Mais do que a campina…
As investidas sobre a ocupação e exploração do território passam sempre pelas ferramentas das decisões políticas que, no caso da campina, se entrelaçam entre diferentes directivas de várias entidades, todas de nomeação política.
A decisão da assembleia municipal, actual herdeira das anteriores nos atropelos à lei, à ruinosa organização da cidade e, sobretudo, da sua economia, não espanta como instrumento político formado por pessoas escolhidas a dedo e com compromissos para com os partidos e não para com a sociedade.
Os especuladores endinheirados, que não decidem nada, precisam dos jogos políticos e da contagem de espingardas para que as decisões tomem o caminho dos seus interesses. Foi assim no passado com as consequências que todos lamentam e tudo aponta para a sua repetição.
Nos séculos passados, a estrutura das cidades e vilas fazia-se à volta das centralidades baseadas em praças, jardins e edifícios emblemáticos. O seu crescimento não esquecia novos espaços sociais e sem o flagelo dos automóveis e num casario baixo e harmonioso, as últimas gerações de ruas são tão largas como as que hoje são planeadas para uma volumetria três, quatro, dez vezes superior.
As sombras caíram sobre as cidades, o convívio de rua desapareceu, luta-se por um lugar para os carros da família, cortam-se laços por não cumprimento do condomínio e o individualismo e a abstracção vão-se instalando na sociedade, o que muito favorece as decisões políticas reservadas aos eleitos dos partidos.
Faro é um exemplo vivo das contradições sobre o uso da democracia para fins de serviço às minorias que detêm o poder económico, evidenciado na velha urbe estruturada e o anel de confusão construído à sua volta.
Os mesmos partidos (PSD, CDS e P”S”) que não vêem mal na ocupação da campina, possivelmente por razões divinas…, foram os que mataram e endividaram a cidade e o concelho.
Os mesmos partidos que selaram o desordenamento e vêem nos centros comerciais novas centralidades (?!), são os responsáveis pelo empobrecimento da cidade, das suas forças económicas e do abandono do centro histórico, sobre o qual se joga uma injustificada especulação e abuso sobre o cumprimento da lei.
Os órgãos autárquicos continuam vesgos sobre prioridades…
Luis Alexandre
P.S.:
Terminado o texto, li da satisfação de mais um grande espaço comercial que, diz o presidente da autarquia, vai criar 200 postos de trabalho directos e indirectos. Mas não fala dos que vão acabar. Trata-se de mais uma machadada no comércio e na baixa de Faro. Não estarão em causa mais de 20 empregos, a distribuição já está montada e as fábricas de sustento estão algures pelo mundo pobre…
E medidas estruturantes onde estão?...
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