Casos Insólitos da História de Portugal!
Com quase 900 anos de existência, Portugal detém um passado rico em História. Mas existem outros tipos de histórias que assombraram ou escandalizaram a história de Portugal: as histórias insólitas. Aqueles episódios caricatos, rocambolescos, novelescos, escandalosos que não são contados nas escolas, nem nos livros de História tradicionais mais preocupados com a conjuntura, ciclos económicos ou os grandes acontecimentos. Mas a história do nosso país é também feita de pessoas de carne e osso, com defeitos e virtudes, ambições e tristezas.
D. João V teve os cognomes de “O Magnânimo” e “O Rei-Sol Português”, e alguns historiadores recordam-no também como “O Freirático”. “O Magnânimo”, dada a generosidade com que abriu mão de enormes fortunas, tanto para engrandecer a coroa como para satisfazer os seus caprichos pessoais. Além de monumentos como o Convento de Mafra e o Aqueduto das Águas Livres, que ainda hoje recordam o seu nome, gastou os proventos do Império na Guerra da Sucessão de Espanha, na batalha do Cabo Matapan contra os turcos, e na obtenção do Patriarcado para Lisboa, que incluiu a célebre embaixada ao papa Clemente XI, em 1716.D. João V era tão esbanjador que um dia mandou fazer uma banheira em Inglaterra para oferecer a uma das suas amantes. A banheira pesava 100 kg, era dourada, tinha pés em forma de golfinhos e sereias, e um enorme Neptuno com um tridente na mão à cabeceira. Custou 3500 guinéus (equivalente a 4200 euros actuais). O rei português mandava vir roupas de França, mas o ouro e os diamantes que chegavam do Brasil não davam para tudo.Um dia, em 1731, a sua mulher rainha Maria Ana teve de regressar a pé de um passeio porque os cocheiros recusaram-se a transportá-la. O motivo: o rei não lhes pagava o ordenado há cinco anos.Senhor de uma vasta cultura, bebida na infância com os padres Francisco da Cruz, João Seco e Luís Gonzaga, todos da Companhia de Jesus. Falava línguas, conhecia os autores clássicos e modernos, tinha boa cultura literária e científica e amava a música. Para a sua educação teria contribuído a própria mãe, que o educou e aos irmãos nas práticas religiosas e no pendor literário.Mas D. João V tinha outra faceta: perdia a cabeça por todas as mulheres, mas a sua verdadeira paixão estava em Odivelas, no ninho da madre Paula.A verdade é que nesse tempo a vocação era uma das últimas razões para as mulheres irem para freiras e as visitas aos conventos faziam parte da etiqueta social:- O convívio proporcionava intimidade;- Os relacionamentos amorosos eram conhecidos e desde que praticados com discrição, aceites. - Era frequente, um nobre ter a sua freira, com quem se correspondia, a quem visitava no convento onde se trocavam presentes. As celas transformavam em alcovas ou bordeis. A troca de presentes que era muitas vezes poemas por doces conventuais deu origem à Marmelada de Odivelas e o Pudim da Madre Paula que ainda hoje têm má fama.O exagero dessa prática, denunciada, com objectivos opostos, por moralistas e libertinos, tomou-se escandaloso. Odivelas era um local assiduamente frequentado pela nobreza da corte na época em que Paula se tornou freira, e não faltariam, portanto, oportunidades para D. João V e os titulares que o rodeavam se deslocarem ao local. Terá sido por esta altura que começaram os encontros entre o rei e Paula Teresa da Silva. Sobre a forma como se conheceram, existem versões sem grande credibilidade. Da relação com a madre Paula, o rei D. João V investiu uma enorme riqueza para transformar uma modesta cela conventual em aposentos dignos de uma rainha.O Palácio Pimenta, no Campo Grande, onde hoje está instalado o Museu da Cidade de Lisboa, foi mandado construir por D. João V para a mesma amante. Os relatos que corriam na corte sobre o luxo da madre Paula, as suas mobílias preciosas, as roupas e as jóias impressionaram o viajante suíço César de Saussure, que referiu a ligação do rei e da freira no livro sobre a sua visita a Portugal, em 1730.Mas D. João V teve filhos ilegítimos:- D. António, filho de uma francesa de nome desconhecido, mas que, segundo outros historiadores, seria filho de D. Luísa Inês Antónia Machado Monteiro. Doutorou-se em Teologia e veio a ser Cavaleiro da Ordem de Cristo.- D. Gaspar, filho de uma religiosa, D. Madalena Máxima de Miranda (Madalena Máxima da Silva Miranda Henriques). Veio a ser Arcebispo Primaz de Braga.Este dois filhos ilegítimos, juntamente com D. José, filho da religiosa madre Paula de Odivelas (Paula Teresa da Silva), e que exerceu o cargo de Inquisidor-mor, ficaram conhecidos pelos “Meninos de Palhavã”.A expressão deriva do facto de terem habitado no palácio do marquês de Louriçal, na zona de Palhavã, na altura arredores de Lisboa mas que hoje se situa em plena cidade (o edifício denominado Palácio da Azambuja, é hoje a Embaixada de Espanha em Lisboa, ou "Palácio dos Meninos de Palhavã"). Receberam educação em Santa Cruz de Coimbra sob o preceptorado de Frei Gaspar da Encarnação para se fazerem religiososSemiclandestinos, semiescandalosos, os amores ilícitos de D. João V produziram, além dos "Meninos de Palhavã", D. Maria Rita, que não foi reconhecida, e acabou por ir para freira. Era filha de D. Luísa Clara de Portugal, que passou à história com o cognome da sua casa. A Madre Paula sobreviveu 35 anos ao amante, sempre tratada com a maior consideração. No século XX, o convento de Odivelas foi transformado em colégio feminino, para as filhas de oficiais das Forças Armadas.A obsessão de D. João V pelo sexo levou-o ao uso descontrolado de afrodisíacos, designadamente cantáridas, que lhe minaram a saúde e apressaram a morte. O Rei faleceu em 31 de Julho de 1750 após quase meio século de governo. Jaz no Panteão dos Braganças, ao lado da esposa, no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa.
A Amante que lançou um feitiço ao Rei!
D. Pedro II (1683-1706), envolveu-se com aristocratas, meretrizes, mulheres negras e até uma criada do Paço. Teve 2 casamentos, 8 filhos legítimos, 3 bastardos e um número desconhecido de amantes. Começou cedo, quando era apenas um infante de 15 anos e apaixonou-se por Francisca Botelha, uma cortesã que viva perto do Terreiro do Paço. Mas ela estava determinada a ter privilégios na relação, e recorreu a uma feiticeira chamada Francisca de Sá. Mas como a feitiçaria era um crime, a feiticeira Francisca de Sá foi condenada à morte pela Inquisição.A Rainha que morreu Virgem! Em Abril de 1858, o rei D. Pedro V e a rainha D. Estefânia casaram-se por Procuração, mas só se conheceram um mês depois. Voltaram a casar no dia 18 de Maio. Mas a noite de núpcias foi difícil para o rei que não demonstrou interesse. D. Pedro V era um puritano e queixava-se da futilidade das raparigas da corte. No entanto, depois de conhecer D. Estefânia tudo mudou: o casal parecia apaixonado, passeavam de mãos dadas pelos jardins de Sintra e Benfica. Mas falta a rainha engravidar. Um ano depois do casamento, a rainha sentiu-se mal e foi internada. O marido ficou à cabeceira da sua cama, sem dormir, durante dois dias inteiros. D. Estefânia que tinha acabado de completar 22 anos de idade, não resistiu a uma angina diftérica.Os médicos da casa real fizeram uma autópsia, mas o seu resultado só foi tornado público 50 anos mais tarde num artigo do famoso médico Ricardo Jorge: a rainha morreu virgem!
Monarca de Dia/Dr. Tavares à Noite!
O rei D. Luís I era bem diferente do seu irmão e antecessor, D. Pedro V: apreciava clubes nocturnos, mulheres, tabaco e boa comida. Mesmo depois de subir ao trono, manteve uma vida dupla: de dia era Rei, marido de D. Maria Pia de Sabóia e pai de Carlos e Afonso; à noite, Dr. Tavares.O rei preferia não ser reconhecido, e acompanhado do seu amigo, Dr. Magalhães Coutinho, que era médico, adoptava o pseudónimo Dr. Tavares para percorrer a noite de Lisboa. A primeira amante terá sido a actriz Rosa Damasceno.D. Maria sabia das traições do marido, mas não fazia escândalo. Vingava-se de outras formas:- O marido apreciava a pontualidade, e ela atrasava-se para tudo: jantar, ir à ópera, sair para um passeio ou visita oficial.- O marido fumava e gostava de acompanhar as refeições com pão com manteiga, ela queixava-se do fumo e da falta de cuidado com a dieta no palácio.A maior desforra reflectia-se nos gastos: Maria Pia adorava jóias e roupas caras, demorava dias a desembalar as compras que fazia em Paris. Quando a criticavam, respondia: “Querem rainhas? Paguem-nas!”.
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