O homem empenhado em renovar e rejuvenescer a democracia de seu país e que, com sua mulher, a bela e inteligente Jackie Kennedy, transformou a Casa Branca em uma nova Camelot. Seu assassinato, em 22 de novembro de 1963, pelo disparo de Lee Harvey Oswald, em Dallas, fez dele um mártir pop como Che, Marilyn Monroe e James Dean.
E depois, as teses de conspiração sobre sua morte, convertidas quase em certezas por Oliver Stone no filme JFK (1992), fizeram com que todo o mundo conhecesse a teoria da bala mágica. Esse filme tornou o promotor Jim Garrison, interpretado por Kevin Costner, o paradigma do homem incorruptível em busca da verdade diante de um aparato estatal corrupto. Kennedy fora um mártir, um bom rei assassinado pelos esgotos do Estado e da máfia, que, diziam, ele havia enfrentado.
Garry Wills argumenta que JFK não era o verdadeiro autor do livro com o qual levou um Pulitzer, mas, sim, Theodore Sorenson e Jules Davids (professor de história de Jackie Kennedy em Georgetown) e que a obra foi paga por Joe Kennedy, obcecado em aumentar o prestígio intelectual de seu herdeiroAo longo dos anos, porém, o mito JFK mostrou suas fraquezas e contradições. Um bom punhado de obras, de memórias de colaboradores a sérias investigações históricas, revelaram essa face sombria. Estas são algumas dessas descobertas.
Foi um produto de marketing
JFK não surgiu do nada. Para muitos, era um produto criado por seu pai, Joseph P. Kennedy, um magnata que ocupou cargos importantes no Governo dos EUA. O fundador do clã tem uma biografia cheia de pontos obscuros, como revelado por The Patriach, uma monumental obra biográfica de 800 páginas assinada por David Nasaw e publicada em 2012.Nascido em 1888, em uma família de imigrantes católicos irlandeses, Joseph P. Kennedy era, escreve Nasaw, “um homem de talentos ilimitados, charme magnético, energia implacável e ambição desenfreada”. Educado em Harvard, “lutou para abrir portas que estavam fechadas para ele [como um católico irlandês] e, depois de forçar a entrada, ele se recusou a cumprir as regras”. Por exemplo, em Wall Street, onde ganhou uma fortuna antes de completar 40 anos, riqueza que aplanou o caminho de seu filho para a Casa Branca.
Como primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), de Roosevelt, ele se esforçou para regular o mercado, para que outros não pudessem se valer dos mesmos truques e buracos de que ele se aproveitara para enriquecer. Cometeu grandes erros de cálculo. Por exemplo: estava convencido de que a vitória nazista era inevitável, que a democracia nas Ilhas Britânicas estava acabada e que era necessário pactuar com Hitler. Após a morte do primogênito na Segunda Guerra Mundial, passou a ter como obsessão levar seu segundo filho, John Fitzgerald, à presidência.
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