Em 1961 a Empresa de Transportes do Funchal encomendou um navio aos Estaleiros de São Jacinto, em Aveiro, para efetuar a ligação entre Lisboa e o Funchal com carga geral. Como também se destinava a transportar a famosa banana da Madeira para Lisboa, o navio foi equipado com ventiladores de porão.
Nos anos sessenta ainda não tinha chegado a era do contentor, pelo que a estadia nos portos para carga e descarga era muito demorada, demorando em média quatro a cinco dias para descarregar e carregar o navio.
Também tinha ter acomodações para 12 passageiros.
Madeirense saindo de Lisboa |
O "Madeirense" era um navio misto de carga e passageiros com 70.36 mt de comprimento, 11.03 mt de boca, 5.35 mt de pontal, 1 maquina diesel Werkspoor de 1450 hp que lhe permitia uma velocidade máxima de 12 nós. Disponha de 2 porões servidos cada um por um conjunto de paus de carga.
Á popa tinha um pequeno porão para carga frigorífica e excelentes acomodações para passageiros com 4 dos camarotes com casa de banho privativa.
Até 1989 o Madeirense fez ligações quinzenais com Lisboa , alternando com o gémeo Funchalense, escalando por vezes o Porto Santo, transportando passageiros de e para o Funchal assim como algumas mercadorias onde se destaca as conservas de peixe da extinta fabrica de conservas do Porto Santo, com destino a Lisboa.
Madeirense no Funchal a descarregar carga geral na década de 60 |
Quando vinha ao Porto Santo, e por esta ilha não ter ainda porto, o "Madeirense" fundeava ao largo sendo o transbordo feito em lanchas.
Com o aparecimento dos contentores o Madeirense tornou-se obsoleto. Depois de um período imobilizado em Lisboa, foi vendido á Porto Santo Line em 1989, para a ligação Funchal/Porto Santo, no transporte de mercadorias que na altura era feito por dragas, fretadas para o efeito.
Madeirense chegando ao Porto Santo com contentores |
Em Março de 1990 rumou para Lisboa para efetuar uma grande reparação. O tombadilho das baleeiras foi prolongado para a popa, para aumentar o número de passageiros de 12 para 120, assim como a sua cobertura. Foi montado um gerador de corrente alterna para alimentar contentores frigoríficos, lembro que na altura da sua construção os navios disponham apenas de corrente continua, e sempre que era necessário montar um aparelho de corrente alterna, um radar por exemplo, era necessário montar uma comutatriz.
Foram também retirados os paus de carga e o casco foi decapado, ficando com um especto de novo.
O Madeirense começou em ligações regulares em Maio de 1990, transportando carga e passageiros. Tinha capacidade para 19 teus, cerca de 2 dezenas de automóveis estivados em cima dos contentores, no convés e nas cobertas, e muita carga geral, assim como 120 passageiros. Fazia uma ligação semanal regular com saída do Funchal na quarta á tarde e saída do Porto Santo á segunda depois do almoço, isto durante o inverno, fazendo no entanto, sempre que necessário, viagens extraordinárias. Durante o verão o navio fazia quatro viagens semanais com saída do Funchal á terça-feira, quarta-feira, sexta-feira e domingo e do Porto Santo á terça-feira, á quinta-feira, ao sábado, e ao domingo.
O "Madeirense" abasteceu o Porto Santo até Outubro de 1996, altura em ficou imobilizado no Funchal. Em Janeiro 1998 fez a derradeira viagem para o Porto Santo, já com os certificados de navegação expirados mas com uma autorização da Capitania do Porto do Funchal.
Foi então decidido o seu afundamento ao largo do Porto Santo. Para tal retirado do navio tudo o que era suscetível de causar qualquer tipo de poluição, assim como todas as vigias e aparelhos, ficando o navio reduzido a carcaça.
Finalmente a 21 de Outubro de 2000 o "Madeirense" foi rebocado para o seu último destino, e depois de fundeado pela proa e pela popa, foram feitas aberturas no casco para o afundamento mais rápido. Depois de algumas horas a lutar pela flutuação o Madeirense rendeu-se a força do mar e afundou de proa.
Hoje o recife artificial "Madeirense" é um ponto obrigatório do mergulho. Ainda que a 30 metros de profundidade não foi esquecido e será sempre o" MADEIRENSE".
Se alguém se achar no direito de reclamar a autoria de algumas fotos por favor contacte-me que eu as retirarei, o que seria uma perda para a informação deste post.
https://www.marilheu.com/2019/11/o-cargueiro-madeirense-de-1961.html
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