Comissão Europeia «desiludida» com o governo?
«A Comissão Europeia (com o FMI e o Governo) instalou a era do vazio e do cansaço em Portugal. E agora está espantada com os resultados desastrosos. Três anos depois a CE está desiludida com a "capacidade reformista" do Governo.
Mas a sua miopia é evidente: as "reformas estruturais" assentam sempre no mesmo ponto: as reduções salariais no Estado. Depois dispara sobre o aumento residual do salário mínimo, como se isso pudesse ser o factor que não faz descer o elevado desemprego. Critica a falta de reformas na educação e na justiça. E fala, como sempre, das rendas da energia. Três anos depois a CE diz o mesmo de sempre. Como se não tivesse estado aqui e não o continue a fazer como representante dos credores. (...)
O que a CE patrocinou foi a criação de um vazio social, de uma era sem presente nem futuro. Onde só resta aos portugueses ou trabalhar barato (a "desvalorização interna") ou emigrar. E depois fala-se do envelhecimento da população, do nacionalismo radical emergente, e do desemprego que não mexe. Como política europeia estamos conversados. A CE não tem autoridade moral para criticar os dislates do Governo. Patrocinou-os, defendeu-os e continua a considerar que é desta força que a Europa poderá voltar a ser um bloco importante em termos mundiais. A sua desilusão parece lágrimas de crocodilo. O resultado da sua acção é evidente: dissolveu uma sociedade e ajudou a criar uma ainda mais fechada, com menos possibilidades de mobilidade social, mais pobre (em termos económicos, culturais e morais) e instável. Ou seja: acertou no que restava dos pilares da democracia. E depois ainda está "desiludida" com o Governo...»
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