por James Petras
"Na realidade, o FMI tem estado sob o controlo dos EUA e dos estados da Europa Ocidental e as suas políticas têm sido concebidas para aumentar a expansão, o domínio e os lucros das suas principais empresas multinacionais e instituições financeiras""O FMI assume o fardo de fazer todo o trabalho sujo através da sua intervenção. Isto inclui a usurpação da soberania, a exigência de privatizações e a redução das despesas sociais, dos salários e das pensões, assim como a garantia da prioridade do pagamento da dívida. O FMI atua como uma 'cortina' dos grandes bancos, desviando a crítica política e o desassossego social. ""O comportamento criminoso dos executivos do FMI não é uma anomalia nem obstáculo para a sua seleção. Pelo contrário, foram escolhidos porque refletem os valores, os interesses e o comportamento da elite financeira global: vigarices, evasão fiscal, suborno, transferências em grande escala de riqueza pública para contas privadas, são a norma para a instituição financeira. Estas qualidades adequam-se à necessidade que os banqueiros têm de confiar nos seus homólogos "sósias" no FMI. ""Evidentemente, o corte selvagem dos padrões de vida, que os executivos do FMI decretam por toda a parte, não deixa de estar ligado à sua história pessoal criminosa. Violadores, vigaristas, militaristas, são as pessoas certas para dirigirem uma instituição que empobrece 99% e enriquece 1% dos super-ricos. "
O FMI é a principal organização monetária internacional cujo objetivo
público é manter a estabilidade do sistema financeiro global através de
empréstimos relacionados com propostas a promover a recuperação
económica e o crescimento.
Na realidade, o FMI tem estado sob o controlo dos EUA e dos estados da
Europa Ocidental e as suas políticas têm sido concebidas para aumentar a
expansão, o domínio e os lucros das suas principais empresas
multinacionais e instituições financeiras.
Os EUA e os estados europeus praticam uma divisão de poderes: os
diretores executivos do FMI são europeus; os seus homólogos no Banco
Mundial (BM) são norte-americanos.
Os diretores executivos do FMI e do BM funcionam em estreita ligação com
os seus governos e, em especial, com os departamentos do Tesouro, para
decidir prioridades, para decidir quais os países que vão receber
empréstimos, quais as suas condições e quanto.
Os empréstimos e condições estabelecidos pelo FMI são estreitamente
coordenados com o sistema bancário privado. Quando o FMI assina um
acordo com um país devedor, isso é um sinal para que os grandes bancos
privados emprestem, invistam e avancem com uma série de transações
financeiras favoráveis. Pelo acima exposto, pode-se deduzir que o FMI
desempenha o papel de comando geral para o sistema financeiro global.
O FMI abre o caminho para os principais bancos conquistarem os sistemas financeiros dos estados vulneráveis em todo o mundo.
O FMI assume o fardo de fazer todo o trabalho sujo através da sua
intervenção. Isto inclui a usurpação da soberania, a exigência de
privatizações e a redução das despesas sociais, dos salários e das
pensões, assim como a garantia da prioridade do pagamento da dívida. O
FMI atua como uma 'cortina' dos grandes bancos, desviando a crítica
política e o desassossego social.
Diretores executivos como capangas
Que espécie de pessoas têm os bancos como diretores executivos do FMI? A
quem confiam a tarefa de violar os direitos de soberania dum país, de
empobrecer o seu povo e de corroer as suas instituições democráticas?
A lista inclui um vigarista financeiro condenado; a atual diretora, que
está a ser julgada por acusações de má utilização de fundos públicos,
enquanto ministra das Finanças; um violador; um defensor da diplomacia
da canhoneira e o promotor do maior colapso financeiro na história de um
país.
Diretores executivos do FMI em tribunal
A atual diretora executiva do FMI (julho 2011-2015), Christine Lagarde,
está a ser julgada em França, por negligência quanto a um pagamento de
400 milhões de dólares ao magnata Bernard Tapie, quando era ministra das
Finanças no governo do presidente Sarkozy.
O anterior diretor executivo (novembro 2007-maio 2011), Dominique
Strauss-Kahn, foi forçado a demitir-se depois de ser acusado de violar
uma empregada de quartos num hotel de Nova Iorque e foi posteriormente
preso e julgado por proxenetismo na cidade de Lille, em França.
O seu antecessor, Rodrigo Rato (junho 2004-outubro 2007), era um
banqueiro espanhol que foi preso e acusado de evasão fiscal, escondendo
?27 milhões de euros em 70 bancos ultramarinos e defraudando milhares de
pequenos investidores a quem convenceu a pôr dinheiro num banco
espanhol, o Bankia, que foi à falência.
O seu antecessor, alemão, Horst Kohler, demitiu-se depois de ter
afirmado uma verdade inadmissível – nomeadamente, que a intervenção
militar ultramarina era necessária para defender os interesses
económicos alemães, como vias de comércio livre. Uma coisa é o FMI agir
como instrumento dos interesses imperialistas, outra coisa é um
executivo do FMI falar sobre isso publicamente!
Michel Camdessus (janeiro 1987-fevereiro 2000) foi o autor do "Consenso
de Washington", a doutrina subjacente à contra-revolução neoliberal
global. O seu mandato assistiu ao apoio e financiamento de alguns dos
piores ditadores da época, incluindo as suas fotos com o general
Suharto, o homem forte e o assassino de massas da Indonésia.
Com Camdessus, o FMI colaborou com o presidente da Argentina, Carlos
Menem, na liberalização da economia, na desregulamentação dos mercados
financeiros e na privatização de mais de mil empresas. As crises, que se
seguiram, levaram à pior depressão da história da Argentina, com mais
de 20 mil falências, 25% de desemprego e taxas de pobreza acima dos 50%
em bairros da classe trabalhadora… Camdessus, posteriormente, lamentou
os seus "erros políticos" em relação ao colapso da Argentina. Nunca foi
preso ou acusado de crimes contra a humanidade.
Conclusão
O comportamento criminoso dos executivos do FMI não é uma anomalia nem
obstáculo para a sua seleção. Pelo contrário, foram escolhidos porque
refletem os valores, os interesses e o comportamento da elite financeira
global: vigarices, evasão fiscal, suborno, transferências em grande
escala de riqueza pública para contas privadas, são a norma para a
instituição financeira. Estas qualidades adequam-se à necessidade que os
banqueiros têm de confiar nos seus homólogos "sósias" no FMI.
A elite financeira internacional precisa de executivos no FMI que não
hesitem em usar padrões duplos e que passem por alto as grosseiras
violações dos procedimentos usuais. Por exemplo, a atual diretora
executiva, Christine Lagarde, empresta 30 mil milhões de dólares ao
regime fantoche na Ucrânia, apesar de a imprensa financeira descrever
com grande pormenor como os oligarcas corruptos roubaram milhares de
milhões, com a cumplicidade da classe política ( Financial Times,
12/21/15, pg. 7). A mesma Lagarde muda de regras quanto ao reembolso da
dívida , permitindo que a Ucrânia não cumpra o pagamento da sua dívida
soberana à Rússia. A mesma Lagarde insiste que o governo grego de
centro-direita reduza ainda mais as pensões na Grécia, abaixo do nível
de pobreza, levando a que o regime acomodatício de Alexis Tsipras apele
ao FMI para se manter fora do resgate ( Financial Times, 12/21/15,
pg.1).
Evidentemente, o corte selvagem dos padrões de vida, que os executivos
do FMI decretam por toda a parte, não deixa de estar ligado à sua
história pessoal criminosa. Violadores, vigaristas, militaristas, são as
pessoas certas para dirigirem uma instituição que empobrece 99% e
enriquece 1% dos super-ricos.
O original encontra-se em petras.lahaine.org/?p=2069 .
Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Mafarrico Vermelho
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