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domingo, 3 de novembro de 2019

Chantagens há muitas



Sintomaticamente, Augusto Santos Silva, o intelectual mais capaz da ala anti-socialista do PS, encerrou o debate do programa do governo no parlamento. Sem surpresas, fê-lo insistindo na política da chantagem, chegando mesmo a falar de traição, convocando o espectro do que no PS se apoda de coligação negativa.

Quando Santos Silva fala em imaginárias traições no futuro, eu só me lembro de reais traições no passado recente: das privatizações maciças ao trabalho cada vez mais visto como se de uma mercadoria se tratasse, passando pela socialização, sem contrapartidas de controlo público, dos prejuízos da banca dita privada.

Esta política da chantagem é a declinação nacional da economia política da chantagem com escala europeia. Esta política da chantagem delicia os serventuários do poder de turno, como Manuel de Carvalho no Público: vive obcecado com uma esquerda que já declarou mil vezes morta e enterrada. Há muitos assim, só há gente assim, em posições de poder na comunicação social.

Entretanto, a melhor resposta que eu li a esta política foi dada há uns tempos atrás por Correia Pinto no indispensável Politeia. Fica aqui um excerto de um texto claro e que deve ser lido por todos os que querem manter a consistência estratégica em tempos sempre exigentes:

“A famosa ‘coligação negativa’ não passa de uma invenção do PS para justificar a sua incapacidade de, com as suas próprias forças, pôr em prática uma política de esquerda, por moderada que seja.

Obviamente, a esquerda terá de votar contra todas as medidas de direita que o PS pretenda pôr em prática. Assim será no futuro, como sempre foi no passado.

Se a direita, por oportunismo político, se junta à esquerda nesta rejeição, o PS só terá de se queixar de si próprio. De nem sequer ter conseguido manter a ‘aliança’, tácita ou não, que vinha mantendo com a direita, como aconteceu, por exemplo, no segundo governo Sócrates.

 Apesar de o PS ser o que é, e raramente, pelas suas próprias forças, o que diz ser, a verdade é que o PCP nunca apresentou uma moção de censura a um governo PS, por mais que o tenha combatido no Parlamento e na rua.

Portanto, o grande responsável pelas ditas ‘coligações negativas’ é o PS e não quem desde sempre demarca o terreno sem margem para dúvidas.”


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