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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Este recém-nascido vai continuar a ser notícia

estatuadesal.com /

(Miguel Cadete, in Expresso Curto, 08/11/2019)



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Já tem dois dias a frase mais comovente da literatura portuguesa do século XXI: “Bem-vindo, puto!”, escreveu alguém nas redes sociais do INEM para legendar a fotografia de um recém-nascido a ser resgatado do caixote de lixo, depois de para ali ter sido atirado, na terça-feira, para os lados de Santa Apolónia, em Lisboa.
Salvador, foi assim baptizado o bebé, continua a ser notícia não só porque Marcelo Rebelo de Sousa seguiu do encerramento do Web Summit, ontem, para as redondezas da estação de comboios de maneira a poder congratular o sem-abrigo que notou sinais de vida, na tarde de terça-feira, dentro de um eco-ponto nas imediações da discoteca Lux. O Presidente da República quis conhecê-lo e “agradecer-lhe pessoalmente”. Abraçou-o e chamou-lhe “herói”.


Continua a ser notícia porque do Hospital Dona Estefânia asseguram que Salvador está bem de saúde, apesar de Luís Pedro Nunes, o técnico do INEM que o socorreu, ter logo notado, ainda na terça-feira, que o bebé “tinha uma hemorragia ativa no cordão umbilical, hipotermia grave e dificuldades respiratórias”, como disse ao “Diário de Notícias”.


Continua a ser notícia porque ainda não se sabe o que vai acontecer, no futuro próximo, a Salvador, tal como se discutiu em mais uma emissão do Ao Vivo na Redação do Expresso.


Vai, ou devia, continuar a ser notícia enquanto o salário mínimo nacional se mantiver em níveis miseráveis, um dos mais baixos da Europa. Por estes dias discute-se a fixação do salário mínimo em 625 euros, já em 2020, mas também foi esta semana que se soube que, apesar dos fabulosos aumentos, só em 2018 se ultrapassou a fasquia fixada em 1975.


Um trabalho de Sónia Lourenço no Expresso demonstra que “descontando o impacto da inflação, foram precisos mais de 30 anos para superar o poder de compra que [o salário mínimo] garantia em 1975”.


Os 750 euros que o Primeiro-Ministro propôs na tomada de posse para o final desta legislatura são, sem dúvida, um recorde; mas são também o retrato do crescimento anémico e do desenvolvimento pífio da economia portuguesa. Neste indicador, eles são notáveis, estão praticamente ao nível de há 45 anos.

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