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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

SOBRE A ARTE-XÁVEGA EM PORTUGAL - A Arte-Xávega enfrenta sérios problemas que, a não serem resolvidos, põem em causa a sustentabilidade desta arte de pesca secular e única no mundo e agravam as condições de vida, de trabalho e de segurança dos pescadores e das embarcações.

SOBRE A ARTE-XÁVEGA, EM PORTUGAL...




CAFÉ CENTRAL


GOVERNO NÃO QUER RESOLVER OS PROBLEMAS DA ARTE-XÁVEGA

A Arte-Xávega enfrenta sérios problemas que, a não serem resolvidos, põem em causa a sustentabilidade desta arte de pesca secular e única no mundo e agravam as condições de vida, de trabalho e de segurança dos pescadores e das embarcações.


Como sabemos, perante a luta dos pescadores da Arte-Xávega pela exigência da resolução dos seus problemas, o governo criou a Comissão de Acompanhamento da Pesca com Arte-Xávega – com composição desfavorável aos pescadores – com o argumento que era necessário realizar um Relatório de Caracterização da Pesca com Arte-Xávega para se conhecer melhor esta arte e onde também constassem os problemas e recomendações para a sua resolução.

Em Junho de 2013 foi aprovada na Assembleia da República e por unanimidade de todos os partidos uma recomendação que no essencial responde aos problemas, anseios e reivindicações dos pescadores da Arte-Xávega. Posteriormente, em Julho de 2014 foi finalizado o Relatório, que foi aprovado e assinado por todos os membros da Comissão, nomeadamente pelos representantes dos organismos do Estado, tais como a Secretaria de Estado do Mar, a DGRM, a DGAM,
DOCAPESCA, GNR-UCC e IPMA.

O PSD e o CDS-PP, no Governo, primeiro criam a Comissão, depois ignoram a recomendação da Assembleia da República, mais recentemente não dão cumprimento ao relatório da Comissão e agora, no passado dia 12 de Dezembro de 2014, na Assembleia da República, não aprovam os Projectos de Resolução apresentados pelo PCP, PS e BE, que iam no sentido de dar cumprimento às nossas reivindicações e às decisões já anteriormente tomadas.

Esta atitude por parte dos partidos do governo é inadmissível, incoerente e desrespeitosa, pois foram estes mesmos partidos (PSD e CDS-PP), juntamente com os restantes partidos com representação na Assembleia da República, que lá votaram favoravelmente e por unanimidade a recomendação.

Com isto, o governo PSD/CDS-PP, para além de demonstrar de forma clara que não tem vontade de resolver os problemas da Arte-Xávega, revela um profundo desrespeito para com as decisões tomadas na Assembleia da República, ignora o relatório e as recomendações elaboradas pela Comissão que o próprio Governo criou, pondo assim em causa a sustentabilidade da Arte-Xávega e a própria democracia e a soberania dos organismos institucionais nacionais.

Com tanto consenso em torno deste assunto, é espantoso e de certa forma ridículo que o Governo PSD/CDS-PP ainda não tenha dado um único passo para concretizar as decisões já tomadas, tais como a possibilidade de venda do 1º lanço independentemente do tamanho do pescado capturado, o aumento da potência dos motores por razões de segurança ou o apoio para a gasolina.

Foi a unidade e a luta dos pescadores que permitiu que as conclusões do Relatório da Comissão fossem ao encontro das nossas reivindicações e terá de ser a determinação dos pescadores, organizados nos seus Sindicatos de Classe da CGTP-IN, a obrigar o governo a concretizar todas as decisões já tomadas.
Para que a Arte-Xávega possa continuar a existir com boas condições de trabalho e de vida!

Aveiro, 17 de Dezembro de 2014
A Comissão Executiva da União de Sindicatos de Aveiro


Fonte: Notícias de Aveiro

lusibero.blogspot.pt

1 comentário:

José Gonçalves Cravinho disse...

A propósito,eu quando rapazote fui duas ou três vezes,com mais dois companheiros até à praia de Quarteira «puxar pelas artes»e poder trazer para casa algum peixe.Passávamos a noite deitados na areia e de madrugada,com outros pescadores de Quarteira,moços e velhos,com uns «cintos»feitos em casa«alávamos»a rede.Os tais «cintos» tinham um cabo de mais ou menos um metro e na ponta tinham uma rodela grossa de cortiça com um buraco por onde entrava o cabo preso com um nó.Os cintos eram colocados a tiracolo e engatava-se a rodela grossa de cortiça no grosso cabo de «alar» a rede de arrasto.Dois botes que movidos a remos,(não havia motores)iam para o mar alto para lançar a rede e um dêles o mais pequeno ficava lá e o outro maior regressava com os dois cabos de «alar»distanciados na praia e dois grupos de «aladores» iam «alando» a rede à qual vinha também a reboque o bote mais pequeno e que trazia um candeeiro cuja luzinha brilhava à distância,e que dava o sinal para a direita ou para a esquerda,e para que o puxo fôsse sempre certo,o pescador que estava enrolando o grosso cabo de «alar»e que fitava a luzinha do pequeno bote à distância,gritava:«Ala à banda panda!»ou então «Ala à banda barca!.E tanto os marraxos como os montanheiros,puxavam com mais força.Mas sucedia que se a rede trouxesse pouco peixe,nós os montanheiros,depois de tanto trabalho vínhamos para casa sem nenhum peixe.No Dicionário de Cândido Figueiredo consta que Xávega é uma palavra de origem árabe e certamente que esta «arte»de pesca será também de origem árabe,o que não causa espanto pois Algarve,Albufeira,Aljezur,Algoz,são nomes de origem árabe.