A cooperação entre a Arábia Saudita e os EUA, inclusive a datada por 2013 e autorizada pelo presidente Barack Obama, provou-se pouco inocente.
A revelação respectiva foi feita pelo jornal norte-americano The New York Times e a Sputnik conseguiu obter declarações exclusivas de um dos ex-chefes da CIA que pessoalmente emitiu os vistos.
“Os requerentes de vistos eram recrutas para a guerra no Afeganistão contra as forças armadas da União Soviética. Além disso, com o passar do tempo os combatentes treinados nos Estados Unidos, passaram a outros campos de batalha: a Iugoslávia, Iraque, Líbia e Síria, divulgou à Sputnik ex-chefe do departamento de visas dos EUA na Arábia Saudita.
Segundo o artigo em NYT, o financiamento de mujahidins foi realizado por via de contas bancárias na Suíça administradas pela CIA. As contas foram uma parte do programa Al-Yamamah criada em 1985 que previa o contrato de permuta de petróleo por armas entre britânicos e sauditas e visava criar "contas negras" grandes em offshores, inclusive nas Ilhas Cayman. Estas contas, de acordo com os dados recém-revelados, foram usadas como a principal fonte de financiamento de vários insurgentes, inclusive durante a guerra no Afeganistão contra militares soviéticos.
Mike Springmann: “Eu sei. Estive lá. Emiti os vistos”
Em entrevista exclusiva à Sputnik, Mike Springmann, que trabalhou entre 1987 e 1989 como o chefe do departamento de visas dos EUA em Jeddah (Arábia Saudita) partilhou da sua experiência de emissão de vistos norte-americanos a pessoas que tinham se tornado terroristas mais cedo.
No livro que ele escreveu, diz:
“Durante os anos 1980, a CIA recrutou e treinou agentes muçulmanos para lutar contra a invasão soviética do Afeganistão. Mais tarde, a CIA transferia os agentes do Afeganistão para os Balcãs, e depois para o Iraque, Líbia e Síria, viajando usando vistos ilegais dos Estados Unidos. Estes combatentes apoiados pelos EUA e treinados depois se transformaram em uma organização que é sinônima de terrorismo jihadista: al-Qaeda.”
Ao chegar ao aeroporto de Jeddah, Springmann descobriu que, como um agente consular, ele era esperado para processar mais de cem aplicações por dia, separando-os em categorias diferentes: "emissões", "recusa", e o que ele mais tarde denominou como "passagens gratuitas para agentes da CIA".
Na entrevista à Sputnik Springmann divulgou sobre batalhas quase diárias com vários oficiais e funcionários do departamento, que todo o tempo exigiram emitir visas para pessoas às quais a lei e regulamentos previam recusar.
Segundo ele divulgou na entrevista, eventualmente ele veio a perceber que seu dever de trabalho em Jeddah foi principalmente para garantir vistos para agentes da CIA, ou seja, estrangeiros recrutados pelos funcionários norte-americanos.
Springmann tentou protestar contra as práticas ilegais de emissão de vistos nos mais altos níveis do governo há mais de 20 anos, mas foi repetidamente atacado.
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