Sábado passado assinalaram-se 42 anos sobre o 25 de novembro de 1975.
Nos livros da escola, nas conversas de café, nas retóricas dos partidos do centrão, a data é apresentada como o dia em que se travou o vírus comunista em Portugal. O país dera, então, os passos decisivos a caminho da Liberdade. Chegara o tempo da “normalização democrática”, contam-nos.
E se não tiver sido assim?
Nos livros da escola, nas conversas de café, nas retóricas dos partidos do centrão, a data é apresentada como o dia em que se travou o vírus comunista em Portugal. O país dera, então, os passos decisivos a caminho da Liberdade. Chegara o tempo da “normalização democrática”, contam-nos.
E se não tiver sido assim?
Sabemos que as tensões vividas desde a queda formal do Estado Novo e durante todo o Processo Revolucionário em Curso (PREC) se acumularam de tal forma no Verão Quente de 1975 que há poucas dúvidas de que o país estivesse próximo de uma Guerra Civil.
Nos quartéis, os militares estavam divididos. Liderando o país, os atores que tinham feito o 25 de abril e criado o Movimento das Forças Armadas não se entendiam. Cada partido político queria um Portugal diferente. Bebendo avidamente da Liberdade, as gentes permitiam-se fazer tudo o que antes só sonhavam: greves, plenários, ocupar terras, fábricas, casas.
Mas as décadas de ditadura fascista, da PIDE, do medo e do respeitinho tinham pouco de passado. Pelo sim, pelo não, as armas foram sendo distribuídas livremente ao Povo, não fosse dar-se o caso de ser necessário contar espingardas.
Entre os que defendiam o Socialismo Revolucionário, os que se apresentavam como moderados e os envergonhadamente saudosistas do Antigo Regime, parecem ter perdido os primeiros.
Nos quartéis, os militares estavam divididos. Liderando o país, os atores que tinham feito o 25 de abril e criado o Movimento das Forças Armadas não se entendiam. Cada partido político queria um Portugal diferente. Bebendo avidamente da Liberdade, as gentes permitiam-se fazer tudo o que antes só sonhavam: greves, plenários, ocupar terras, fábricas, casas.
Mas as décadas de ditadura fascista, da PIDE, do medo e do respeitinho tinham pouco de passado. Pelo sim, pelo não, as armas foram sendo distribuídas livremente ao Povo, não fosse dar-se o caso de ser necessário contar espingardas.
Entre os que defendiam o Socialismo Revolucionário, os que se apresentavam como moderados e os envergonhadamente saudosistas do Antigo Regime, parecem ter perdido os primeiros.
Mas e se a História for menos óbvia e com mais contradições? E se o 25 de novembro de 1975 não tiver significado a pacificação de coisa nenhuma?
Miguel Carvalho, grande repórter na revista VISÃO, escreveu 560 páginas que defendem esta tese. “Quando Portugal Ardeu. Histórias e segredos da violência política no pós-25 de Abril” (Oficina do Livro, 2017) fala-nos da rede terrorista de extrema direita que matou, espancou, pôs bombas e incendiou sedes de partidos de esquerda em Portugal nos primeiros anos de Democracia.
Para o portuense nascido a 25 de novembro, mas de 1970, a história foi outra. “É estranho que a memória, neste país, demore tanto tempo a fazer. (…) Continuamos a ouvir a narrativa do costume: o 25 de novembro de 75 travou a ditadura comunista; o PS nunca foi financiado pela CIA; os americanos é que nos ajudaram a conquistar a Liberdade e a Democracia”.
E as conclusões também. “Aquilo que Portugal viveu nessa época foi o risco de resvalar novamente para uma ditadura de extrema-Direita. Partilho desta convicção. Deixei margem para que a investigação dissesse o contrário. Não disse. Reforçou-a. (…) A convicção com que fico depois deste livro, que reforcei com as entrevistas que fiz, é que o Dr. Mário Soares se valeu de tudo, de tudo, para pôr o PS como a cabeça deste regime e atribuir ao PCP aquilo de que o PCP, em grande parte, não é responsável.”
Fotografia: Lucília Monteiro
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