Tempo de cobardes
Todos os portugueses sabem do ódio de Passos Coelho a tudo o que cheiRe a Estado português ou a funcionários públicos, até parece que o pobre governante tem algum trauma, se calhar ainda tem pesadelos ou então terá chumbado no acesso a alguma universidade pública ou foi excluído nalgum concurso de acesso nos tempos em que coitado andou desempregado. O certo é que em todos os debates o termo usado não é a requalificação, um eufemismo que faz lembrar a inscrição no portão do campo de extermínio de Auschwitz. Mas nem Gaspar nem o seu criado Rosalino admitem a palavra de despedimento, o primeiro garante que em 2013 ninguém será despedido, o segundo que já admitiu que o que estava em causa era o despedimento vem agora dizer que os funcionários serão requalificados.
Mas não só os governantes nacionais a dar este espectáculo degradante de grande cobardia, o mal já é internacional e tudo começou com um gesto cobarde do FMI. Esta organização não assumiu a responsabilidade pelos desastres em que se envolveu, esqueceu-se do tempo em que os seus responsáveis apontavam para o sucesso português e para o exemplo que era a cobardia, subserviência e obediência do governo português. Em vez disso sugeriu que a culpa seria dos europeus. O FMI deve estar esquecido de um relatório de refundação do Estado português que não passou de um frete do governo que o Salassié assinou por baixo.
Mas antes do FMI já o governo alemão tinha percebido que Portugal caminhava a passo acelerado para o desastre e sugeriu que a culpa era do Durão Barroso e da Comissão Europeia, esses sim que eram defensores da aUSteridade brutal. A senhora Merkel parece ignorar que o Gaspar até escreve artigos a elogiar os resultados da austeridade que o seu ministro das Finanças divulga no site oficial do governo alemão.
Se a troca de piropos entre boches e chernes já não tinha sido um modelo de elegância, o que se viu da parte do comissário Olli, o extremista finlandês que parece defender a austeridade brutal, foi inédito. O comissário gordo e com ar oleoso quase chorava queixando-se do FMI, dava o exemplo da intervenção com os americanos nos Balcãs, dizia o filho da mãe que essa intervenção sim que foi um modelo de colaboração, entraram e saíram juntos.
Isto é, o filha da mãe, pobre senhor que não tem culpa e acaba difamada, veio dizer qualquer coisa do género, se a coisa tivesse corrido pior ninguém diria que os culpados pelas mortes eram europeus ou americanos, mas sim os sérvios ou os albaneses. Também em Portugal a culpa não é do filho da mãe, como disseram os rapazolas da troika há bem pouco tempo é o governo português que decide as medidas e se as coisas correram mal é porque em vez de cortar nas despesas optou por aumentar impostos. Enfim, estes sacanas não querem assumir as responsabilidades pelo que fizeram.
O Jumento
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