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O rei de Marrocos encarregou o ministro do interior de tentar acalmar os ânimos da população que está a sair às ruas em várias cidades e já anunciou a abertura de um inquérito para apurar o que se passou.
Mouhcine Fikri, um vendedor de peixe de 31 anos, morreu na sexta-feira à noite em Al-Hoceima, esmagado por um camião do lixo, quando tentava opor-se à apreensão e destruição da sua mercadoria por agentes da cidade.
As circunstâncias da sua morte, filmadas por um telemóvel e difundidas na internet, chocaram a população. Uma foto da vítima, inanimada, com a cabeça e um braço visíveis no mecanismo de compactação do lixo, foram largamente difundidas nas redes sociais, que espalharam o apelo a manifestações em todo o país.
Domingo, milhares de pessoas participaram no funeral do jovem homem, prestando homenagem ao "mártir Mouhcine" e caminharam várias horas entre o calmo centro da cidade de Al-Hoceima até à localidade de Imzouren, onde foi enterrado o corpo.
Nessa mesma noite, uma multidão invadiu o centro de Al-Hoceima, segundo constatou um jornalista da AFP no local.
"Criminosos, assassinos", gritavam os milhares de manifestantes. O protesto, com forte preponderância berbere e reivindicativo da herança rebelde da região, decorreu até às 21:30 locais sem incidentes.
Outras manifestações de menor dimensão aconteceram em várias cidades do Rif (região montanhosa do Norte de Marrocos), mas também em Casablanca, Marraquexe e Rabat, onde mais de um milhar de pessoas desfilou gritando "Somos todos Mouhcine!", empunhando a foto da vítima e um cartaz provocador: "Bem-vindos ao COP22, aqui esmagam-se pessoas".
Atualmente em visita oficial à Tanzânia, o rei Mohammed VI enviou domingo a Al-Hoceima o seu ministro do Interior, Mohammed Hassad, que apresentou "as condolências e a compaixão do soberano à família do defunto".
O rei deu instruções "para que seja realizado um inquérito minucioso e aprofundado", depois de o Ministério do Interior ter anunciado na noite do incidente a abertura de um inquérito, em conjunto com o Ministério Público local.
A vítima recusou-se a obedecer a uma ordem da polícia, tendo em seguida sido intercetado, com uma "quantidade considerável de espadarte, uma espécie interdita à pesca" dentro do seu carro, recapitulou o ministro numa entrevista à AFP, acrescentando que a decisão foi a de destruir a mercadoria e que as questões que se colocam dizem respeito ao que se passou depois.
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