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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Que Falem os Cidadãos

CONSIDERANDO que nenhum dos partidos que vai formar governo tem programa próprio, pois essa função vai ser desempenhada pelo acordo assinado com a troika FMI-CE-BCE, e se as opções mais polémicas nele inscritas, como sejam a nova onda de privatizações de sectores básicos da economia, profundas alterações à legislação laboral e emendas à Constituição da República, matérias tão sensíveis que não foram sufragadas pelos eleitores, sustento que tais medidas devem ser objecto de referendo, dando voz aos cidadãos. E direi mais: porque desempenham a função de coluna vertebral do regime, sendo vitais para a sustentabilidade e soberania do país, não deviam ser negociadas como garantia ou contrapartida para a obtenção de resgates ou empréstimos, pois há outras vias e modos de o assegurar. Será que há receio que aconteça o mesmo que aconteceu na Itália de Berlusconi, com a rejeição em referendo da opção nuclear e de novas privatizações? Provavelmente há, todavia, a democracia não pode resumir-se a ser apenas um verbo-de-encher, porque convém, quando convém e a quem convém…

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