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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

ECOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL ALGARVIO




Raminhos Bispo (facebook)

ECOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL ALGARVIO(4)
MIGUEL CRUZ
DESPORTISTA FARENSE
Miguel Cruz foi no Algarve qualquer coisa de grande em matéria de desporto. O incremento que Faro e o Algarve, assistiu nos anos vinte do século passado, deve-se, em parte, à obra deste grande amigo da Educação Física, de quem se tornou escravo, quer praticando-a, quer aconselhando, por todos os meios ao seu alcance.
Miguel Cruz, nasceu em Faro em 1901. Com uma força de vontade extraordinária para ser um bom atleta, logo em criança se alistou entre os discípulos de Mário Ramos o valoroso Bombeiro e grande ginasta farense, de quem em pouco tempo, chegou a ser o melhor aluno, cultivando o Boxe.
Já homem, Miguel Cruz no último mês de 1921, fundou o jornal “O Sul Desportivo”, como o nome indica, servir os interesses das modalidades desportivas, não só da cidade, mas de toda a província, o qual sem a sua valiosa colaboração, teria baqueado logo à nascença. Organizou o “Sport Ginasta Club”, onde conseguiu reunir um bom grupo de apaixonados da Educação Física, que aproveitando as suas lições, cultivavam o Boxe, a ginástica sueca, saltos, corridas e outros especificados do Atletismo.
Usando vários pseudónimos, Miguel Cruz foi correspondente dos jornais desportivos de Lisboa e conseguiu reunir à sua volta, pessoas de diferentes opções, desportivas, apoiando a Comissão, da qual saiu a Associação de Futebol do Algarve.
Na Alameda, organizou as Festas Desportivas, das quais fazia parte o primeiro combate de Boxe que a cidade de Faro era dado assistir. Dele saiu vencedor Miguel Cruz por desistência do seu adversário Carlos P. Passarinho. O mesmo, aconteceu no Cine-Teatro Farense, vencendo por KO, Paulo Franklin. Afirmou-se um científico pugilista da “nobre arte”, combateu por duas vezes com Manuel Guita e participou no Campeonato de Boxe, organizado pelo jornal “O Século”.
Miguel Cruz, acompanhado de António Guerreiro da Silva Gago, capitão-geral, reorganizou em 1920 o Sporting Clube Farense, clube que ajudara a fundar com João Gralho, realizou um Cross-Crountry. Por fim, organizou um Campeonato de Bilhar no “Salão de Jogos” de Faro.
Numa Assembleia Geral do Sporting Farense realizada em Março de 1923, Miguel Cruz apresentou uma proposta da nomeação de Sócio de Mérito para os fundadores e aos vencedores do 1.º Campeonato de Futebol do Algarve da época 1922/23, proposta que foi aceite por aclamação, pelos serviços prestados ao S. C. F.: Luís Madeira, José Guerrilha, António Marcos, Manuel Tavares da Cruz, Eduardo Ventura, António da Silva Gago, Eduardo Santos Vieira, José Gralho, João Gralho, Francisco Pedro Lima, Joaquim Gralho, José Nugas, José Aleixo, Angel Villagran, José Tavares da Encarnação, Augusto José Teixeira, Francisco dos Santos, José Martins, José Brás Machado, Vitorino Rio, João Coelho, José Pires e José Florindo.
Miguel Cruz era dotado de um belo coração, tinha um génio impetuoso e uma perseverança grande que o fazia nunca desfalecer perante as maiores contrariedades. Para ele tudo era de fácil execução, desde que houvesse boa vontade.
Já com sinais da doença, que o viria a vitimar, Miguel Cruz organizou um Torneio de Futebol, disputando a “Taça Sagres”, em homenagem a Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
Bem longe ele foi exalar o seu último suspiro. Longe da família e dos amigos, que o finado contava na capital do Algarve
Miguel Cruz, faleceu em 11 de Agosto de 1923 na cidade da Guarda, onde se encontrava em tratamento, encontrando-se o seu corpo depositado em jazigo Municipal no Cemitério da Esperança em Faro.
O “Sul Desportivo” homenageou o seu fundador em 1925, com a realização da “Taça Miguel Cruz”, torneio disputado pelos clubes do Barlavento algarvio, do qual saiu vencedor o Portimonense Sporting Clube sobre o Silves Futebol Clube, numa finalíssima, disputada em Faro.
O jogo final entre o Portimonense e o Silves teve muito que contar. O entusiasmo pelo futebol no Barlavento algarvio estava no seu auge e muitas vezes se convertia num facciosismo, que chegava algumas vezes a provocar sérias desordens, como aconteceu no “association” final, realizado na cidade de Silves.
O árbitro Justiniano Rodrigues deu início ao jogo, perante a natural ansiedade do público. A equipa da casa foi a primeira a fazer funcionar o marcador. O Portimonense consegue o golo do empate e termina a primeira parte.
Na segunda parte o Portimonense marca aos 70 minutos do final. O Silves protesta, alegando que o marcador estava em “of-side”. Os adeptos dos dois clubes manifestam-se e toda a equipa do Silves vai abandonar o campo do jogo. O Director do jornal “Sul Desportivo” dialogou com os responsáveis da equipa do Silves e as duas equipas recomeçam, mas, jogo muito duro por ambas as equipas. Um jogador do Portimonense atira propositadamente a bola à cara do adversário e este tenta agredir. O público, por sua vez, invade o campo, tendo sido necessária a intervenção da Guarda Republicana. Com o aproximar da noite, não foi possível recomeçar o jogo.
À noite na sede do Silves a direcção do “Sul Desportivo” e com o acordo dos dois clubes envolvidos, decidiu que a final se realizasse em Faro

Raminhos Bispo

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