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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A incrível história do japonês que permaneceu em combate na Segunda Guerra Mundial até 1974


Hiroo_Onoda
Hiroo Onoda em 1944
Duas datas e ocasiões são referências para o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945. A primeira é o dia 8 de maio, fim do conflito na Europa e a segunda é o dia 2 de setembro, quando encerraram os embates na Ásia com a rendição do Japão. Enfim, a guerra havia acabado, mas não para todos os combatentes, pois o japonês Hiroo Onoda, que era descendente de uma tradicional família de samurais, continuou firme em seu posto de combate até 1974, pois não tomou notícia do fim da guerra.


Ele cumpriu por tempo demais sua missão em Lubang, nas Filipinas, onde deveria integrar a chamada Brigada Sugi, que tinha como propósito estratégico causar danos em pelotões norte-americanos que também estavam presentes na ilha e para isso o grupo de Onoda estava preparado para atuar em ações de guerrilha e na realização de atos de sabotagem. Onoda tinha treinamento como integrante da inteligência tática do Exército Imperial e por isso atuar em condições severas era normal para ele e seus homens, mas sua missão não foi exitosa e a brigada acabou sendo derrotada em combate, sendo forçada à rendição em 28 de fevereiro. Mas o tenente Onoda, o cabo Shoichi Shimada e os soldados Kinsshichi Kozuda e Yuichi Akatsu resolveram resistir, seguindo um plano de retirada para as montanhas e permaneceram lá sem tomar conhecimento dos fatos além da ilha do arquipélago filipino.


Os norte-americanos sabiam que ainda havia soldados japoneses em Lubang e em outras localidades nas Filipinas e passaram a tentar alertar aos desavisados a respeito do fim da guerra através de panfletos que eram jogados a partir de aviões, por mensagens de rádio e alto-falantes. O grupo de Onoda se recusou a levar os avisos em consideração, duvidando do teor das mensagens. Nem a divulgação pelos mesmos métodos da ordem do general-comandante Tomoyuki Yamashita convenceu o teimoso grupo, pois eles consideraram que a mensagem era um estratagema dos norte-americanos para frustrar a missão que levaram até o fim.


Até o final de 1949 os quatro resistiram sobrevivendo de frutas, gado roubado e caça, vivendo basicamente acampados, mas o soldado Akatsu achou que aquilo era demais para ele e resolveu se entregar aos filipinos, encerrando sua prolongada participação na guerra. A desistência do companheiro acirrou ainda mais a disposição de resistir dos demais, que recuaram ainda mais para a selva para continuar combatendo, agora contra os oponentes que encontravam pela frente: a polícia e civis que não tinham nada a ver com a missão dos guerreiros sem guerra. A ação dos japoneses contra as vítimas que continuavam fazendo alarmou as autoridades filipinas, que iniciaram uma caçada combatentes que concluíram que a reação era uma prova de que a guerra ainda não havia acabado.


O próprio governo japonês continuou a tentar fazê-los desistir, e em 1952 foram jogados sobre a selva fotos e mensagens dos parentes que imploravam para que desistissem da missão, mas nem isso bastou, pois eles insistiam acreditando que era armação dos inimigos. O cabo Shimada chegou a ser baleado na perna num tiroteio contra pescadores em junho de 1953, mas sobreviveu até se envolver numa briga quase um ano depois. Em outra briga, em outubro de 1972, o soldado Kozuda acabou sendo assassinado, o que deixou Onoda sozinho e ainda acreditando na continuidade da guerra, apesar de várias outras tentativas de convencimento sobre os fatos. Mesmo sem companheiros Onoda seguiu com sua missão de sabotagem por meio da provocação de incêndios, rouba de gado e outras ações que prejudicavam camponeses e causavam constrangimentos ao governo japonês, que recebia reiteradas queixas por parte dos filipinos.


O aventureiros Norio Suzuki acabou adotando o propósito de encontrar e convencer Onoda sobre o fim da guerra e fazer com que ele finalmente se rendesse. Após uma exaustiva busca Suziki finalmente encontrou o compatriota em 20 de fevereiro de 1974, mas sua capacidade de argumentação não foi suficiente e Onoda manteve-se firme em sua disposição de resistir sozinho até receber ordens de um oficial superior. A recusa fez com que Suzuki voltasse para o Japão, encontrasse o major Yoshimi Taniguchi, antigo comandante de Onoda, para levá-lo a Lubang para ordenar a rendição e finalmente em 9 de março – 29 anos após o fim da guerra – o guerreiro teimoso acabou reconhecendo a derrota.


Para o governo filipino isso foi um alívio e considerando a condição mental de Onoda o presidente Ferdinand Marcos o anistiou dos crimes cometidos (que incluíam vários homicídios).
President_Marcos_and_Hiroo_Onoda
Rendição: Onoda entregando sua espada ao presidente filipino
Onoda voltou para Japão, onde foi consagrado como herói de guerra, mas depois resolveu se mudar para o Brasil, se estabelecendo numa colônia no interior do Mato Grosso e vivendo como fazendeiro. Voltou posteriormente ao seu país e acabou virando professor de técnicas de sobrevivência.
Hiroo-Onoda-in-2010
Foto de 2010
O herói japonês morreu em Tókio no 16 de janeiro de 2014, aos 91 anos de idade. Familiares do tenente Onoda ainda vivem no Brasil, país que continuou visitando e onde foi condecorado pela Força Aérea com a Medalha do Mérito Santo Dumont.



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