Por dia, 92 mulheres são violadas na Índia, um valor estatístico tido como modesto face à realidade
O ministro do turismo da Índia aconselhou as mulheres que visitam o país a não usarem saias ou vestidos curtos e a evitarem sair à noite sozinhas para que não coloquem em risco a sua própria segurança.
"São pequenos conselhos como: não se devem aventurar à noite em cidades mais pequenas ou vestir saias e devem fotografar a matrícula do táxi e enviá-la para alguns amigos", explica o governante no The Guardian.
À chegada à Índia, as turistas recebem um kit de boas vindas que incluiu múltiplos conselhos como estes e que devem ser seguidos para que não se arrisque a segurança. Esta foi uma das medidas introduzidas em 2015 face à deterioração dos níveis de turismo feminino (resultante da amplamente mediatizada violação de uma estudante de medicina por um gangue) e ao número crescente de ataques a visitantes mulheres.
"A cultura indiana é diferente da ocidental", sublinha o ministro, realçando que é sobretudo nas vilas e cidades mais pequenas, onde a tradição é mais forte, que o perigo está mais latente. O governante nega, contudo, estar a impor um código de vestuário às mulheres.
"O problema são os homens e os rapazes da Índia", comenta Ranjana Kumaria, diretora do Centro para a Pesquisa Social, um grupo de investigação dedicada à igualdade de géneros, neste país. "[As declarações do ministro] refletem o síndrome da culpabilização das mulheres", acrescenta.
Num país onde, todos os dias, em média, 92 mulheres são violadas (uma estatística tida como modesta face à realidade), Ranjana diz ser importante punir os criminosos e parar com assédio de que são vitimas as mulheres. "Porque devem as raparigas visitar a Índia quando a Índia se está a tornar famosa por não ser segura para elas?", deixa a investigadora a questão.
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