Transportes Sul do Tejo deixam de aceitar passes sociais em Agosto
Empresa rodoviária reclama do Estado o pagamento de 5,5 milhões de euros.
A Transportes Sul do Tejo (TST) denunciou os acordos dos passes intermodais (também designados passes sociais) e garante que, se o Governo não cumprir com o pagamento das compensações previstas “em atraso”, a empresa deixa de aceitar o passe social a partir de Agosto.
O administrador da TST, António Corrêa de Sampaio, afirmou à Lusa que o pagamento que a empresa entende estar em falta – 5,5 milhões de euros, “correspondentes às compensações pela diferença entre o preço social e o preço comercial do serviço nos dois últimos anos”, nos passes e nos títulos combinados com o Metropolitano de Lisboa e a Carris – equivale aos resultados negativos que a empresa apresentou em 2011 e 2012.
“É uma situação que não pode continuar a acumular-se, porque começamos a pôr em causa os postos de trabalho da empresa e, também, o nível de serviço que estamos a [oferecer] às populações. Não é, do nosso ponto de vista, possível as empresas continuarem a pagar o custo social do serviço”, afirmou.
Os acordos foram denunciados a 30 de Abril e, se nada for feito, cessam a 31 de Julho. Depois desta data, os passageiros que até agora usavam o passe intermodal para utilizar regularmente a rede da TST – e que a empresa estima que sejam cerca de 12 mil – devem passar a adquirir os passes da empresa de transporte rodoviário.
A TST serve os habitantes da península de Setúbal, na margem Sul do Tejo, que abrange os concelhos de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal.
Aumento entre oito e 20 euros
António Corrêa de Sampaio reconhece que esta decisão vai “restringir” as opções de mobilidade das pessoas, e que a aquisição de um passe TST aumentará o custo das deslocações. O responsável estima que esse aumento varie entre os oito e os 20 euros mensais por passageiro, “em função das necessidades de mobilidade” de cada utilizador.
António Corrêa de Sampaio reconhece que esta decisão vai “restringir” as opções de mobilidade das pessoas, e que a aquisição de um passe TST aumentará o custo das deslocações. O responsável estima que esse aumento varie entre os oito e os 20 euros mensais por passageiro, “em função das necessidades de mobilidade” de cada utilizador.
Contudo, o Governo nega que haja atrasos nos pagamentos. A falar ao início da tarde na Comissão de Economia e Obras Públicas, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirmou que “não há nenhum atraso no pagamento do Estado em relação aos privados”. Na perspectiva do governante, “o que há é um entendimento diferente dos privados sobre a chave de repartição”.
“[Embora] respeitando essa visão por parte dos operadores, não vamos perder 12 milhões de euros por essa subsidiação encapotada que existiu ao longo dos anos. Estamos a cumprir a recomendação do Tribunal de Contas. A disponibilidade do Estado é para pagar na justa medida dos passageiros transportados”, afirmou Sérgio Monteiro.
O secretário de Estado afirmou ainda que “os acordos são para cumprir”, acrescentado que não dirá, “por ora”, qual a posição do Estado a respeito destas denúncias unilaterais de acordos, mas afirmando que “se as empresas insistirem, e se isso prejudicar os cidadãos, o Governo saberá o que fazer para que nenhum cidadão fique para trás”.
Em Janeiro, também a Vimeca e a Scotturb anunciaram que tinham denunciado em Dezembro a sua participação nos passes sociais, por motivos semelhantes aos apresentados agora pela TST. A decisão motivou o protesto dos utentes e dos autarcas dos concelhos servidos pelas empresas – Amadora, Cascais, Odivelas, Oeiras e Sintra.
Em Março, porém, as transportadoras recuaram: os utentes poderão usar os passes sociais pelo menos até 30 de Junho. Até lá, a Vimeca e a Scotturb esperam encontrar "um acordo sustentável com o Estado" para resolver "as liquidações dos valores em dívida há muito vencidos".
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