Quando não causam mal aos demais, crendices e superstições são geralmente percebidas como loucas e até engraçadas, como o medo de um gato preto cruzar seu caminho, se olhar em um espelho quebrado ou não passar por debaixo de escadas. Mas o que dizer quando a superstição faz com que várias mulheres vivam na pobreza e miséria extrema pelo resto de suas vidas? Infelizmente, esse é o lado feio da superstição e existe em várias zonas rurais de sociedades subdesenvolvidas do mundo e sobretudo da Índia.
|
Nesses fins de mundo, onde é normal acreditar que além de ser um encargo financeiro, as viúvas trazem má sorte. Sério!! Dentro de tais círculos, as viúvas, tanto jovens quanto idosas, são evitadas e forçadas a deixar suas casas.
Seus braceletes são quebrados, a mancha vermelha (marca de uma mulher casada) é apagada da testa e são forçadas a usar somente saris brancos, antes de serem afastadas de suas comunidades. Essas viúvas, milhares de desabrigadas, se reúnem em um só lugar, Vrindavan, onde acreditam que a morte lhes trará a salvação. Então, vão para lá viver em ashrams, aguardando sua vez de morrer.
Infelizmente, a vida nos ashrams da cidade santa de Vrindavan não é exatamente um mar de rosas para as mulheres solitárias e abandonadas. Na verdade, algumas delas são tão pobres que deixam os ashrams e vão para as ruas para mendigar sua comida. A cidade ao norte do país, com uma população de cerca de 55 mil habitantes, tem cerca de 10 mil viúvas hoje. As que não ficam no local recebem apenas uma pequena cota de alimentos por dia, e vivem nas mais pobres das condições. Viúvas jovens ademais enfrentam uma ameaça à sua segurança devido ao abuso sexual e tráfico de seres humanos.
Cineastas como Dharan Mandrayar e Deepa Mehta fazem documentários sobre a situação dessas mulheres, mas são vistos como altamente controversos no país. O filme "Water" ("Às Margens do Rio Sagrado") de Mehta, de 2005, mostra a história da jovem e linda Kalyani, uma viúva que se viu obrigada a vender seu corpo. Foi indicado para um Oscar daquele ano. No entanto, não mudou muito a vida das Kalyanis reais que sofrem as terríveis condições de vida a cada dia
Cineastas como Dharan Mandrayar e Deepa Mehta fazem documentários sobre a situação dessas mulheres, mas são vistos como altamente controversos no país. O filme "Water" ("Às Margens do Rio Sagrado") de Mehta, de 2005, mostra a história da jovem e linda Kalyani, uma viúva que se viu obrigada a vender seu corpo. Foi indicado para um Oscar daquele ano. No entanto, não mudou muito a vida das Kalyanis reais que sofrem as terríveis condições de vida a cada dia
VÍDEO
Algumas pessoas corajosas não desistem e estão trabalhando duro na busca de uma mudança. Uma delas é Mohini Giri, criadora do Guild of Service, uma ONG que ajuda as mulheres pobres e crianças. Viúva aos 50, ela diz que sofreu a humilhação social que advém de ser uma. Viveu momentos em que sua presença foi considerada má sorte, por isso foi convidada a se retirar de casamentos e reuniões.
- "Vivemos em uma sociedade patriarcal. Os homens dizem que, culturalmente, como uma viúva não podemos fazer nada, que somos um estorvo, que nosso cabelo não pode crescer, não podemos nos embelezar nem usar saris coloridos. É a mente da sociedade que precisamos mudar, não as mulheres", diz ela.
Claro, ela admite que seus esforços não são suficientes, precisa de muita ajuda do governo para trazer uma mudança positiva na vida de milhares viúvas e solicita que a mídia conte suas histórias ao mundo.
- "Meu esforço é só mais uma gota no oceano de incompreensão que vivemos, mas gotas e mais gotas podem mudar a direção da maré", diz Mohini.
- "Vivemos em uma sociedade patriarcal. Os homens dizem que, culturalmente, como uma viúva não podemos fazer nada, que somos um estorvo, que nosso cabelo não pode crescer, não podemos nos embelezar nem usar saris coloridos. É a mente da sociedade que precisamos mudar, não as mulheres", diz ela.
Claro, ela admite que seus esforços não são suficientes, precisa de muita ajuda do governo para trazer uma mudança positiva na vida de milhares viúvas e solicita que a mídia conte suas histórias ao mundo.
- "Meu esforço é só mais uma gota no oceano de incompreensão que vivemos, mas gotas e mais gotas podem mudar a direção da maré", diz Mohini.
VÍDEO
Só para que entendam o drama vivido por essas mulheres, saibam o caso de Sondi, 80 anos, cujo marido morreu jovem, e ela teve que criar seus quatro filhos sozinha. Quando o filho mais novo trouxe a esposa para dentro de casa, foi efetivamente a nora que a expulsou, dizendo que era o marido que mantinha a família e que ela era um estorvo para todos e que deveria se virar sozinha.
Ela, assim como a maioria das viúvas, viajou sozinha centenas de quilômetros, deixando amigos e netos para trás, na esperança de encontrar uma vida melhor em Vrindavan, onde as autoridades administram quatro ashrams. Algumas afirmam que os moradores locais as tratam de forma bastante rude e são apenas os peregrinos que ficam felizes em ganhar mérito espiritual dando-lhes algum trocado.
Para a grande maioria dessas mulheres é como se estivessem vivendo em uma terra estrangeira, cheia de vizinhos mal-humorados e ressentidos. Para alguns ali, até mesmo olhar para uma viúva e, mais absurdo, ficar sobre a sua sombra é considerado um sinal de azar e prenúncio de infelicidade.
Ela, assim como a maioria das viúvas, viajou sozinha centenas de quilômetros, deixando amigos e netos para trás, na esperança de encontrar uma vida melhor em Vrindavan, onde as autoridades administram quatro ashrams. Algumas afirmam que os moradores locais as tratam de forma bastante rude e são apenas os peregrinos que ficam felizes em ganhar mérito espiritual dando-lhes algum trocado.
Para a grande maioria dessas mulheres é como se estivessem vivendo em uma terra estrangeira, cheia de vizinhos mal-humorados e ressentidos. Para alguns ali, até mesmo olhar para uma viúva e, mais absurdo, ficar sobre a sua sombra é considerado um sinal de azar e prenúncio de infelicidade.
Fonte: CNN
www.mdig.com.br
Sem comentários:
Enviar um comentário