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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

DEPOIS DE 44 ANOS FICOU SABENDO PORQUE FOI QUE O INIMIGO O POUPOU - Em 20 de dezembro de 1943, decolava do campo de aviação RAF Kimbolton, Inglaterra, o bombardeiro B-17, chamado Ye Olde Pub, da United States Air Force (USAF) com a missão de bombardear uma fábrica de aviões em Bremen, Alemanha. A tripulação da aeronave era composta por Bertrand O.Coulombe, Alex Yelesanko, Richard A. Pechout, Lloyd H. Jennings, Hugh S. Eckenrode, Samuel W. Blackford, Spencer G. Lucas, Albert Sadok, Robert M. Andrews e à frente de todos eles o jovem tenente Charles L. Brown.

Em 20 de dezembro de 1943, decolava do campo de aviação RAF Kimbolton, Inglaterra, o bombardeiro B-17, chamado Ye Olde Pub, da United States Air Force (USAF) com a missão de bombardear uma fábrica de aviões em Bremen, Alemanha. A tripulação da aeronave era composta por Bertrand O.Coulombe, Alex Yelesanko, Richard A. Pechout, Lloyd H. Jennings, Hugh S. Eckenrode, Samuel W. Blackford, Spencer G. Lucas, Albert Sadok, Robert M. Andrews e à frente de todos eles o jovem tenente Charles L. Brown.

Depois de 44 anos ficou enfim sabendo porque seu inimigo perdoou sua vida
A tripulação do Ye Olde Pub
Os dez homens conseguiram realizar a missão, mas a um alto preço, o atirador de cauda morreu e 6 tripulantes ficaram gravemente feridos, o bico sofreu danos, dois motores foram atingidos e dos dois restantes só um tinha suficiente potência. A fuselagem estava seriamente agravada pelos impactos das baterias anti-aéreas e caças alemães, inclusive o piloto Charles Brown chegou a perder a consciência momentaneamente. Quando despertou, sentiu o gosto de sangue na boca enquanto tentava estabilizar o avião e ordenar que atendessem os feridos.

Quando pensava que iria sofrer bastante para conseguir manter a aeronave no ar, chegou o pior... um caça alemão apareceu na sua traseira. Todos pensaram que havia chegado seu momento, mas o caça em vez de disparar, alinhou-se ao lado do bombardeiro. Charles virou a cabeça e viu como o piloto alemão fazia gestos com as mãos. Assim se manteve durante alguns instantes, até que o tenente ordenou um de seus homens a posicionar-se na torre da metralhadora, mas antes de poder cumprir a ordem, o alemão olhou nos olhos de Charles, fez um gesto com a mão e se foi.
Depois de 44 anos ficou enfim sabendo porque seu inimigo perdoou sua vida
Charles L. Brown e Franz Stigler
A duras penas, e depois de percorrer 250 milhas, o Ye Olde Pub conseguiu pousar em Norfolk, Inglaterra. O tenente contou a seus superiores o ocorrido, mas eles decidiram ocultar aquele ato de humanidade. Só que o tenente jamais esqueceu. Porque afinal aquele homem não havia derrubado sua aeronave?

Em 1987, 44 anos após aquele acontecimento, Charles começou a buscar pelo homem que havia perdoado a vida de sua tripulação, apesar de não saber nada dele e, muito menos, se ainda estava vivo. Assim colocou um anúncio em uma publicação de pilotos de combate:

- "Estou buscando o homem que salvou a minha vida em 20 de dezembro de 1943."

Em Vancouver, Canadá, alguém respondeu: era Franz Stigler. Após trocarem várias cartas e telefonemas, em 1990 conseguiram se encontrar. Foi como encontrar um irmão que não viam há mais de 40 anos e depois de vários abraços e alguma e outra lágrima, Charles perguntou a Franz:

- "Por que não derrubou meu avião?"

Franz explicou que quando alcançou o bombardeiro e já tinha um ponto de mira certeira para disparar, só viu um avião que a duras penas se mantinha no ar sem defesas e com a tripulação praticamente abatida. Não tinha nenhuma honra em derrubar aquela aeronave, era como abater um paraquedista ou chutar um cachorro morto.
Depois de 44 anos ficou enfim sabendo porque seu inimigo perdoou sua vida
Charles L. Brown e Franz Stigler
Franz havia servido na África às ordens do tenente Gustav Roedel, conhecido cavalheiro do ar, que inculcou a ideia em seus comandados de que para sobreviver moralmente a uma guerra, os soldados deviam combater com honra e humanidade; se assim não fosse, não seriam capazes de viver consigo mesmos o resto de seus dias. Aquele código não escrito em nenhum manual salvou a vida de Charles e seus homens.

O alemão ainda contou que tentou guiá-los para tirá-los do espaço aéreo alemão, mas teve que desistir quando notou que se aproximava de uma torre de controle alemã; se fosse descoberto com certeza teria como destino a pena de morte.

Durante vários anos compartilharam suas vidas e em 2008, com seis meses de diferença, faleceram os dois de ataque cardíaco. Franz Stigler tinha 92 anos e Charles Brown 87.

A bonita história termina aqui, mas logo após que os fatos foram divulgados na imprensa, começou um debate sobre a ação de Franz Stigler. Foi realmente nobre? Teria agido realmente com ética? Vou fazer o papel de advogado do diabo para tentar demonstrar que não.

Charles Brown acabara de bombardear Bremen, realizou uma missão que ao certo causou danos a capacidade aérea dos Alemães e seguramente as bombas atiradas por ele e seus homens acabaram com a vida de muitos alemães. Não foi um "dano colateral" -hipócrita expressão inventada décadas depois- senão que o bombardeio também tinha definidas pretensões de eliminar recursos humanos e não apenas as instalações. A mão de obra qualificada que fabricava os aviões era muito mais difícil de ser reposta do que as instalações.
Depois de 44 anos ficou enfim sabendo porque seu inimigo perdoou sua vida
Brown e Stigler com um quadro da reconstituição
Agora imaginemos que o tenente Charles decidisse mostrar um pouco de compaixão pelos pobres trabalhadores civis que construíam aviões em Bremen e em vez de lançar as bombas sobre pessoas indefesas, honoravelmente tivesse lançado suas bombas no mar. Mereceria reconhecimentos, distinções e honrarias por sua humanidade e compaixão? Lógico que não. O caso é que se não tivesse cumprido com seu dever, seria considerado traidor de seu país e enfrentaria uma corte marcial.

O dever de Franz Stigler era derrubar os bombardeiros da RAF para evitar que estes lançassem bombas sobre a Alemanha. Se o avião regressasse a Inglaterra, podia ser consertado e seus tripulantes participariam de novas missões, bombardeando outros objetivos. Ainda que a história não obvie este fato, o mas provável é que Charles e sua tripulação tenham participado em outros bombardeios e matado mais alemães.

Então, Franz tinha a obrigação, inclusive moral, de derrubar o Ye Olde Pub. Para isso tinha uma patente e haviam lhe confiado um caça, uma cara arma de guerra. Ele deixou de lado suas obrigações e traiu seu país, buscando unicamente seu benefício pessoal -sobreviver moralmente à guerra-. Merecia ter sido degradado, despojado de todas as honras e fuzilado.
Depois de 44 anos ficou enfim sabendo porque seu inimigo perdoou sua vida
Ainda que Franz estivesse no bando dos "homens maus" ao lado do eixo, não justifica sua traição. Já que então pensava que pertencia aos "bons" -estão entendendo?-.

A ação de Franz não foi honorável, nem humanitária nem ética, foi covarde -que é uma atitude muito humana, mas não humanitária-. Aposto que não teve problemas de lançar bombas sobre cidades, mas não foi homem o bastante para disparar contra pilotos que tinha a seu lado e com os quais deveria ter mais empatia e portanto sofreria um maior dano moral.

FICA A QUESTÃO.....CORAGEM OU COVARDIA !


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