Joacine escoltada por GNR no parlamento.
"Não há outra forma" de poder trabalhar, com "interrupções constantes"
de jornalistas, diz assessor
Assessor de Joacine Katar Moreira garante que era um
guarda GNR a quem se pediu que acompanhasse a
deputada ao gabinete.
Rafael Esteves Martins queixa-se de "interrupções
constantes" por jornalistas.
guarda GNR a quem se pediu que acompanhasse a
deputada ao gabinete.
Rafael Esteves Martins queixa-se de "interrupções
constantes" por jornalistas.
O assessor da deputada Joacine Katar Moreira, Rafael Esteves Martins, queixa-se à Rádio Observador de “interrupções constantes” por parte de jornalistas, nos últimos dias, justificando assim a decisão de pedir a um GNR do parlamento para escoltar a deputada do partido Livre até ao seu gabinete. Um momento que ficou registado pelas câmaras da SIC e da RTP e que mostraram a deputada e o seu assessor escoltados por um GNR, sem farda, que chega mesmo a tentar afastar os jornalistas da deputada, tanto com gestos como com palavras. O assessor sublinha que a “cultura de trabalho” de Joacine Katar Moreira é uma “cultura de descanso, no sentido intelectual do termo” e que se a pressão mediática continuar, poderá voltar a pedir-se que seguranças afastem a deputada dos jornalistas: “não haverá outra forma”.
Ouça aqui as explicações do assessor de Joacine Katar Moreira, à Rádio Observador.
SOM AUDIO
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Ao longo desta terça-feira, Joacine Katar Moreira, que durante o fim de semana respondeu a inúmeras solicitações da imprensa para comentar o momento de crise no Livre, manteve-se incontactável. Primeiro, foi noticiado o incumprimento de prazo da deputada, que não entregou a tempo o projeto de alteração à Lei da Nacionalidade, uma das grandes bandeiras do partido durante a campanha — e Joacine não quis fazer qualquer comentário. A seguir, foi tornada pública a tentativa de Joacine, junto da mesa da Assembleia da República, de submeter mesmo assim o seu projeto a discussão e a nega que os outros partidos lhe deram — e a deputada única do Livre tornou a não comentar.
Ao final do dia, quando confrontada diretamente pelas equipas de reportagem da SIC e da RTP, nos corredores do Parlamento, Joacine Katar Moreira também não respondeu a perguntas. Seguia, como é visível nas imagens:, acompanhada por um GNR não fardado e pelo seu assessor, Rafael Esteves Martins. De garrafa térmica na mão, Joacine sorriu para as câmaras e manteve-se em silêncio.
Houve um (outro) jornalista que “nos entrou pelo gabinete adentro”
Ouvido pela Rádio Observador esta quarta-feira, pelas 10h, Rafael Esteves Martins explicou que “a sra. deputada estava a participar num documentário da Al Jazeera” filmado no Salão Nobre. Tendo em conta que, durante a tarde, houve um outro jornalista que “nos entrou pelo gabinete adentro”, o assessor Rafael Esteves Martins diz: “achei por bem solicitar ao guarda que estava em funções para acompanhar a sra. deputada até ao seu gabinete“.
Enquanto Joacine participava no documentário da Al Jazeera, equipas de jornalistas da RTP e da SIC esperavam a deputada junto ao salão nobre. Terá sido nessa altura que o assessor do Livre, Rafael Esteves Martins, pediu a um militar GNR que estava na zona para escoltar a deputada enquanto passasse pelos jornalistas no corredor. À Rádio Observador, Rafael Esteves Martins explicou que quis evitar algo que, na descrição que faz, os jornalistas fazem frequentemente que é “cercar” os deputados, na busca de declarações.
Não conseguimos trabalhar se nos continuarem a pedir informações que não são necessariamente de interesse público”, diz Rafael Esteves Martins.
Os jornalistas, contactados pelo Observador, negam ter tentado entrar em qualquer gabinete ou sequer batido à porta, como Rafael Esteves Martins disse no Twitter. O assessor do Livre explicou à rádio Observador que, afinal, se estava referir a um outro jornalista — e não a nenhum dos que estavam presentes no momento em que foi pedida a segurança — e a um outro momento do dia.
Os jornalistas limitaram-se a ficar à espera pelo momento em que a deputada saiu da entrevista. E terão sido informados pela segurança que tinha sido solicitado o acompanhamento da deputada pelos corredores. Apesar das recusas do assessor e do pedido de segurança, os jornalistas continuaram à espera. Quando a deputada saiu da entrevista, como muitas vezes acontece nos corredores, o jornalista da SIC tentou fazer perguntas à deputada durante alguns metros, como se vê nas imagens, mas sem sucesso.
Rafael Esteves Martins diz que a sua principal preocupação era que os documentaristas e realizadores da Al Jazeera “pudessem fazer o seu trabalho em paz”, não explicando porque é que foi no corredor — e não na sala — que se pediu o acompanhamento do GNR. Questionado sobre isso pela Rádio Observador, Rafael Esteves Martins acabou por “explicar que quando estamos a trabalhar num projeto de lei que foi submetido — que está nas iniciativas do parlamento — não conseguimos fazê-lo se estivermos constantemente na presença de jornalistas, de chamadas, de e-mails, etc“.
“Não conseguimos trabalhar se nos continuarem a pedir informações que, a nosso ver, não são necessariamente de interesse público”, diz o assessor de Joacine.
No Twitter, o assessor de Joacine Katar Moreira tinha que se “largue o osso” nesta polémica, parecendo justificar o pedido de segurança pelo facto de “ontem um jornalista entrou-nos pelo gabinete. Foi isso. There, I said it [pronto, está dito]”.
Rafael Esteves Martins criticou, também, o trabalho jornalístico feito sobre este tema, sublinhando que o problema não está nos jornalistas mas em “quem lhes paga (bem como sobre os que pagam a quem àqueles paga). “O trabalho jornalístico é precário, mal pago, sujeito a desordens mentais”, diz o assessor da Joacine, num post sobre a “mercantilização da informação”.
Depois de na segunda-feira ter falado ao Notícias ao Minuto sobre o atual momento de tensão no Livre, motivado pela abstenção da deputada no voto de condenação pela “nova agressão israelita a Gaza” — “Isto trata-se de um autêntico golpe e a minha resposta é esta: não sou descartável e exijo respeito” —, Joacine voltou a quebrar o silêncio esta quarta-feira nas páginas do Público (não sendo claro quando é que essas declarações foram prestadas ao jornal) — título: “Identifico-me com o Livre e o Livre identifica-se comigo”. Mas não comentou o incumprimento do prazo de entrega do projeto sobre a Lei da Nacionalidade.
observador.pt
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