vice-versa
A segurança educa-se nas crianças mostrando-lhes as mesmas coisas todos os dias, livros, canções, desenhos, hábitos, horários, rotinas, etc, etc... crescemos a valorizar essas mesmas caracteristicas que os outros representam em nós para nos sentirmos seguros na relação, seja ela de amizade, de amor, de trabalho.
Passados uns anos a segurança transforma-se em rotina e o que sempre lá esteve parece incomodar, ou somos nós que nos transformamos, ou são os outros, ou o crescimento de ambos não foi feito com respeito, estás tão diferente dizem, e estranham, como se diferente fosse algo errado. Assim a partida até pode ser. Se no inverso habituamo-nos a constantes novidades, ao novo,.caminhamos para a frustração, ansiosos por novidades o mesmo cansa, desgasta e sentimo-nos apagados, desejosos de um novo desafio.
Ora isso numa relação, ter de ser o mesmo e apresentar sempre novos desafios torna-se "esquizofrénico" e assim, ora ego de um ora ego de outro dão-se os atritos. Cedências? Até que ponto estamos dispostos a ceder, se é que é ceder... respeitar a individualidade de cada um não é ceder, é deixar o outro existir na sua essência. Insistir?...
Lembrei-me que poderiamos ser produtos, publicitamo-nos, divulgamo-nos e há quem veja a embalagem e compre sem ler todos os ingredientes, mas a pensar melhor, considero mais sermos ingredientes e conforme as mãos em que nos colocamos, tornamo-nos em refeições mais ou menos saborosa, há quem aprecie as nossas partes picantes, há quem aprecie as nossas partes doces, amargas, salgadas, melosas, intragáveis... e ao sermos cozinhados vamos nos apercebendo de como gostamos mais de nós mesmos.
Da segurança a novidade, do produto aos ingredientes, somos não só o que somos, mas o que queremos ser, as vezes é preciso ceder, outras proceder... as vezes é só preciso gastar a pele, gastar a pele, gastar a pele, até que avaliando o cenário de desgaste poderemos ou não descobrir bons cozinheiros das nossas essências. Ninguém nos começa ou termina, somos os ingredientes revelados a quem nos queira cozinhar, ou vice-versa...
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