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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A CUSPIDELA DA SERPENTE - QUEM É DUARTE MARQUES- DA VÍRGULA AO PONTO FINAL - Mas Duarte Marques não morreu (Duarte Marques é um boy e os boys vivem para sempre nas empresas dos papás). Não! Mofado até pelos seus correligionários, Duarte Marques sorriu o seu sorriso ufano, escarrou para o lado, arregaçou da testa o cabelinho à foda-se e continuou a emporcalhar o Expresso com a letradura mais escangalhada de toda a imprensa nacional.

a cuspidela da serpente

QUEM É DUARTE MARQUES – DA VÍRGULA AO PONTO FINAL

No princípio era a vírgula, e a vírgula estava mal posta. Depois, Duarte Marques criou o erro ortográfico, a parolice e a incultura e o PSD escolheu-o para a Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República. Sobre a educação, ciência e cultura de Duarte Marques já tudo foi dito: no Público chamaram-lhe analfabetono Inflexão corrigiram-lhe os errosno Malomil encostaram-no à paredeno Aventar deram-lhe dois pares de tabefes e até o Corporações achou por bem chamar-lhe “bronco”.

Os lábios dos estúpidos criam contendas e a sua boca pede açoites
Bíblia Sagrada, Provérbios 18-6

Mas Duarte Marques não morreu (Duarte Marques é um boy e os boys vivem para sempre nas empresas dos papás). Não! Mofado até pelos seus correligionários, Duarte Marques sorriu o seu sorriso ufano, escarrou para o lado, arregaçou da testa o cabelinho à foda-se e continuou a emporcalhar o Expresso com a letradura mais escangalhada de toda a imprensa nacional.

Até que Duarte Maques, porventura contagiado pelo espírito da quadra natalícia, quis deixar no sapatinho dos Portugueses uma prendinha, assim em jeito de compensação pela miséria a que nos condena, nas suas funções de deputado do PSD: nem mais nem menos que um dos textos mais reaccionários e repulsivos do mundo hodierno e, possivelmente, do espaço sideral.

O artigo em causa resume-se a isto: Duarte Marques está contente com o “fim do embargo” do EUA contra Cuba porque prova que Cuba está a mudar. Ao contrário do PCP, da “planície do avante” e da Coreia do Norte, que não são “normais” e carecem de uma “normalização”. Mais, é “socialismo e populismo mais radical que tem alastrado pela América latina” que, argumenta Duarte Marques, que agora ficam órfãos de referentes ideológicos.

Já sei o que estão a pensar: o artigo é demasiado estúpido para sequer ser comentado! Mas suspiremos fundo e recordemos o que diz o Velho Testamento, Livro de Provérbios capítulo 18 versículo 6: “Os lábios dos estúpidos criam contendas e a sua boca pede açoites”. É chegada a hora do açoite.

O primeiro problema é que depois do Inflexão o ter ensinado a não colocar vírgulas entre o sujeito e predicado, Duarte Marques precisa agora que o ensinem a capitalizar palavras. Por exemplo, “Castrista” não deve ser capitalizado, mas “ocidente” (enquanto civilização) sim. “Administração” não necessita de maiúscula, mas “América latina” e “história” sim. Também podíamos falar do festival de aspas (“bases”, “romântica”, “calçadeira” etc.) e das construções sintácticas absurdas, mas seriam cuidados paliativos: Duarte Marques engana-se a citar Phil Collins (quem é que cita Phil Collins?!) e a sua escrita está mórbida para lá da salvação.

Centremo-nos, pois, no essencial:
  • Duarte Marques não percebeu que aquilo a que chama embargo não acabou. E publicou um artigo no Expresso sobre não ter percebido. Segundo a sua página na Assembleia da República, Duarte Marques detém uma licenciatura em Relações Internacionais e até “frequentou” um bocadinho do mestrado, mas desconhece a diferença entre a normalização das relações diplomáticas e o fim de um embargo. De qualquer forma, a agressão estado-unidense é muito mais que um embargo: como prova o alcance das leis Torricelli e Helms-Burton, Cuba continua sujeita a um bloqueio, malgrado os importantes passos anunciados.
  • Por outro lado, Cuba não cedeu aos EUA, mas sim os EUA que cederam a Cuba: foi o próprio Obama que reconheceu o fracasso da estratégia de asfixia contra a ilha caribenha e, ao contrário do que Duarte Marques supõe, os dirigentes cubanos têm sido bastante claros sobre a natureza do modelo de actualização económica. Cuba pretende aperfeiçoar o socialismo e rejeita igualmente a cofragem da perestroika e o modelo chinês.
  • O artigo defende que uma "sociedade normal" é uma sociedade com explorados e exploradores, com oprimidos e opressores, com escolhidos e excluídos. O PCP, por se opor a este sistema é considerado uma anormalidade que importa "normalizar". Fica patente a escala de princípios e os critérios democráticos de Duarte Marques. 
  • Finalmente, o Avante não é uma planície, o PCP sempre defendeu o fim do bloqueio, a Coreia do Norte pôs recentemente em prática alguns mecanismos de economia privada e nada disto tem absolutamente nada a ver com Cuba.
Estabelecida a atroz estupidez do seu artigo, importa agora compreender quem é Duarte Marques. Prepara-te Dudu, agora é que vai doer.

Passo os olhos pelo seu CV e descubro que Duarte Marques encontrou o seu primeiro trabalho, aos 21 anos, como “assessor” de Morais Sarmento, então Ministro da Presidência. Depois, o escalabitano continuou a ocupar lugares de jarra, aqui e ali, como “o jovem” de diferentes organismos e instituições. Para sempre jovem, como um Peter Pan beto e marialva, Duarte Marques foi dirigente da JSD até há um par de anos e foi assim que entrou no Parlamento.

Duarte Marques, já sabemos, integra a Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, tem votado a favor de todos os cortes brutais contra a Educação, Ciência e Cultura. Mais, defende que é preciso acabar com a “investigação não-rentável” (ou seja tudo da sociologia à literatura passando pelo seu próprio curso). Nada de novo sob o sol, Duarte Marques sempre disse que não gosta de “ratos de biblioteca” e provavelmente nunca entrou numa, ou talvez não escrevesse como escreve. Já enquanto parlamentar, ficou mais conhecido pela sua grotesca mudança de posição sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo, mas não é essa a sua principal função.

O Duarte Marques, que odeia a Cuba dos direitos, da educação gratuita, do investimento na ciência e da saúde pública para todos é o mesmo Duarte Marques que para Portugal defende o aumento dos impostos para quem trabalha, o fim de todos os direitos laborais e a privatização de todos os serviços públicos. Duarte Marques é só mais um dos nomes responsáveis pela austeridade, pela fome, pela miséria e pelas nossas casas frias. É um dos culpados por esta queixa horrível, que a ele não diz nada porque só conhecem os trabalhadores: não ter tempo nem dinheiro para nada. O mesmo Duarte Marques, que enquanto vice-presidente da associação de caridade HELPO, se dedica a combater as carências das crianças africanas, condena 1/3 das crianças portuguesas à miséria e à fome.

Mais adiante, no seu registo de interesses, ficamos a saber que Duarte Marques detém 5% do capital de uma empresa de publicidade curiosamente chamada “Mosca”. A “MOSCA” de Duarte Marques alimenta-se como o insecto que lhe traz o nome e vive no mesmo ambiente. O seu maior cliente é a Portuguese Investments LLC, uma empresa ramificada da Revigrés, que por sua vez é gerida pela colega de Duarte Marques, a deputada do PSD Maria Paula Cardoso. Se restarem dúvidas, debrucemo-nos sobre o que diz a Associação Sindical dos Juízes: 
Duarte Marques a representar o seu gang
Este Natal é pouco propício à paz e à harmonia. O povo português está a ser assaltado por bandidos como Duarte Marques. E enquanto o Expresso raramente encontra o espaço merecido para as notícias da luta de quem trabalha, basbaques incultos e analfabetos como Duarte Marques têm lugar cativo para dizer qualquer tolice e lutar, por todos os meios, pelos direitos de quem não trabalha; gente habituada a ter outros aos pés dos seus caprichos e que às vezes sonha que o mundo é mesmo assim. 

Mas nem Cuba abandonou o socialismo nem o PCP deixará de ser comunista. É você, Duarte Marques, que está mal. Começando na sua escrita e acabando nos seus valores.

António Santos (em manifesto74.blogspot.pt) 

cris-sheandbobbymcgee.blogspot.pt

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