Desde que a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) chegou à Câmara dos Deputados, Michel Temer tem recebido deputados em seu gabinete diariamente, em articulações escancaradas pela compra de sua sobrevida no cargo; há poucas horas da sessão que decidirá se a denúncia por corrupção passiva terá ou não prosseguimento, a articulação política no Palácio do Planalto se intensificou; somente até as 18h desta terça, foi registrada a presença de 31 deputados, além da bancada feminina da base aliada; além disso, Temer esteve com 52 deputados em um almoço da Frente Parlamentar Agropecuária
Marcelo Brandão - repórter da Agência Brasil
Desde que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) chegou à Câmara, o presidente Michel Temer tem recebido deputados em seu gabinete diariamente. Há poucas horas da sessão que decidirá se a denúncia por corrupção passiva terá ou não prosseguimento, a articulação política no Palácio do Planalto se intensificou. A agenda do presidente registrou, até as 18h, a presença de 31 deputados, além da bancada feminina da base aliada, no gabinete presidencial. Além disso, Temer esteve com 52 deputados em um almoço da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).
Ainda há possibilidade de a agenda de articulações se estender pela noite. Temer também foi convidado para um jantar na casa do deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), vice-presidente da Câmara, onde se encontraria com mais parlamentares. No entanto, não há confirmação oficial sobre a ida de Temer ao jantar. Além dos encontros físicos, em alguns casos, Temer telefona para os parlamentares e pede apoio. Segundo um dos seus mais fiéis aliados, o presidente tem explicado que a denúncia representa uma injustiça contra ele, sua biografia e um ataque à sua honra.
Além de alcançar votos suficientes para barrar a denúncia, o governo precisa agir para garantir a presença de, pelo menos, 342 deputados na sessão. Esse é o quórum mínimo para que a votação seja iniciada. A estratégia do governo é derrubar o quanto antes a denúncia.
Os governistas demonstram confiança que, se votado amanhã, o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) será aprovado. O parecer, contrário à admissibilidade da denúncia a Temer por corrupção passiva, foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O relatório do tucano foi aprovado após a rejeição de outro relatório, do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que era favorável à aceitação da denúncia.
Reforço na votação
O ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, afirmou hoje mais cedo que os ministros que têm mandato de deputado serão exonerados temporariamente para retornar à Câmara e participar da sessão. As exonerações vão sair na edição de amanhã do Diário Oficial da União. Após o evento de anúncio de 100 mil novas vagas para cursos de medicina, os ministros da Educação, Mendonça Filho, e da Saúde, Ricardo Barros, se mostraram dispostos a retornarem aos seus mandatos na Câmara para votarem pelo arquivamento da denúncia contra Temer.
"Para mim não tem nenhuma dificuldade. Exercerei minha prerrogativa de parlamentar como sempre fiz ao longo da minha carreira", disse Mendonça Filho. Para o ministro da Saúde, a denúncia apresentada pela PGR é uma "ação política" de setores contra a reforma da Previdência. "Eu estou atuante no sentido de garantir ao presidente Temer a conclusão de seu mandato e combater essa ação, que é uma ação política de ministério público e judiciário e outras carreiras que ganham o teto, que não querem a reforma da previdência. São os mais privilegiados servidores do Brasil e fazem de tudo para tirar o ambiente político da aprovação da reforma", disse Barros.
O evento de hoje à tarde no Palácio do Planalto também contou com a presença do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), favorável à aceitação da denúncia. Bueno afirmou manter uma boa relação com o presidente, apesar de votar contra os interesses de Temer.
"Voto pelo prosseguimento do pedido do procurador-geral da República [Rodrigo Janot]. Sempre digo: onde há denúncia, precisa ser apurada. A nossa relação é esta; é uma relação de respeito. Não é de agora, é de muitos anos e cada um tem uma posição", disse. "A diferença é que nós não fazemos oposição ao Brasil. Nós queremos votar as reformas importantes de que o Brasil precisa", completou.
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