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quinta-feira, 16 de junho de 2011

CONTOS E FÁBULAS DO ALGARVE - A LENDA DAS AMENDOEIRAS

Lenda das Amendoeiras - Algarve - Portugal

"Passam os anos, sopram os ventos, vibram os trovões, cai a chuva, desfazem-se as terras, morrem as gentes,... _ mas as lendas ficam. ... as lendas transmitem-se e perduram,... Apenas a voz as transporta. De voz em voz galgam os séculos. Perpetuam-se como a própria vida. E é ao povo, sem dúvida, que devemos tão extraordinário milagre."

Há muito tempo, antes da independência de Portugal, quando o Algarve pertencia aos árabes, havia ali um rei mouro que desposara uma rapariga do norte da Europa, à qual davam o nome de Gilda.

Era encantadora essa criatura, a quem todos chamavam a Bela do Norte, e por isso não admira que o rei, de tez cobreada, tão bravo e audaz na guerra, a quisesse para rainha.

Apesar das festas que houve nessa ocasião, uma enorme tristeza se apoderou de Gilda. Nem os mais ricos presentes do esposo faziam nascer um sorriso naqueles lábios agora descorados: a "Bela do Norte" tinha saudades da sua terra.

O rei conseguiu, enfim, um dia, que Gilda, em pranto e soluços, lhe confessasse que toda a sua tristeza era devida a não ver os campos cobertos de neve, como na sua terra.

O grande temor de perder a esposa amada sugeriu, então, ao rei uma boa ideia. Deu ordem para que em todo o Algarve se fizessem plantações de amendoeiras, e no princípio da Primavera, já elas estavam todas cobertas de flores.

O bom rei, antevendo a alegria que Gilda havia de sentir, disse-lhe:

- Gilda, vinde comigo à varanda da torre mais alta do castelo e contemplareis um espectáculo encantador!

Logo que chegou ao alto da torre, a rainha bateu palmas e soltou gritos de alegria ao ver todas as terras cobertas por um manto branco, que julgou ser neve.

- Vede - disse-lhe o rei sorrindo - como Alá é amável convosco. Os vossos desejos estão cumpridos!

A rainha ficou tão contente que dentro em pouco estava completamente curada.


A Princesa:
Ai portas do meu silêncio,
Ai vidros da minha voz,
Ai cristais da minha ausência
da terra dos meus avós.
Desataram-se em soluços
os seus cabelos desfeitos...

O Rei Mouro
Dizei-me magos, oragos,
anões, duendes, profetas,
adivinhos e jograis,
sagas, videntes,poetas...
Como hei-de secar o pranto,
daqueles olhos de rio?
Como hei-de secar os ais,
daquela boca de estio?
Como hei-de quebrar o encanto
que numa tarde de pedra
talhada pela tristeza
selou com dados de chumbo
o sorriso da princesa,
que suspira pela neve
da ponta do fim do mundo?

José Carlos Ary dos Santos

Esta manhã acordei
E mal cheguei à janela
Todo o campo em meu redor
Parecia a coisa mais bela
Amendoeiras em flor
Seculares árvores benditas
E o vento fazendo bailar
Mil pétalas das mais bonitas
É assim o meu Algarve
Em cada mês de Janeiro
Sem neve no seu regaço
Mas sempre um branco canteiro

E l s a

lenda da moura encantada - castelo velho de Alcoutim

Diz assim:

[O Castelo Velho segundo Duarte de Armas - Séc.XVI]

No castelo velho de Alcoutim, estava encantada uma bela agarena por motivos que não são conhecidos mas que devem estar relacionados com o abandono forçado que aquele povo teve que fazer.

Depois “conhece-se” a forma de proceder à quebra do encanto, libertando a bela moura:
Na manhã de S. João, e só nessa altura, o pretendente ao desencanto, que ao efectuá-lo, receberia o grande tesouro que se encontrava escondido no local onde se situou o velho castelo mourisco que denominava e vigiava a curva existente no rio, tinha que travar luta contra um bicho façanhudo, tipo réptil que tinha grandes pestanas e sobrancelhas e, o que é muito importante para a estória, uma malha preta na cabeça, único ponto vulnerável que possuía, desde que fosse tocado por uma arma branca.

Se o pretendente não o conseguisse, seria devorado por tal bicho que tinha como local de repouso, observação e defesa dois chaparreiros onde se enroscava e o dilatado tempo já passado, sem que ninguém tivesse o arrojo de o enfrentar, tinha originado o alisar do tronco das árvores.

Quanto à bela agarena, a lenda não indica o seu destino.

Que houve gente que passou dias a cavar no local esperando encontrar o tesouro sem enfrentar o bicho façanhudo, parece ter acontecido pelo menos nos princípios do século passado e possivelmente aconteceu o mesmo em séculos anteriores onde naturalmente a lenda estava mais arreigada.

Ainda hoje e segundo informações muito recentes há tractoristas que em locais impregnados de lendas deste tipo fartam-se de escavar para cima e para baixo esperando encontrar as famosas barras de oiro em arcas ou em coiro de boi, por exemplo!

E a moira, de que se desconhece o nome, o que nem sempre acontece, lá continua no seu padecido encantamento, até a lenda se perder com o esboroar dos tempos!

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