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sábado, 22 de junho de 2013

ASSIM FALOU DILMA. E ASSIM PODEMOS COMPARAR O DISCURSO DE UMA PRESIDENTE COM O FALAZAR DE UM SACO DE ALFARROBAS


Minhas amigas e meus amigos,
Todos nós, brasileiras e brasileiros, estamos acompanhando, com muita 
atenção, as manifestações que ocorrem no país. Elas mostram a força de 
nossa democracia e o desejo da juventude de fazer o Brasil avançar.
Se aproveitarmos bem o impulso desta nova energia política, poderemos 
fazer, melhor e mais rápido, muita coisa que o Brasil ainda não conseguiu 
realizar por causa de limitações políticas e econômicas. Mas, se deixarmos que 
a violência nos faça perder o rumo, estaremos não apenas desperdiçando uma 
grande oportunidade histórica, como também correndo o risco de colocar muita 
coisa a perder.
Como presidenta, eu tenho a obrigação tanto de ouvir a voz das ruas, 
como dialogar com todos os segmentos, mas tudo dentro dos primados da lei e 
da ordem, indispensáveis para a democracia.
O Brasil lutou muito para se tornar um país democrático. E também está 
lutando muito para se tornar um país mais justo. Não foi fácil chegar onde 
chegamos, como também não é fácil chegar onde desejam muitos dos que 
foram às ruas. Só tornaremos isso realidade se fortalecermos a democracia – o
poder cidadão e os poderes da República.
Os manifestantes têm o direito e a liberdade de questionar e criticar 
tudo, de propor e exigir mudanças, de lutar por mais qualidade de vida, de 
defender com paixão suas ideias e propostas, mas precisam fazer isso de 
forma pacífica e ordeira.
O governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e 
autoritária destrua o patrimônio público e privado, ataque templos, incendeie
carros, apedreje ônibus e tente levar o caos aos nossos principais centros 
urbanos. Essa violência, promovida por uma pequena minoria, não pode 
manchar um movimento pacífico e democrático. Não podemos conviver com 
essa violência que envergonha o Brasil. Todas as instituições e os órgãos da 
Segurança Pública têm o dever de coibir, dentro dos limites da lei, toda forma 
de violência e vandalismo.
Com equilíbrio e serenidade, porém, com firmeza, vamos continuar 
garantindo o direito e a liberdade de todos. Asseguro a vocês: vamos manter a 
ordem.
Brasileiras e brasileiros,
As manifestações dessa semana trouxeram importantes lições: as tarifas 
baixaram e as pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional. Temos 
que aproveitar o vigor destas manifestações para produzir mais mudanças, 
mudanças que beneficiem o conjunto da população brasileira.
A minha geração lutou muito para que a voz das ruas fosse ouvida. 
Muitos foram perseguidos, torturados e morreram por isso. A voz das ruas 
precisa ser ouvida e respeitada, e ela não pode ser confundida com o barulho e
a truculência de alguns arruaceiros.
Sou a presidenta de todos os brasileiros, dos que se manifestam e dos 
que não se manifestam. A mensagem direta das ruas é pacífica e democrática. 
Ela reivindica um combate sistemático à corrupção e ao desvio de recursos 
públicos. Todos me conhecem. Disso eu não abro mão.
Esta mensagem exige serviços públicos de mais qualidade. Ela quer 
escolas de qualidade; ela quer atendimento de saúde de qualidade; ela quer 
um transporte público melhor e a preço justo; ela quer mais segurança. Ela 
quer mais. E para dar mais, as instituições e os governos devem mudar.
Irei conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes 
para somarmos esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das 
principais cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos 
serviços públicos.
O foco será: primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade 
Urbana, que privilegie o transporte coletivo. Segundo, a destinação de cem por 
cento dos recursos do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato 
milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único 
de Saúde, o SUS.
Anuncio que vou receber os líderes das manifestações pacíficas, os 
representantes das organizações de jovens, das entidades sindicais, dos 
movimentos de trabalhadores, das associações populares. Precisamos de suas 
contribuições, reflexões e experiências, de sua energia e criatividade, de sua 
aposta no futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do 
presente.
Brasileiras e brasileiros,
Precisamos oxigenar o nosso sistema político. Encontrar mecanismos 
que tornem nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos 
malfeitos e, acima de tudo, mais permeáveis à influência da sociedade. É a 
cidadania, e não o poder econômico, quem deve ser ouvido em primeiro lugar.
Quero contribuir para a construção de uma ampla e profunda reforma 
política, que amplie a participação popular. É um equívoco achar que qualquer 
país possa prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de 
qualquer processo democrático. Temos de fazer um esforço para que o 
cidadão tenha mecanismos de controle mais abrangentes sobre os seus 
representantes.
Precisamos muito, mas muito mesmo, de formas mais eficazes de 
combate à corrupção. A Lei de Acesso à Informação, sancionada no meu 
governo, deve ser ampliada para todos os poderes da República e instâncias 
federativas. Ela é um poderoso instrumento do cidadão para fiscalizar o uso
correto do dinheiro público. Aliás, a melhor forma de combater a corrupção é 
com transparência e rigor.
Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, 
gasto com as arenas é fruto de financiamento que será devidamente pago 
pelas empresas e os governos que estão explorando estes estádios. Jamais 
permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal, 
prejudicando setores prioritários como a Saúde e a Educação.
Na realidade, nós ampliamos bastante os gastos com Saúde e 
Educação, e vamos ampliar cada vez mais. Confio que o Congresso Nacional 
aprovará o projeto que apresentei para que todos os royalties do petróleo 
sejam gastos exclusivamente com a Educação.
Não posso deixar de mencionar um tema muito importante, que tem a 
ver com a nossa alma e o nosso jeito de ser. O Brasil, único país que participou 
de todas as Copas, cinco vezes campeão mundial, sempre foi muito bem 
recebido em toda parte. Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma 
acolhida generosa que recebemos deles. Respeito, carinho e alegria, é assim 
que devemos tratar os nossos hóspedes. O futebol e o esporte são símbolos
de paz e convivência pacífica entre os povos. O Brasil merece e vai fazer uma 
grande Copa.
Minhas amigas e meus amigos,
Eu quero repetir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas 
que pedem mudança. Eu quero dizer a vocês que foram pacificamente às ruas: 
eu estou ouvindo vocês! E não vou transigir com a violência e a arruaça.
Será sempre em paz, com liberdade e democracia que vamos continuar 
construindo juntos este nosso grande país.
Boa noite!

(Acham que o nosso Residente, um dia, fazerá um discurso destes aos cidadões?)

A Dita e o Balde

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