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sábado, 23 de novembro de 2019

A diferença entre Greta e Malala Por Isaac Averbuch







A diferença entre Greta e Malala
Por Isaac Averbuch
Diante da polémica que gira no mundo e com respingos fortes num colega jornalista e também advogado aqui na cidade, recebi este artigo que roda na mídia e resolvi transcrever…
“Nos últimos tempos duas meninas chamaram a atenção do mundo e ambas foram parar à ONU. Duas histórias muito diferentes e duas personalidades totalmente distintas. Uma falou com pleno conhecimento de causa e outra sem conhecimento algum. Uma trazia um sentimento nobre, palavras sensatas e um semblante humilde; a outra exibia uma face arrogante, um discurso malcriado e interesses ocultos nada admiráveis (e que por isso precisam de permanecer ocultos).
A que surgiu mais recentemente, a sueca Greta, que nem completou o ensino médio, pretendeu dar ao mundo aulas de ecologia. A ela não faltou, jamais, qualquer suporte material, desde antes de nascer. Nascida num dos países mais ricos do mundo, nunca viu a miséria de perto, não faz a mínima ideia do que sejam as dificuldades da vida, mas do alto da sua ignorância quer ditar como a humanidade deve viver. O excesso de conforto material não evitou que a mocinha se transformasse num pequeno poço de revolta. Em tom quase histérico anuncia que estamos às portas de uma “extinção em massa”. Com o olhar injectado de ódio e rosto crispado, questiona, sabe-se lá quem: “vocês roubaram a minha infância e os meus sonhos!”.
Como assim? O que lhe faltou na sua infância? Pelo jeito, carinho da família ou dos amigos e uma educação que lhe abrisse os olhos para o facto (evidente) de que o mundo é complicado mesmo e que as coisas não se resolvam do dia para a noite. Talvez conselhos no sentido de não ser tão agressiva e rancorosa. Se foi isso que lhe “roubaram”, garota, procure os culpados na sua casa e na sua escola, não no resto do mundo. Ah,…. mas à escola a menina-que-sabe-tudo não vai mais, exactamente porque já sabe tudo…
Eu pergunto-me: roubaram os seus sonhos? Foi mesmo? Aos 16 bem vividos anos já não há mais com o que sonhar? Se alguém lhe “roubou” esses sonhos e você não tem mais nenhum, o problema está em si, não no resto da humanidade. Se não sonha em ter uma profissão ou uma carreira, ganhar a sua vida, ter uma família e, quem sabe, colaborar para construir um mundo melhor, o problema está só em si, que espera que os seus “sonhos” lhe sejam entregues sem esforço. Isso não vai acontecer, menina. É melhor acostumar-se com a ideia, por frustrante que ela seja. Talvez até hoje os seus pais e financiadores ocultos tenham feito o possível para realizar esses tais “sonhos”, mas à medida que o tempo passa, o esforço precisa, cada vez mais, ser mesmo seu. E não adianta inchar a veia do pescoço enquanto esbraveja na ONU, sob os aplausos de uma plateia de idiotas que, avidamente, tentam sorver os ensinamentos que não tem para lhes oferecer, porque isso não vai trazer os seus “sonhos” de volta.
A outra garota anda meio desaparecida, mas não pode, jamais, ser esquecida. Em tudo difere da petulante sueca. Refiro-me à paquistanesa Malala. Ela, sim, teve a infância roubada (e quase a vida se foi junto). Malala nasceu nos confins mais atrasados do Paquistão, onde predominam costumes tribais e o fundamentalismo islâmico. Malala tinha um sonho, estudar, e foi esse sonho, tão singelo, que lhe tentaram roubar. Sofreu ameaças, levou um tiro na cabeça. A sua família teve que fugir do país e ela chegou entre a vida e a morte na Inglaterra (num anti-ecológico avião a jacto, não num barco a vela), onde foi salva. Malala sobreviveu para contar a sua história, para prosseguir no seu sonho e para ajudar a fazer um mundo melhor, para si e para todas as mulheres que sofrem perseguições e discriminações e, com o seu exemplo, dar-lhes maiores oportunidades. Malala tinha mil razões para odiar e para se queixar, mas sua presença, por onde passa, transmite uma mensagem de serenidade e firmeza na defesa de ideais nobres. Malala não exala ódio, desejo de vingança, ao contrário, cativa pela sua modéstia e seu sincero desejo de fazer o bem.
O contraste entre as duas é brutal. Uma sempre teve tudo e acha que nada presta. A outra, teve uma origem extremamente humilde, não tinha sequer liberdade e quase perdeu a vida por um sonho tão modesto. Não se abateu, não se vitimiza e não se diz “roubada”. Malala quase morreu porque desejava estudar, mas foi em frente. Greta posa de vítima e não vai mais à escola porque, tolamente, pensa que já pode dar lições ao mundo”.
Cumprimentos
Luiz Pinto

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