideiras, recolhessem estas pequenas pedras-filhas e as levassem para casa com um propósito: colocá-las debaixo das almofadas das mulheres para que estas ficassem mais férteis, num ritual muito parecido ao que acontece com as marafonas da aldeia de Monsanto.
Esta crença parece ter-se espalhado aos visitantes que lá vão (e já são muitos, na ordem dos milhares ao mês), porque é dificílimo encontrar alguma que seja. A versão científica, que tem invariavelmente menos graça, explica o que realmente acontece.
Esta particular estrutura granítica aborígene, forma pequenos nódulos que com as alterações térmicas e a ajuda da água – esta entra em fendas existentes na pedra-mãe, que ao congelar aumenta de volume e faz o efeito de cunha, ou seja, transforma-se numa espécie de abre-caricas – se vão soltando da rocha-mãe em jeito de pedrinhas, com forma de discos, ficando assim espalhadas à volta da sua origem, à mercê de quem as encontrar.
O caminho até lá é relativamente fácil. Subindo a Serra da Freita, vindo de Vale de Cambra, viramos à esquerda para um trilho que indica o Centro Interpretativo das Pedras Parideiras e de onde se tem uma perspectiva longínqua da Frecha da Mizarela.
Os aglomerados situam-se para cima, em direcção ao topo da serra, e já foi feita uma cerca que permite a miúdos e a graúdos fácil acesso às rochas-mãe.
Na verdade, não se tendo sorte, o que hoje conseguimos ver do trilho definido são apenas estas – as parideiras -, já que as outras, os seus rebentos, são roubadas.
Percebemos quais são pelas cicatrizes que se vêem em cada um destes rochedos: buracos arredondados que marcam os sítios onde houve parto.
Fora do alcance do braço humano estarão outras, mais acima, e essas, provavelmente, já com as suas filhas à sua beira.
No Centro de Interpretação propriamente dito, que esconde por baixo de si outras pedras parideiras, estão guardadas algumas pedras paridas originais, de vários tamanhos.
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